Despedida

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Boa leitura e um beijo no coração 🫶🏼
🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟

Por tanto ter sido deixado pra trás,
aprendeu a dizer adeus
antes de ser abandonado outra vez
... Augusto Branco

POV CAMILA CABELLO

A segunda-feira chegou e com ela tínhamos que nos despedir de Cecília. No domingo, a menina passou mais retraída e não se comunicou bem; a crise a fez se retrair ainda mais. Meu coração doía enquanto eu arrumava a mochila dela. As crianças não nos acompanhariam no abrigo; preferiam não estar presentes nesse momento, estavam extremamente tristes. — Você não quer comer um pouquinho antes de sairmos? — questionei Cecília, que estava na cama, agarrada a uma pelúcia. — Fala com a mama, meu amor! — pedi cautelosa, e a menina brincava com a pelúcia.

— Cecí, colinho mama! — pediu manhosa, se aproximando de mim e esfregando o rostinho em meu peito. — Colinho só, que colinho! — disse chorosa, e a peguei, acomodando-a em meu colo, começando um cafuné em seus cabelos enrolados.

— Você sabe que hoje você volta para ficar com a tia Irene, né? — comecei a tocar no assunto. — As mamães estão apenas esperando o moço permitir que a gente te traga de vez para cá. Não pense que vamos te esquecer lá, ok? — questionei com a voz embargada, e ela concordou. — Te amo muito, Cecília, muito! — afirmei chorosa. — Mama, por favor, pede mama, pede pa ficar com mamães! — diz inocentemente, fazendo-me sentir emotiva. — Cecí quer ficar na casinha, não no abigo! — acrescenta, seus olhos cheios de lágrimas.

— Vou fazer de tudo para que você volte para casa o mais rápido possível!— prometi, abraçando-a e levantando-me da cama. — Pegue a bolsa dela!— pedi a Lauren, que entrou no quarto. Minha esposa seguiu minhas instruções e saímos em direção ao primeiro andar. Estávamos em silêncio, mas profundamente preocupadas, sem saber como seria deixar Cecília lá. No carro, a menina pediu para ouvir "Leãozinho", e, é claro, atendemos ao seu pedido, já que essa música era a sua favorita. — Elis não disse mais nada? — perguntei ansiosa a Lauren.

— Ela só mencionou que a cuidadora foi afastada e que estão investigando o caso, pois parece haver outros casos semelhantes no mesmo lugar!— respondeu, olhando-me pelo retrovisor interno. — Isso me deixou um pouco mais aliviada, mas só me sentirei bem quando tivermos nossa filha de volta conosco!— afirmou, e eu concordei. —Ela também disse que o juiz deve tomar uma decisão entre hoje e amanhã, pois a denúncia contra a cuidadora mostra como aquele lugar pode ser prejudicial para Cecília!— comentou, prestando atenção ao trânsito.

— Espero sinceramente que o resultado saia em breve, não aguento mais a angústia de deixá-la em um lugar como aquele. Isso me causa muito medo e preocupação!— falei, olhando para a nossa pequena, que estava observando a paisagem pela janela. — A pior parte disso tudo é a espera!— acrescentei, exausta, e Lauren concordou. Nossa filha passou toda a viagem em silêncio, mas quando percebeu onde estávamos estacionando, começou a chorar alto.

— Nãããããão, mama, não deixe, Cecí! — diz desesperada, agarrando-se ao meu pescoço assim que saímos do carro. — Casinha, por favor!— implora aos berros, fazendo-me chorar junto. Entramos no abrigo, onde vejo Irene ao lado da diretora do lugar, ambas com expressões sérias, aguardando a chegada da menina. — Não quelo ficar aqui, não quelo!— diz com raiva, debatendo-se no meu colo.

— Princesa, respira!— peço com calma, enquanto Lauren tenta contê-la para evitar que ela se machuque. — Lembra do que conversamos, logo estaremos juntas novamente!— digo com paciência, mas ela continua agitada.

Lá vem elaOnde histórias criam vida. Descubra agora