– Ethan está aqui e está olhando para cá...– ela repete devagar e analisando minha reação.
Meu corpo gela e eu prendo a respiração, me enchendo de expectativas.
Ainda não respondi sua mensagem e o mais perto que cheguei dele foi ter um sonho erótico que deixou minha cabeça ainda mais confusa e minha calcinha arruinada. Encontrar com Ethan iria acontecer em algum momento, mas eu não imaginava ser pega tão desprevenida. Odeio ser pega sem nenhum preparo psicológico para qualquer coisa. Eu imaginava que nos veríamos novamente em alguma aula particular ou nos esbarrar em algum corredor aleatório da faculdade.
Não que encontrar com ele me assuste, mas confesso que não sei como agir.
Normalmente eu apenas jogaria meu cabelo para o lado, escondendo o máximo possível do meu rosto para evitar contato visual e dar uma desculpa qualquer depois. Ou mexer no celular para alegar que não vi a pessoa conhecida. Normalmente é o que eu faria. Mas nada do que acontece em relação a Ethan Miller corresponde ao meu normal. Então indo contrário a todos os meus instintos, eu me viro para olhar o jogador. Seus olhos são cravados nos meus no mesmo momento.
Luísa me disse quando Ethan chegou, mas esqueceu de dizer que estava nos encarando com muita seriedade. Sua feição está fechada como se visse algo que o deixa com raiva, o que me faz franzir o cenho ainda mais confusa. Em nossas interações, ele nunca deixou de sorrir cordialmente para mim. Ele sempre me pareceu muito fechado, mesmo nas fotos do time espalhadas por toda a faculdade, mas nunca deixou de sorrir para mim.
Um gosto estranhamente amargo ameaça subir pela minha garganta com medo de eu ter feito algo muito errado e ele me odiar.
Eu detesto ter qualquer clima ruim com alguém, mesmo que esse alguém não seja tão influente na minha vida. Mas Ethan é alguém influente?! Eu me perguntava isso quando seu olhar muda para algo que eu nunca vi ele direcionar para mim: indiferença. Vejo tudo em câmera lenta. A forma como fecha os lábios com força, como se calasse suas próprias palavras. Sua sobrancelha relaxando e seus olhos se distanciando de mim. Uma indiferença totalmente contrária a tudo o que parecia sentir quando estávamos trancados em um quarto e ele tinha acabado de me defender. Totalmente contrária de quando pôs seus braços ao meu redor, me prendendo em seu carro. Diferente de quando seu corpo estava no meu e sussurrava o quanto eu era perfeita. Eu nunca vi essa indiferença nele e nunca pensei que iria me importar se visse.
Ele se volta para a recepcionista e paga o que quer que tenha comprado e vai embora sem ao menos me dar uma olhada final.
Seu olhar frio me deixou ainda mais gelada e só percebi que ainda estava prendendo a respiração quando vai embora, sem ao menos me dar um olhar final.
–O que foi isso? – Luís indaga
– Estranho, não é? – eu respondo feliz de não ter sido a única a perceber algo esquisito em sua atitude
– Você que tá estranha – levo um instante para perceber que ela se referia a mim e não ao fato do jogador ter me ignorado. – Desde quando você encara um conhecido na rua e ainda espera que fale com você? Ainda mais sendo um jogador de quem você quase estava fugindo? –
Sua voz transmite ironia e ela tem um sorriso contido nos lábios.
– Vamos embora?! – eu digo com o gosto amargo ainda presente na minha boca– Ainda tenho que me preparar para a monitoria de amanhã.
– Outro jogador? – diz animada
– Não! Dessa vez apenas um mero mortal –
Ela ri e recolhe suas coisas para irmos embora
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Reconhecendo o Amor
RomanceEla chamou a atenção dele desde o início! Não eram só as curvas, a pele que parecia suave ao toque ou os cachos perfeitos que emolduravam seu rosto, mas era uma luz própria que atraia a todos mesmo que não percebesse. Observar não foi suficiente. El...