Um encontro inesperado

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    A cabeça de Cyno estava a milhão.

  Ele passou um dia inteiro intercalando os pensamentos entre: a lei contra as artes era uma farsa, e tentando lembrar de todos os rostos que via na cidade de Sumeru, numa tentativa de colocar um rosto na sua mascarada, e falhando no processo. Nenhum desses rostos de desconhecidas pareciam ser corretos, sua dançarina era mais... ele nem sabia qual adjetivos usar, mas ela era especial.

  Talvez ela estivesse certa, e ele de fato estivesse apaixonado por uma ilusão.

  Não, ele queria estilhaçar a ilusão e descobrir quem ela era de verdade. Qual era sua verdadeira personalidade, seus gostos além de arte, a história dela, e até mesmo os defeitos dela, pois todos os humanos os têm. Uma vez, nas raras ocasiões que falava de amor, Candice disse que:

  - Nós não amamos mesmo com os defeitos, nós amamos por conta dos defeitos, por mais contraditório que possa parecer.

  Na época, Cyno quase não prestou atenção nessa conversa, estava apenas cumprindo sua função de amigo ao dar seu ombro para a outra chorar um amor não correspondido, mas agora se arrependia disso. Ele sempre achou sua missão de equilibrar a balança da justiça, ocuparia todos os momentos da sua vida, e que purgar os crimes era a única coisa que poderia trazer satisfação para ele. Que burrice da parte dele.

  Se focar tanto em uma coisa só, quase tirou a humanidade dele.

  Por muito tempo, tudo o que podia se interessar era na próxima missão para prender - e punir- criminosos, e isso se transformou em seu mundo. Não sabia como conseguiu manter suas amizades durante esse período, pois tudo o que conseguia falar era nos crimes que decifrou, e em como havia punido os meliantes.

  Por incrível que pareça, o que o tirou desse mundo fechado foi o TCC, o qual foi introduzido a ele como um mero jogo de estratégia, no entanto, mal ele começou a jogar e descobrir a história das cartas, ele percebeu que havia muito mais coisas envolvidas. Um dia ele até se pegou comparando a evolução das artes das cartas. Não só isso, a história do jogo remetia a seu lugar de nascimento, o que lhe devolveu seu entusiasmo de infância com as ruínas, e com a história do rei Deshret.

  Ele até mesmo tinha comprado vários livros de arqueologia!

  E com a permissão da Akademya tinha montado uma maquete da antiga capital do deserto, para o que ele disse ser uma pesquisa, mas que era na verdade apenas para decorar o seu quarto. Foi a primeira de muitas, e não só do deserto, ele percebeu que gostava do processo de montar maquetes, começando a montá-las em segredo, e de lugares até mais distantes.

  Seu projeto atual era ambicioso - e levemente blasfemo também- queria montar uma maquete mais fiel possível à Kaenri'ah, tendo como base alguns livros que ele conseguiu pegar na parte restrita da biblioteca da Akademya.

  Chegava a ser irônico que até o general Mahamatra, estava atolado até o pescoço em atividades artísticas ilegais.

  Sua Mente estava tão lotada de pensamentos sufocantes, que precisou pedir uma licença médica ao Grande Sábio, para o que ele disse ser uma crise de sobrecarga de trabalho, mas que na verdade era uma desculpa para ficar uns dias em casa fazendo nada, enquanto colocava seus pensamentos em ordem. Mas não conseguiu fazer isso, pois as palavras de Kaveh ecoavam em sua mente:

  - Um mês passa voando.

  O arquiteto estava certo!

   O que fez com que o general criasse forças para sair de sua cama, se vestisse, pegasse sua lança, e fosse andar pela cidade. Caminhou sem rumo por um bom tempo, até perceber que estava na floresta numa área densamente povoada por fungae. Ele começou a transmitir energia Electro para dar um golpe que eliminaria todos, quando ouviu a voz de Tighnari:

Mascarada e MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora