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I bought a ticket to the world
But now I've come back again
Why do I find it hard to write the next line
Oh I want the truth to be said

Spandau Ballet

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    O dia do resultado havia chegado.

    Os resultados de sangue estavam prontos fazia uma semana, mas como ambos não queriam criar expectativas antes, esperaram mais uma semana até os três laboratórios que fizeram os testes estarem com todos os resultados prontos.

    Eris e Azriel gastaram um dinheirão com os testes de DNA, mas não foi um gasto à toa. Eles precisavam de respostas, precisavam saber o que fazer a partir do momento que recebessem os resultados.

    O resultado positivo para Lucien afetaria somente na questão de ter se envolvido com seu meio-irmão. A culpa existiria para sempre e os sentimentos intensos também, ele gostava de Azriel, mas aprendeu a gostar mais de si mesmo.

   O resultado positivo para o Azriel mudaria tudo. A vida não seria mais a mesma, tudo que acreditava iria desmoronar na sua frente. Ele seria meio-irmão de pessoas que odiava e dividiria o sangue com o cara que quis desde o primeiro dia em que o viu em sua boate.

    Lucien estava no carro de Eris olhando para o lado de fora. Seu irmão não colocou nenhuma música para preencher o silêncio. Eris estava sério e focado na estrada, somente seu relógio apitou informando que eram 15h da tarde.

    O banco do carro era de couro e estava deixando Lucien suado. Ele estava nervoso e angustiado. As palavras de Azriel ainda latejava em sua cabeça; que ele não seria nem para trepar e era nojento. Ele não fizera nada de errado, beijou outro homem mesmo tendo sentimentos confusos por Azriel.

    Ele não entendia as formas que Azriel demonstrava que gostava dele. Se prejudicar e ofender era gostar de alguém, então ele estava gostando errado.

    O espião era uma pessoa complicada, e Lucien fazia de tudo para entendê-lo, até mesmo perdoar as mancadas dele. Estava muito chateado pelas palavras de Azriel.

    Os últimos dias eles nem se olhavam, era como se o outro nem existisse. As coisas no complexo parecia ter melhorado, mas os sussurros e risadinhas ainda permaneciam. Alguns caras, até mesmo os mais velhos acharam Lucien muito corajoso e era só isso.

    Aquele dia que foi exposto na frente de todos como se fosse um criminoso, tinha sido horrível para ele. Quando chegou em casa despejou toda a dor que sentia no travesseiro. Queria ficar sozinho e deitado na cama a semana inteira, mas lutou contra sua própria mente caótica.

    Ele não iria adoecer novamente, não queria sucumbir a ponto de ter que recorrer aos remédios para se manter bem. A última vez que teve acesso aos comprimidos acordou internado em um hospital.

    Afastando aquelas memórias, Lucien se remexeu no banco contando os minutos para chegar no laboratório final, eles haviam pegado um dos testes pelo caminho, assim como Azriel. Era o combinado um mês atrás.

    — Se ele for nosso irmão... O que você vai fazer? — perguntou Eris, cortando o silêncio entre eles.

    — Se for positivo eu vou embora para Montesere — respondeu, decidido.

    Ele já havia resolvido essa questão. Ligou para o antigo locatário, ele tinha um apartamento disponível. O penúltimo havia sido alugado pelo Grover.

    — Fugir não vai resolver teus problemas — comentou Eris sem olhar para ele.

    Seu irmão estava vestindo um elegante terno de risca de giz preto. A gravata era preta em contraste com a camisa fina e branca. Lucien olhou para si mesmo. Estava usando uma calça jeans e uma camiseta da banda The 1975.

Entre nós dois | luriel (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora