VIKTOR

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Louise se trancou no banheiro e não saiu de lá desde a leitura da carta de Maly. Os outros ficaram meio parados refletindo um pouco e eu fiquei esperando Lou sair de lá, a fim de confortá-la. Sim, eu sei que é mais provável que ela prefira ser confortada por um zumbi do que por mim, porém não vou deixar de mostrar que estou sempre aqui para ela e por ela.

Mary decidiu sair, nesses momentos, normalmente, ela opta por ir passear com a sua moto pela cidade vazia.  Voltei até a sala e vi que Arturo não estava mais lá e Peter estava focado em camuflar as bombas, uma ótima forma de distração. Assim, como eu tinha dito que iria ajudá-lo, sentei ao seu lado. Calado, apenas peguei um dos explosivos e comecei a trabalhar. Eu não tinha ideia de como confortá-lo, não sabia se era melhor falar ou apenas me recolher na minha insignificância.

"Minhas condolências... Eu não sei mesmo o que te falar, apenas sinto muito pela sua perda, não imagino a dor." Sussurrei baixinho para Peter. O garoto que estava concentrado, parou seus movimentos e fechou seu olhar, parecia que ele estava pedindo a Deus que eu não tivesse dito nada, fico completamente envergonhado.

"Desculpa, eu não queria-"

"Tá tudo bem, obrigado. Podemos focar aqui?" Em silêncio, continuei a fazer o que devia. Nunca vi Peter ser tão frio, mas sei os seus motivos.

Quebra de tempo

Nós já tínhamos terminado as nossas tarefas do dia, todos estavam apenas descansando, jajá o jantar que Arturo estava preparando iria sair. Todavia, Mary ainda não tinha chegado, o que era estranho, pois era tarde. Eu já tinha tentado falar com ela e nada, o que me deixou apreensivo. Assim como eu, todos nós tentamos cotactá-la, mas não tivemos sucesso.

"Nada ainda?" Peter disse saindo do quarto.

"Nada Já chamei pelo walkie-talkie e não acontece nada." Obviamente, já imaginamos o pior, não tem nem como não diante da conjuntura atual. Definitivamente aconteceu algo, e nós não fazemos ideia do que fazer, até pelo fato de estar bem tarde para procurá-la.

"Porra...Será que um zumbi pegou ela? Ela se machucou? Bateu a moto? Capturaram ela?" Louise perguntou

"Calma,  Lou!" Peter disse batendo na mesa o que acabou por chamar a atenção de todos e continuo:

"Gente, não podemos nos desesperar. Vamos devagar. Viktor, você que é mais próximo dela sabe de algo que pode ter ocorrido?" Surpreendido pela pergunta dele, passei as mãos pelo meu cabelo fechando os olhos, buscando nas cavidades do meu cérebro alguma memória que poderia nos ajudar.

"Eu... eu não sei. Isso nunca aconteceu antes, Mary se vira muito bem, não acho que um walker pegou ela...Tenho mais dos humanos do que dos zumbis."

"Mas se não foi uma daquelas coisas foi o que? Qualquer coisa pode ter acontecido!" Peter perguntou pensativo.

"Sinceramente,  eu sei que qualquer coisa pode ter ocorrido, mas algo me diz que foram elas. Nós sabíamos que esse dia ia chegar."

"MALDITAS!!!!!!" Peter grita nos assustando.

"Eu não aguento mais isso!" Lou diz baixo e seus olhos se preenchem de lágrimas. Eu ia passar a mão em suas costas para consolá-la, todavia me seguro para não irritar mais ela, não quero pressionar seu espaço pessoal.

"É claro que é uma hipótese, mas não tem como não pensar nisso..." Falei. Arturo sai de onde estava e vem até nós com uma face neutra.

"Nós já iríamos atacá-las. Independente de tudo, se Mary estiver lá vamos lhe resgatar, mas eu não fico mais um dia parado antes de ir atrás dessas garotas, eu vou destruir as duas." Arturo disse nos olhando, sua voz ressoava ódio e perda, apenas engoli seco e concordei com ele.

"Então,  vamos antecipar a ida. Não podemos arriscar que algo seja feito com Mary. Hoje mesmo faremos o mesmo plano. De acordo? " Peter disse. Todos assentimos e fomos finalizar o que estávamos preparando. Percebo que Lou se retira do local, a vontade é de ir atrás da cacheada, porém era inviável. Todos começamos a preparar cada um  dos detalhes rapidamente, só queríamos destruir logo aquele local e nos vingar de vez. Era horrível viver com o medo de ser atacado por eles, é melhor cortar o mal pela raiz de uma vez por todas.

Peter estava lá fora já guardando tudo na mala do carro que iríamos, assim, fui ajudá-lo. Já estava bem escuro, o tempo perfeito para irmos.

" Eu acho que ela precisa desse tempo." Peter disse enquanto enchia suas armas de munições.

"Que?" Perguntei sem entender do que ele falava.

"Lou, ela precisa de tempo, Viktor. Não force tanto a barra."

"Ja se passaram dois meses, Peter. E dói muito vê-la e não poder tocá-la ou até chegar perto para cuidar."

"Eu imagino, cara... Mas você sabe que vacilou para caralho. Eu sei que teve motivos e entendo eles,  mas compreenda que é difícil para ela discernir a ilusão da realidade. "

"Eu sei... é só que..."

"Eu sei... Mas vai dar certo, seja o que for."

"Eu só quero que ela seja feliz, Peter... E se for longe de mim, que seja... Vai doer muito, sendo que é ela que importa para mim..." Peter solta um sorriso dolorido numa tentativa de me consolar.

"Acho que coloquei tudo." Falei mudando de assunto.

"Perfeito, vou avisar a Arturo para partirmos o mais rápido possível." Vejo a figura de Peter se distanciar e observo Lou na porta que ele havia passado. Seus olhos me atravessam e eu pude sentir dor, muita dor. Era isso que eu trazia para ela... Não mais felicidade. Relutante, respiro fundo e me viro de costas para ela impedindo que a garota visse que os meus olhos marejaram. Naquele segundo eu vi que a menina que eu tanto prezo estava perdendo o brilho por minha culpa, e todo sofrimento que ela carrega está maior por minha causa.

Quem tem zelo deixa ir, e ela precisa se recuperar sem mim. Eu te amo mais do que eu amo a mim mesmo, Louise. Eu irei te proteger, só preciso entender que isso precisa ser feito de longe. Então, é isso... Eu vou parar de te atrapalhar e fazer de tudo para que alcance sua felicidade e brilho novamente, mesmo que para isso eu não esteja ao seu lado te vendo brilhar de perto. Já fico contente em apenas sentir o calor da sua luz a distância.

THE LAST ONES STANDING - CONCLUÍDA - APOCALIPSE AUOnde histórias criam vida. Descubra agora