Capítulo 5

360 51 6
                                    


–Quer uma carona? – Ethan fala na saída da biblioteca quando estamos nos despedindo e eu tentando pegar minha bolsa de volta. Quando a aula se encerrou, além de pegar na minha mão para me ajudar a levantar, ele insistiu em levar também as minhas coisas porque de acordo com ele estava levando coisas demais.

Ele parece se divertir levantando minha bolsa porque sabe que não vou alcançar devido a nossa diferença de altura.

– Não moro longe. –

– Mas você não disse que não vai para casa agora? –

Durante nossa conversa acabei soltando que faço aula de dança e que iria para lá quando nossa aula acabasse.

– Não precisa se incomodar, Ethan. Chego rapidinho de ônibus.

– É no caminho de onde eu moro, então não vai ser problema nenhum. – ele diz e já vai me guiando com uma mão nas minhas costas e ainda com a minha bolsa. Nem consigo protestar e só sigo em silêncio.

Na verdade, eu poderia ficar um pouco distante dele agora porque meu corpo parece ciente demais do seu. Ele sutilmente deixou sua mão na curva da minha coluna e segue firme ali mesmo que eu não faça mais nenhuma objeção. Ele abre a porta do carro para que eu entre, apoia minha mão para que eu suba e só quando dá a volta no carro para sentar no banco do motorista, ele devolve minha bolsa.

Seu carro é um jeep renegade cinza. Tem bastante espaço por dentro, mas me sinto um pouco abafada. Ele deve ganhar uma boa mesada dos pais. Será que o carro foi presente de formatura?

– Você vai no jogo da semana que vem? Nosso time tem ganhado várias partidas. –

– Eu soube, mas não gosto de jogos de futebol.

– Sério? Seria legal ver você lá. Poderia torcer por nós.

– Acho que torcida é a última coisa que te falta –

Imediatamente me lembro da menina na lanchonete que se jogou no colo dele. Definitivamente torcida não vai faltar.

– E o que vai fazer no fim de semana? – ele tenta puxar assunto

– Vou em um sarau de poesia e em uma festa.

– A festa Kappa?

– Sim

– Então vamos nos ver lá.

É claro que eu sabia da possibilidade dele estar lá. Os atletas costumam ir em todas as festas, mas nunca me deparo com eles porque geralmente só vou para dançar e passar um tempo em algum canto conversando com alguns colegas. Geralmente os atletas ficam jogando jogos de bebida ou nos quartos fazendo coisas que eu prefiro nem pensar.

– Ou talvez não – tento desconversar – Porque vou assistir uma apresentação de um amigo antes. Vou para festa só depois.

– Se quiser posso te levar. – ele me surpreende de novo – O sarau vai ser no café da faculdade, não é? Posso passar lá para te buscar e levar para a festa –

– Ethan, não tenho problema em pegar um carro. Vai ser rapidinho de um lugar para o outro. Só não vou andando porque não quero andar pelo campus sozinha à noite.

– Os motoristas de aplicativo também não são sempre confiáveis, principalmente à noite. Além do mais, você diz que é rapidinho, mas também disse que chegaria na sua aula rapidinho e já estamos aqui há um bom tempo. Aposto que iria se atrasar se não fosse minha carona –

– E você tem esse tempo todo para ficar gastando comigo? – minha pergunta sai mais ácida do que eu gostaria porque realmente não entendo o que leva alguém a gastar tanto tempo com quem não conhece.

Reconhecendo o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora