Mascarada e Misteriosa

Misteriosa e Mascarada

   Sumeru era conhecida em toda Teyvat como a terra do conhecimento, guiada pela mais sábia das arcontes: a Lord Menor Kusalani. Ninguém sabia muito bem o motivo dela ser chamada assim, na verdade, ninguém sabia nada sobre a deusa. O que o povo via e sentia no seu dia a dia eram as ordens da gloriosa Academia, tudo o que a instituição decretava virava lei, seus Matras mantinham os pesquisadores e o povo na linha.

  Ou melhor, quase todos.

  Faziam décadas que as artes foram tornadas ilegais, em especial a dança por ser considerada uma completa inutilidade, que só fazia cidadãos terem sua busca pelo conhecimento desviada para movimentos insignificantes. Depois da música, o teatro era considerado uma má influência  pois contava histórias que não existiam, em outras palavras iludia o povo com mentiras.

  Só que um grupo de artistas resistia a essa lei: a trupe mascarada do teatro Zubayr.

  Não demorou muito para eles serem decretados como traidores da nação, e colocados no topo da lista de criminosos mais perigosos que a Matra deveria caçar, sendo o principal encarregado dessa caçada o general Mahamatra, o qual naquele momento era Cyno. Seu antecessor se aposentou com a amargura de ter falhado com o grande Sábio e não ter conseguido prender a trupe de criminosos. Cyno estava plenamente convencido de que obteria sucesso onde seu antecessor falhara, e finalmente poderia colocar seus esforços em investigar crimes de verdade.

   Assim começou o Samsara na vida dele, repetitivo, e com os mesmos resultados, noite após noite.

   Ele ficava de tocaia junto com seus soldados, a espera que os criminosos do teatro Zubayr aparecessem para iludir a população com suas danças complicadas, música improvisada, roupas esvoaçantes, e o principal: suas máscaras. Pelo que descobriu em sua investigação, cada máscara pertencia a um personagem lendário de Sumeru. Havia as jinn, a mãe das Jinn, o rei Deshret, Aranara- esse tinham vários, aparentemente eram os músicos- a própria Arconte, dentre vários.

  Só que dentre essa multidão colorida havia uma que sempre se destacava, era a rainha das flores. 

  Ela era graciosa, ágil, e possuía habilidades soberbas com a espada. Era ela quem distraia todos os Matras os enfrentando para que seus comparsas pudessem fugir. Nem mesmo ele com seus poderes concedidos pelo espírito lobo, conseguia chegar perto dela. Toda noite perseguia essa mulher, que estava mais próxima de uma miragem do que de alguém real, e toda noite ela sumia como não fosse mais do que uma neblina. Ele nunca conseguiu segurar nem mesmo um pedaço das roupas dela. Ela era um fantasma que o atormentava desperto, e ultimamente vinha o assombrar em seus sonhos também.

  Era seu segredo, não só ele fazendo algo tão infantil como sonhar como era com uma criminosa, possivelmente muito linda, mas não menos criminosa por isso. A deusa das flores sempre parecia estar olhando para ele, como se quisesse ver o que guardava em sua alma - certamente ficaria decepcionada, ele não tinha nada de mais- e parecia dançar e sorrir especificamente para ele. Toda noite quando a perseguia, tinha a sensação de que para ela isso era como uma brincadeira entre amantes. Ela gargalhava, as vezes parava para o esperar se aproximar, depois sorria e sumia, até chegava  ao ponto de fazer passos de dança para ele.

  Quem era aquela mascarada? Sua personalidade real seria como a que mostrava para ele? Ou será que o fato de estar usando uma máscara a fizesse representar um papel? Ela mostrava a si própria ou a Rainha das Flores? E o mais importante, qual das duas era quem ele queria encontrar de verdade?

  Noite após noite essas perguntas o atormentavam. Cada vez que se encontrava com sua dançarina misteriosa, sentia seu coração ficar acelerado, as vozes em seu entorno ficavam distantes - as vezes não passando de meros ecos longínquos-  e o resto do mundo não existia.