• Capítulo 43 •

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Trysney | 2016

Sarah tinha acabado de dormir, depois de horas mamando e resmungando. Era um alívio, saber que o silêncio reinava e que Natasha teria umas horinhas de descanso. A pequena Romanoff fazia um mês de vida, mas Natasha achava uma idiotice fazer mêsversário. 

Como Wanda não estava presente e Maria provavelmente dormia nesse horário, Nat tomou um bom banho de banheira e sentou-se em frente aos livros para estudar. Ela não imaginava que fosse conseguir manter o ritmo que estava levando por muito tempo, era exaustivo e com poucas horas de sono.

Com apenas vinte e três anos, sua vida se resumia em: cuidar da filha, estudar para faculdade, trabalhar e descansar por três horas. Criar Sarah exigia bastante, continuar os estudos garantia um salário melhor para tomar conta de Sarah, trabalhar era o que comprava as coisas para Sarah e descansar umas horas fazia a mãe de Sarah não morrer antes dos trinta.

Depois de ler e anotar algumas coisas, Natasha decidiu que era melhor dormir ou ficaria muito sonolenta durante o resto do dia. Ajeitando a pilha de livros no lugar de costume, se esparramou na cama com o corpo pesado. Pegou o celular para ver o horário e acabou notando uma mensagem de Yelena.

“Boa madrugada aí em Trysney. Como as coisas estão?”

“Bem, na medida do possível. Sarah está dormindo agora”

“A pequena está te dando um descanso, finalmente. Eu ia te ligar, mas Maria disse que você estava ocupada com a Sarah. Não quis atrapalhar”

“Ela é gulosa, prefere explodir de leite do que soltar o meu peito e dormir”

“Você está bem? Dizem que dói amamentar” 

Yelena mandou dois emojis com cara frustrada esperando a resposta de Natasha.

“Estou bem. Acho que eu poderia passar o dia inteiro a cheirando, sem brincadeira”

“Eu ainda estou brava com você, mas quero muito conhecer minha sobrinha”

“Enquanto você estiver em Londres nunca poderá conversar comigo. Eu tenho uma filha, Yelena. Minhas prioridades mudaram. Eu não posso largar tudo para ir atrás de você só porque está de birra”

Pela demora para responder, Natasha a tinha feito perder as palavras por um instante.

“Está falando que nem a mamãe, pare com isso. Eu não tenho mais nove anos”

A partir dessa resposta, Yelena voltou a desaparecer do online e ignorou Natasha com algumas mensagens. A irmã não teve outra alternativa a não ser suspirar e jogar o celular para longe.

Ela estava falando como Melina? Se estava, era porque Yelena merecia. Considerando que Natasha teve que assumir um papel de responsabilidade maior depois que os pais morreram e agora era oficialmente uma mãe, ela tinha o direito de se sentir chateada.

Sua mãe falaria algo do tipo mesmo, talvez até mais discursivo, mas falaria. Melina explicaria por horas, de forma firme e sem elevar muito da sua voz, que as atitudes que as duas tomavam eram equivocadas.

Saber que de algum lugar, qualquer que fosse, sua mãe ainda zelava pelas duas criava um grande bolo em sua garganta. A gravidez tinha acabado, mas seus hormônios ainda precisavam se regular, então em questão de segundos ela estava muito emocionada.

Com lágrimas caindo de seus olhos, Natasha abriu a gaveta da cômoda e pegou o envelope amarelado. A caligrafia redondinha de Melina a deu gatilho.

Minha Natalia, 

A mamãe sabe que você só vai ler isso quando sentir que é a hora, diferente da sua irmã, que eu tenho certeza que quando pegar a carta vai ver tudo na hora.

Sua filha, Sarah | RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora