Um amor puro

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Cecília na mídia!

Um amor puro
Não sabe a força que tem

POV NARRADOR

Os dias chuvosos e frios eram uma fonte constante de tristeza no pequeno coração de Cecília. A menina ansiava por um colo quentinho e por amor durante esses dias sombrios. No entanto, sua realidade era compartilhada com tantas outras crianças no mesmo lar, onde o afeto e o carinho eram recursos escassos, pois sempre parecia haver alguém se sentindo excluído. Cecília sonhava em passar mais tempo com a tia Camila e a moça dos olhos vedi's. No entanto, infelizmente, ela foi trazida de volta para a grande casa cheia de crianças, onde a atenção e o calor humano eram disputados entre muitos outros pequenos corações ansiosos por amor e segurança.

— Cecí, é hora de comer! — A voz de uma das tias que cuidavam dela preencheu o quarto, mas Cecília apenas balançou a cabeça, seus olhos fixos nas gotas de chuva que escorriam pela janela. — É sopa, você adora sopa! — A tia insistiu, mas a menina parecia alheia à comida.

— Tia, voltaaa! — Ela falou manhosa, olhando para fora. — Tia! — Chamou, e a mulher sabia que ela estava chamando por Camila, seu coração apertou. Cecília desabou em lágrimas, puxando freneticamente os próprios cabelos. — Ca-Mi-La, titia Camila! — Ela disse entre soluços, com o bico tremendo nos lábios.

— Querida, se acalme! — A moça tentou tranquilizá-la, segurando suas pequenas mãos que involuntariamente se machucavam. — Respire devagar, lembra? Cheire a florzinha e sopre a velinha! — Ela incentivou, vendo a agonia da menina. Cecília estava angustiada, debatendo-se e chorando alto. A cuidadora sabia que os últimos acontecimentos haviam sido muita informação para a pequena Cecília. Imaginou que a menina pensara que seria adotada e, ao se encontrar de volta no abrigo, entrara em desespero. — Vai ficar tudo bem, prometo! — Ela disse, pegando a menina no colo e balançando-a suavemente. O choro de Cecília passou de doloroso para silencioso, mas a angústia ainda estava presente.

— Cecí, quer uma mamãe, não é? — confidência a menina entre sussurros e sentiu seu próprio coração se apertar. A mulher sabia que Cecília desejava uma mãe, esse desejo surgia sempre após decepções com possíveis adotantes, embora não fosse o caso atual. — Por favor... — Cecília implorou, e a mulher fechou os olhos, lutando para conter as lágrimas diante do pedido da menina. — Você vai ter uma mamãe, querida, eu prometo! — Ela respondeu com carinho, abraçando Cecília com força. — Você é uma menina incrível, e sua futura mamãe será tão incrível quanto você! — Ela afirmou, embora não tivesse certeza disso. A mulher já tinha testemunhado essa cena antes, sempre que Cecília tinha suas esperanças frustradas, e a cada vez parecia pior.

— Cecí, promete que não vai mais ter altismo...— Cecília declarou inocentemente, e a mulher permitiu que as lágrimas escorressem. Como podia uma criança tão pura sofrer tanto? A menina merecia uma família amorosa que a acolhesse. A garotinha adormeceu em meio à dor e à angústia, confiando que um dia teria uma mãe e um colo quentinho só para ela...

'To louco pra te ver chegar
'To louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Cecília chegou ao orfanato quando tinha apenas alguns meses de vida. Sua mãe biológica, ciente de suas limitações econômicas e emocionais, tomou a difícil decisão de entregá-la, sabendo que a pequena merecia alguém com os recursos e o conhecimento adequados para cuidar dela. Talvez essa tenha sido a mais sincera prova de amor de sua mãe biológica, consciente de que não poderia criar a menina e proporcionar-lhe a vida que merecia, mesmo que nutrisse carinho por ela. Com apenas dois anos e meio, Cecília já havia experimentado a cruel dor da rejeição de perto. Foi devolvida ao abrigo em três ocasiões diferentes. Na maioria das vezes, os casais alegavam não ter a estabilidade emocional necessária para criar uma criança com necessidades especiais. Em outros casos, simplesmente não queriam aceitar a responsabilidade quando se deparavam com o diagnóstico da menina. A cada nova decepção, Cecília ia se acostumando à tristeza e, ao mesmo tempo, se fechando cada vez mais em seu próprio mundo, perdendo os progressos que havia alcançado anteriormente.

Lá vem elaOnde histórias criam vida. Descubra agora