A batalha pela arte

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  Faziam três gerações que todos os membros da Trupe Mascarada sonhavam em se apresentar num palco de verdade e, eis que tal dia chegou! O dinheiro aparentemente infinito do Bey financiou o maior palco feito na história da nação - ou pelo menos era o que foi divulgado na hora de vender os ingressos, como todos os registros artísticos estavam trancados na sessão proibida da Akademya, não havia como checar a informação.

 Além do tamanho da estrutura havia também a riqueza de detalhes dos cenários, os quais mais pareciam obras de arte do que elementos cênicos; os figurinos chiques criados por Chiori; os instrumentos novos comprados para todos os músicos; uma miríade de almofadas e tecidos semi transparentes espalhados pela arquibancada, e, para finalizar, uma plateia lotada sendo sendo servida das mais finas bebidas e quitutes enquanto o espetáculo não começava.

 Ao contrário do que era de se esperar numa ocasião tão definitiva quanto aquela, Nilou estava tranquila, sua fé em sua Arconte era absoluta, e, mesmo que não fosse, Cyno, Kaveh, seus camaradas da Trupe, ela mesma, e até mesmo o pessoal do cartel não seriam facilmente derrotados por Azar.

 A matra era forte mas era uma só, já eles eram muitos e todos coordenados num mesmo objetivo.

 Para não assustar o público pagante, o Bey ordenou que o dragão mecânico ficasse escondido atrás do palco, coberto por uma lona. Por mais que a desculpa usada pelo chefe do cartel fosse crível, Nilou ainda desconfiava que ele sabia que a matra atacaria naquele dia, o que a fez pensar que não era só a matra que tinha um infiltrado.

 A situação parecia um romance noir de Fontaine.

  - Gostaria de cumprimentar a Rainha das Flores.

  - Impossível senhora, não é permitido o contato de ninguém com a Trupe.

  - Ora, eu pago o dobro por isso.

  - Não sou eu quem faz as regras.

  - Então chame quem as faz.

 Esse diálogo intenso acontecia perto do palco, e a voz irritadiça que demandava a oportunidade de ver Nilou, era muito familiar, assim a dançarina se arriscou a dar uma espiadinha, se deparando com Dunya. A amiga não parecia nem um pouco feliz, provavelmente irritada por descobrir que sua recomendação para a viagem a Fontaine não só fora ignorada, como Nilou fez questão de se colocar num risco ainda maior...

 É, Dunya tinha direito de estar brava.

 Não demorou muito até que Dori aparecesse com alguns capangas, o guarda que estava discutindo com Dunya cochichou algumas palavras no ouvido dela, então a assistente do Bey deu um sorriso levemente assustador enquanto respondia:

  - Claro que será possível, como é que eu não pensei antes numa ideia tão boa quanto encontros VIP?

  - Então posso entrar?

  - Só depois de pagar.

 Ouvir uma negociação sobre quem teria o direito de se encontrar com ela, sem sua vontade ser levada em conta, fez um arrepio cruzar o corpo da dançarina. Se antes ela desconfiava, agora tinha certeza de que para o cartel, a sua Trupe era um apenas recurso a ser explorado até a última gota, assim como a Akademya fazia com as minas de ferro de Sumeru

 Já dizia sua mãe, vender a alma para um Ifrit* custa caro demais.

 Voltou correndo para seu camarote privativo, se apressando em arrumar os detalhes de sua roupa para que ninguém percebesse que ela estava espionando tudo o que aconteceu. Até mesmo fingiu surpresa na hora que Dori e Dunya abriram sua porta. Como sua identidade verdadeira era um segredo - ela chegou a dormir de máscara na noite anterior- usou o máximo de sua capacidade de atuação para fingir que desconhecia a amiga.

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⏰ Última atualização: Oct 19 ⏰

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