Mascarada e Misteriosa

Uma lei criminosa

  Sua noite com a Rainha das Flores foi um sucesso e uma derrota.

   Sucesso porque conseguiu encontrá-la, e fazer algo tão inocente quanto explorar o Alcansary. Isso o fez lembrar de sua infância no deserto, quando ele e Candice faziam apostas de quem conseguiria chegar ao centro das ruínas primeiro. Quantas vezes eles se trancaram sem querer e tiveram que ser resgatados por adultos furiosos, que brigavam muito sérios, e os colocavam de castigo? Mas na semana seguinte, lá estavam os dois de novo em suas aventuras!

  Mas mesmo a atividade de exploração sendo a mesma, o momento ao lado da dançarina teve um clima completamente diferente. Primeiro que ao invés de ruínas, o palácio do Bei estava inteiro em seu momento de maior glória e riqueza, então ele não precisava imaginar como tal lugar havia sido, apenas se ocupando de observar a ostentação presente em todos os lugares. Além disso, não haviam mecanismos para destravarem, nem mesmo armadilhas para os prenderem. Só uma série de cômodos cada vez mais ricos, prontos para serem apreciados.

  A dançarina entrava, olhava e mexia em tudo, mostrando para ele as coisas que achava mais interessantes, ao que ele dava sua opinião. No quarto dos tecidos, ela pegou todos e colocou meio que contornando seu corpo, ele questionou se ela estava brincando de fantasma, ela gargalhou, e depois disse que estava vendo o caimento do tecido para talvez comprar um para si. Ficaram muito tempo ali vendo todos os tecidos do lugar. Ela tentava não dar indícios de qual deles preferia, mas ele notou que o olhar dela sempre voltava para um rolo de seda azul turquesa de Lyue.

  Fez questão de gravar isso em sua mente, pois era mais um dos fragmentos que ela deixava escapar de sua verdadeira personalidade. E ele estava mais do que empenhado em montar esse quebra-cabeças.

  Assim a noite pareceu passar mais rápida do que um cochilo entre um trabalho e outro.

  Agora a noite tinha sido um fracasso por vários motivos, sendo o principal a sua falha em se mostrar confiável para a dançarina, ao ponto dela querer terminar seus encontros mensais que nem bem tinham começado!

   Além disso, durante o banquete, ele ouviu as conversas de todos os membros do cartel do Bei, e descobriu onde estavam vários dos trajetos usados para o tráfico de livros proibidos, e até mesmo onde ficavam alguns dos depósitos, mas não poderia mandar fazer nenhuma busca e apreensão neles por não ser uma prova conseguida de maneira legalizada.

  Mas isso não era o pior. 

  Cyno ouviu da boca da própria assistente do Bei, a tal Dori- que deveria ser um nome falso - que a maior parte dos lucros do cartel estavam em...

  Roubar relíquias das ruínas do pais?

  Vender conhecimento proibido engarrafado?

  Trazer produtos populares por rotas que passavam longe da alfândega e dos impostos?

  Nada disso!

  Os lucros que financiaram a construção do palácio mais luxuoso da nação, foram feitos através do tráfico de... light novels de Inazuma, folhetins detetivesco de Fontaine, quadrinhos sobre reencarnar como uma vilã num livro, uma peça trágica de Snezhnaya sobre cisnes, e uma série de livros sobre um clã de guerreiros marciais de Lyue.

  Seu trabalho era uma piada!

  Tantos crimes sérios acontecendo em Sumeru, e lá estava a Matra atrás de uns pobres coitados que só queriam dançar, e outros que só queriam ler uns livros divertidos!

  Cyno passou o dia seguinte ao banquete cheio de frustração e raiva de si próprio, tendo no meio disso, alguns momentos em que se lembrava das coisas que fez junto com a dançarina, o que acabava aumentando seus sentimentos negativos logo em seguida. Estava tão centrado em seus problemas, que nem lia direito os relatórios, ou mesmo prestava atenção no que comeu no café da manhã, no almoço, e para o espanto de seus amigos, nem mesmo a partida de TCG o fez recuperar seu ânimo.