Almoçando com o general

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  Nilou acordou e ficou olhando o teto por um tempo, pensando que teve um sonho muito louco em que foi pega no flagra dançando por Cyno, e ele ao invés de prendê-la, a acompanhou pela floresta enquanto compartilhavam uma conversa animada. É, sua imaginação estava fora de controle, nunca que o descendente dos juízes do rei Deshret, iria burlar a lei por alguém como ela.

  A Nilou de verdade não era a glamourosa Rainha das Flores, era só uma mulher comum, que passa despercebida pela multidão.

  Ter sonhos assim a faziam sofrer, pois alimentavam nela uma esperança vã de que Cyno a reconhecesse, e por um milagre se interessasse por alguém tão pacata. O absurdo de sua imaginação não parava por aí, quanto mais analisava a situação, menos provável se tornava.

  Ele jamais iria aceitá-la com suas atividades ilegais!

  E ela jamais desistiria de sua arte.

  Se virou para o lado para achar uma posição mais confortável para continuar seus pensamentos. A parede de seu quarto não era da cor chumbo, mas sim azul claro, foi aí que percebeu que aquela não era a parede de seu quarto, e pensando bem, ela não se lembrava de como tinha voltado para casa.

  Será que ela não estava na casa dela?

  Se levantou um pouco e olhou o ambiente. Era um quarto pintado num tom de chumbo, o qual continha um armário cedro todo esculpido com formas de raízes, uma cortina de um cinza escuro feita de um tecido bem grosso - o qual deixava o ambiente bem escuro- vários pôsteres de TCG colados na parede, e numa escrivaninha estava algo que ela reconheceu de seu sonho: o começo de uma maquete.

  Era o quarto de Cyno!

  Inacreditável!

  Então seu sonho não era um sonho, mas as lembranças de algumas horas atrás! Isso fez o coração dela disparar, e suas bochechas ficarem quentes. Ela teve uma conversa amigável com o general, e não só isso, ele se divertiu com ela! Sua mente logo se animou, passando a construir as mais belas esperanças.

  Percebeu que a cama que ela estava era a que ele dormia, e logo se imaginou acordando ao lado dele. Voltou a se deitar, escolhendo um dos lados da cama para ser o dela. Sentiu a maciez do colchão e do travesseiro, comparando com sua cama dura e barata.

  Aí a realidade voltou.

  O que as pessoas diriam quando soubessem que o general estava saindo com uma mulher como ela?

  Provavelmente diriam que ela estava o usando para subir na vida...

  A opinião do povo não costumava ser importante para ela, afinal já falavam seus pais que " o povo tem a língua ferina", mas o que era sussurrado poderia influenciar os amigos do general, os pais dele, e até mesmo ele...

  Era um tema que ela não conseguiria resolver naquele momento, então deixou para o lado. Sem pensar muito no que estava fazendo, se pegou cheirando o travesseiro para ver se o cheiro dele estaria lá, e estava mesmo. Quando percebeu o quão esquisito era o que estava fazendo, se forçou a se levantar da cama e se afastar o máximo possível de lá.

 Foi assim que ela saiu do quarto.

  Ainda meio atordoada -quase que em um transe- não percebeu como era a decoração da casa, nem mesmo a vista da floresta e do rio que era uma dádiva de um local tão privilegiado como o que o general comprou, não, tudo o que ela viu foi Cyno ocupado em arrumar a casa. Ele estava sem o seu capacete de chacal, com os longos cabelos brancos meio desalinhados, e a franja insistindo em cair no rosto dele.

  Era um pequeno vislumbre do homem por trás do cargo de general.

  Um raio de luz iluminava a cena do general carregando uma quantidade indefinida de maquetes, deixando muito visíveis os músculos do braço dele. A imaginação descontrolada da dançarina logo criou a imagem dele a carregando para a cama, foi tão vívido que ela podia sentir o toque dele! O que a deixou desconcertada, por um momento, então tentou quebrar o feitiço que sua própria mente tinha criado, falando com ele.

Mascarada e MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora