ARTURO

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A adrenalina corria pelas minhas veias, não poderia não ficar elétrico pensando que minha vingança contra elas estava começando e só terminaria com cabeça das duas na minha mão. Peter foi vasculhar o andar de baixo e eu o de cima. Dessa forma como a casa era enorme,  precisamos ver e analisar com cuidado. Além disso, Lou estava machucada, mas Viktor estava cuidando dela, isso me alivia.

À medida que eu subia a escada de madeira velha, barulhos eram feitos. Parecia que a escada quebraria. Ao chegar lá em cima, estava tudo muito escuro, assim, liguei a lanterna na ponta da minha arma e fui andando cautelosamente a procura de um infectado. Entrei em diversos quartos e estava tudo limpo, até que ouvi um barulho de algo caindo no último quarto do corredor. Prontamente, me posicionei com minha P90 na mão e abri a porta devagar com o pé. Após aberta, não vi nada de longe, deste modo adentrei apontando a lanterna para várias partes do quarto.

O cômodo tinha uma mesa velha,  uma cama toda rasgada e um guarda roupa. Novamente nada, eu estava prestes a me retirar quando vi uma mancha de sangue no chão, um sangue recente e não seco. Assim, respirei fundo e fui com mais atenção até o final do quarto, pois estava vendo apenas por cima.

Devagar, pude notar um pé ao lado do guarda roupa. Assim, fui em passos lentos até lá posicionado com a arma. Finalmente, tenho total vista da cena e me pergunto se o que vejo era realidade. Imóvel, sinto minha respiração falhar e meu coração acelerar. Nesse contexto, minha arma balançava e eu só conseguia encarar o corpo humano na minha frente sentado com os olhos praticamente fechados. Sinto lágrimas caírem antes mesmo que eu pudesse perceber, que porra é essa?!

Sinto que estou preso em um pesadelo interminável.Caralho o que é isso. Ainda sem entender, sinto a minha arma se soltar de meus dedos caindo no chão. A menina na minha frente estava com o olho esquerdo inchado e latejando sem abrir, olheiras profundas, boca e pele pálidas e secas, praticamente anêmica. Além disso, a sua pele estava coberta de cortes e machucados roxos e a sua mão com um buraco que ainda caia sangue, provavelmente o sangue que eu vi ali atrás. Sua figura estava encolhida como se estivesse se escondendo de algo, e, finalmente, seu olho direito se abre mais e parece brilhar. Eu não posso acreditar.

"Art-uro" Ela disse fazendo uma força para alcançar meu pé, mas sem ter muito feito.

"Não pode ser... Eu estou delirando... Isso é loucura!" Com lágrimas imparáveis comecei a me mover pelo quarto nervoso, fechei meus olhos no centro do ambiente e segurei meus cabelos repetindo baixinho:

"Para, por favor... Para de me dar esperança do impossível, para de me iludir, para, para para..." Comecei a soluçar e cai no chão aos prantos. Ainda de olhos fechados me recuso a abri-los, tenho medo de ver a realidade de novo. A realidade dura que me atormenta e consome a cada dia. Um mundo que eu não quero viver. Quando pareço conseguir dar um passo para frente, algo vem e me puxa de novo para aquele vazio, no qual me mantive preso por tempos.De repente, sinto um toque leve na minha bochecha, tal toque me causou arrepios intensos, e, mesmo assim, eu ainda não levantei minha visão, eu não vou.

"Não, por favor... Eu não aguento mais... Para de alimentar isso, por favor..." Eu estou vulnerável, eu odeio isso, mas diante disso é impossível não ficar assim.

"Arth, é real. Eu estou aq-ui de verda-de. Olha pra mim, por favor." Essa voz, está real demais para ser mais uma ilusão, mais um fruto da minha cabeça. Lentamente, levantei minha cabeça do meio das pernas e abri meus olhos encarando ela.

"Clair-e, é você mesmo?" Fiquei nervoso, não queria que ela sumisse como das outras vezes. Esses meses foram tormentos, sua imagem me persegue e some junto com o vento inúmeras vezes desde aquele dia. A menina pegou minha mão com leveza e pôs no seu rosto.

"Sim, Arth... Eu estou aqui." Sentindo o calor da sua pele, finalmente pude me permitir. Puxei seu corpo para o meu através de um abraço saudoso, peguei sua cabeça com um braço e as costas com o outro. Eu só choro segurando ela nos meu braços, eu não posso acreditar nisso. A garota me abraçava levemente e eu podia ouvir um choro dela de volta.

Ficamos abraçados por um bom tempo, até que ela se distanciou um pouco de mim. Observei sua face novamente, era ela realmente. Peguei seu rosto e analisei mais uma vez lhe puxando para um abraço forte de novo e dando um leve selar na sua testa, o que sempre foi nosso costume.

"Oh Claire, eu estava com tanto medo, eu achei que você tinha morrido e me deixado aqui. Eu não pude te proteger, me desculpe por favor, irmãzinha. Me perdoa, por favor... Eu estou com tanta saudades, pensei que tinha me abandonado."

"Eu estou be-m, Arth. Independentemente de tudo não se culpa, por favor."

"Claire, o que houve? Como isso aconteceu? Eu te vi ser mordida na minha frente e um tiro depois... Eles me seguraram e eu não pude te ajudar, me desculpa por favor. Eu nunca na minha vida vou deixar fazerem algo de novo contigo, eu juro."

"Aconte-ceu muita coisa, Arth... Eu tenho m-uita coisa para te fal-ar.E eu lembro que te seguraram, não fica se mart-irizando, eu estou aqui não estou?" A garota disse e suas palavras saíram com dificuldade. Assim, me afastei novamente analisando todos os machucados e cortes no corpo da minha irmã. Seu estado era deplorável, sinto a raiva me consumir por inteiro e lhe perguntei enquanto analisava seus machucados.

"Quem fez isso com você, Claire?! Você está toda cortada e com um cara nada saudável. E seu olho?! Quem fez isso?! Eu juro que eu vou matar essas filhas da mãe!"

"Tá tudo bem, eu só preciso des-cansar um p-ouco." A garota disse me olhando, pude sentir que o seu aperto no meu corpo estava folgando, assim, olhei para ela e vi seus olhos se fechando.

"Ei, ei! Olha pra mim, não fecha os olhos, tá? A gente vai cuidar disso, eu prometo. Eu não vou te perder de novo, Claire. Eu te amo muito." A garota abriu os olhos de novo, mas eles logo iam se fechar, eu podia ver como ela estava fraca.

"Eu só pr-eci-so dormir. El-a tirou muito sangue meu hoje e acabou me batendo, aqui no olho, porque eu fui no ban-heiro sem autorização." A garota disse à medida que seu corpo ia caindo. Prontamente peguei suas costas, e lhe puxei para ́ perto colocando sua cabeça no meu colo.

"Eu juro que eu vou caçar ela, Claire. Eu vou acabar com a vida delas e vou te vingar, ok?" Eu falei olhando no olho dela, o qual já estava se fechando.

"Porra, abre o olho, Claire!" Todavia, dessa vez sem resposta. Ela estava apagada, rapidamente fui sentir seu batimento e eles estavam fracos, mas lá. Dessa maneira, gritei por ajuda.

"Peter, Viktor, Louise, Socorro, Por favor, Socorro!" Chorando alto pedi ajuda aos meus amigos. Olhei novamente para o rosto no meu colo e sinto um alívio me consumir, obrigada por isso. Agora, mais do que nunca, eu vou destruí-las. Mas como ela está aqui se eu vi ela ser mordida por um zumbi na minha frente?! Inúmeros questionamentos surgem, mas deixo todos para depois, uma vez que a coisa que mais me importava voltou para o meu lado e nem vai mais nem tão cedo, só por cima do meu cadáver. E agora, mais do que nunca, eu nunca tive tanta sede de vingança.

THE LAST ONES STANDING - CONCLUÍDA - APOCALIPSE AUOnde histórias criam vida. Descubra agora