Inútil

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Na mídia a camz e o Roberto

POV CAMILA CABELLO

Roberto já estava na minha porta às oito da manhã; o maldito do meu ex-marido decidiu começar o dia cedo, enchendo-me de estresse. Ele apareceu logo após meus filhos terem saído para a escola. Era óbvio que ele tinha consumido alguma droga, pois em seu estado normal, ele jamais teria aparecido aqui tão cedo e tão perturbado. Seus olhos estavam vidrados e sua expressão era desfocada, um claro sinal de que ele não estava em seu juízo perfeito. Suspirei profundamente, me preparando para o confronto que estava por vir.

— O que diabos você quer a essa hora, seu miserável? — questiono impaciente, tomando um gole do meu café. — Você deixou aquela maldita da Lauren encher sua cabeça contra o nosso filho. Quem ela pensa que é para bancar a mãe do Henrique? — ele retruca, cheio de raiva.

— E quem você pensa que é para aparecer a essa hora como o pai do ano? Você não faz absolutamente nada pelo nosso filho e quer falar de moral? — pergunto, olhando-o com raiva. — Que moral você acha que tem para falar qualquer coisa, Roberto? — questionei começando a me estressar.

— Sua vagabunda, quem você acha que é para falar comigo assim? — ele grita, enfurecido, e aperta meu braço com força. — Você me troca por aquela aberração e acha que tem o direito de dizer alguma coisa! — ele continua, apertando ainda mais meu braço.

— Da próxima vez que você ousar me segurar desse jeito, não sairá vivo dessa situação! — digo, me soltando de seu aperto. — Suma da minha vida; deixe MEU FILHO em paz. Desapareça da vida dele, Roberto! — encaro-o seriamente. — Faça algo de bom por Henrique, desapareça da vida dele; ele nunca precisou de você mesmo! — finalizo, deixando-o vermelho de ódio.

— Henrique é meu filho também. Não me faça perder a cabeça, Camila! — ele diz de forma ameaçadora. Antes que eu possa responder, vejo Lauren entrando em minha casa, trazendo tensão ao ambiente. — Se você não sair daqui, eu mesmo vou acabar com você. É a última vez que estou te dando a chance de desaparecer, vá para bem longe! — ela ordena, parando diante de mim. Roberto permanece calado. — Quero você bem longe do Henrique; você está arruinando o menino! — minha ex-esposa diz com calma. — Vocês são inacreditáveis! — ele diz e se retira da minha casa, batendo a porta.

— A vontade de acabar com esse desgraçado é imensa! — Lauren diz com seriedade, servindo uma xícara de café. — Só não faço isso por consideração ao Henrique e a você! — ela explica de maneira séria.

— Eu te amo, muito mesmo!! — digo abraçando seu corpo e colando nossos lábios. Beijo Lauren lentamente, aproveitando cada momento daquele beijo. — minha bandida! — digo rindo de forma brincalhona, e Lauren ri de maneira travessa.

— Te amo, gostosa! — ela diz, dando um tapa na minha bunda. — Saudade de você; desse teu corpo delicioso! — ela comenta, beijando meu pescoço. — Precisamos de um momento só nosso! — ela sugere, provocando um sorriso em mim.

— Precisamos mesmo, mas não será agora! — digo, me afastando um pouco. — Preciso trabalhar, e você também! — lembro-a, e ela suspira derrotada. — Mas no final de semana, estou totalmente disponível para você! — declaro com paixão.

— Vou planejar um final de semana incrível para nós! — ela diz apaixonadamente, me encarando. — Quer uma carona? — pergunta, tomando o último gole de seu café.

— Claro que sim, óbvio! — digo, pegando minha bolsa e algumas sacolas com ingredientes. Lauren me ajuda e saímos juntas; tranco a casa e nos dirigimos ao carro dela, estacionado em frente ao meu portão. Minha ex-esposa passa a viagem toda com a mão direita em minha coxa, fazendo um leve carinho. Mesmo "separadas", Lauren continua sendo a mulher da minha vida; o cuidado dela comigo é incrível, e só ela tem esse efeito sobre mim, mesmo após todos esses anos. Quando paramos em frente ao restaurante, nos abraçamos carinhosamente dentro do carro, como duas adolescentes. Nos despedimos depois de vários beijos e carícias.

— Eu achei que esses beijos nunca fossem acabar! — Dandara diz rindo, assim que entro no restaurante e começo a organizar minhas coisas no balcão. — Você ainda tem Lauren completamente apaixonada por você! — ela comenta enquanto limpa as mesas.

— Na verdade, eu também sou completamente apaixonada por ela; não sei por que estou fingindo! — digo, de forma descontraída. — Ainda sou louca por ela! — confesso como se fosse um segredo, e minha amiga ri.

— Eu não entendo por que vocês se separaram; ainda agem como adolescentes apaixonadas às escondidas! — ela comenta, me encarando. — Seus filhos já estão crescidos, é hora de viver plenamente esse amor, mulher! — ela diz, indignada.

— Você sabe, Henrique não aprova esse relacionamento, e ele está tão revoltado. Não quero dar mais razões para ele surtar! — explico calmamente enquanto vou arrumando as cadeiras.

— Eu não entendo esse garoto. Lauren faz de tudo por ele, e mesmo assim ele sempre encontra motivos para atacá-la. E idolatra o cafajeste do pai. — comentou indignada.

— Nem eu entendo, sinceramente, nem eu entendo! — digo, cansada. Começamos a preparar os alimentos juntas. Minha mãe, Sônia, chega para nos ajudar; ela é a cozinheira principal dos meus negócios. Juntas, formamos o trio das quentinhas. Lauren é minha cliente fiel, comprando mais de dez quentinhas todos os dias; ela nunca se cansa do nosso tempero. Graças a Deus, temos uma clientela fixa que garante o salário de todos. Como o espaço comercial é de propriedade da minha esposa, não preciso me preocupar com aluguel; é só vantagens. Perto do meio-dia, os clientes começam a chegar e as encomendas das quentinhas começam a sair para entrega.

— Dona Camila, a patroa pediu quinze hoje! — Lucas, um dos rapazes de Lauren, diz assim que chega perto do balcão onde estou. — Estarei esperando aqui! — ele avisa, e eu concordo. Levo os pedidos para a cozinha e começo a preparar a entrega para minha ex-esposa.

POV LAUREN JAUREGUI

A galera do tráfico aprecia muito as quentinhas da Camila; eles estavam se deliciando com aquela comida deliciosa. Todos os dias eu fazia questão de encomendar pelo menos dez quentinhas; queria valorizar o trabalho da minha mulher, sabia o quanto isso significava para ela. Assim que termino o almoço, me encaminho para a casa da minha ex-esposa; estava pronta para uma soneca pós-almoço.

— Pare de encher o saco, garota burra! — ouço a voz de Henrique assim que entro na casa. — Você não sabe de nada, Sofia; me deixa em paz! — ele diz irritado, apontando o dedo para minha filha. Eu me coloco no meio deles. — O que está acontecendo com vocês? — questiono séria.

— Henrique está surtando porque o Roberto sumiu; disse que é culpa sua, mãe. — Sofia explica e se joga no sofá da sala; o garoto sobe pisando forte. Respiro fundo e me dirijo ao segundo andar, indo em direção ao quarto do meu enteado.

— Sério; saia daqui, Lauren! — ele diz assim que me vê entrando.

— Pode me odiar, Henrique, mas mesmo assim estou aqui para cuidar de você. — digo seriamente, encarando o rapaz. — Repense seu comportamento; tua mãe luta muito para te dar uma vida boa, e você não valoriza! — expresso minha frustração, e o jovem permanece calado. — Roberto não é um santo, Henrique, é importante que você perceba isso! — acrescento antes de sair do quarto.

Eu amava Henrique; mesmo que ele me tratasse mal, eu não desejava o mal para ele. Sabia o quanto Camila ficava angustiada com o comportamento do filho, então não custava tentar alertá-lo. Quando casei com Camila, assumi a responsabilidade pelo filho dela; eu sabia que o pai dele não estava cumprindo o papel de pai. Eu tentava cuidar de Henrique da mesma forma que cuidava da minha filha, mas o garoto não facilitava as coisas, o que me deixava triste, pois eu só queria o melhor para ele. No entanto, também reconheço que a culpa recai sobre Roberto; ele envenena o garoto contra nós.

Lá vem elaOnde histórias criam vida. Descubra agora