nove

147 14 4
                                    

NOVE 

Três anos atrás

Daniel terminava de arrumar a mesa quando ouviu passos, olhou sobre os ombros e sorriu ao ver a filha.

—Onde está a mamãe?

—Deve estar chegando.

Em silêncio, Elizabeth ajudou o pai a pôr a comida na mesa. Se serviram e iniciaram suas refeições e, aos poucos, uma conversa leve fora puxada levando embora o clima pesado.

Mas, mesmo diante da conversa, ambos sabiam que faltava alguém. Vez ou outra se olhavam entre as pausas da conversa.

—Boa noite. — a delegada chegou apressada. Sabia que estava atrasada para o jantar, apesar de nunca fazer isso. Mas essa última semana estava sendo ainda mais maçante estar na presença de seu marido.

—Boa noite, amor. — Daniel respondeu, mas Lizzie ficou em silêncio. —Quer que eu te sirva?

Regina focou nos olhos do homem e, lentamente, negou com a cabeça.

—Não, obrigada. Vou subir e tomar um banho, boa noite. — despediu-se e logo os deixou.

Lizzie olhou para o pai e deu de ombros, deixou a mesa e subiu.

Colter, agora sozinho, soltou a respiração e passou as mãos no rosto. Batucou os dedos na mesa por um tempo, os pensamentos lhe torturando... Levantou e seguiu até o quarto no andar de cima.

—Amor...

—O que é, Daniel? — seguiu a voz da esposa até o banheiro e entrou. Por mais que a delegada tenha tentado disfarçar, viu quando a mesma fechou o roupão que usava.

—Tá com vergonha de mim, amor? — tentou brincar, soltando uma risada baixa e se aproximou. Encarou os castanhos pelo reflexo do espelho e passou os braços pela cintura da morena, colando seus corpos. —Você continua perfeitamente perfeita... — murmurou contra seu ouvido.

Regina ficou parada esperando, sentiu quando as mãos brutas do homem subiram e adentraram o roupão, lhe tocando do abdômen até os seios.

—Daniel. — o chamou.

—Isso, gosto quando fala assim...

A delegada respirou profundamente tentando afastar o asco e permaneceu parada na tentativa de sentir algo com aquele toque. No entanto, quando sentiu a mão descer para o meio de suas pernas, o afastou.

—Não estou a fim. — arrumou o roupão e deixou o banheiro.

—Qual é, Regina, nem cheguei a te tocar! — reclamou a seguindo.

—Não estou no clima, Daniel! Não quero ser tocada, ok?

—Mas... eu preciso, faz tempo desde a última vez! Eu sou homem, Regina! — a delegada se virou e o encarou.

—Tem dois meses desde que você gozou e caiu do meu lado dormindo e roncando feito um porco. Eu não quero você entrando em mim, não quero que me toque nem que me chupe. Será que agora eu fui mais clara!? Foda-se que você é homem, se controle. Não sou obrigada a transar sempre, ok? Estou muito sobrecarregada, Daniel, não preciso que venha me encher ainda mais somente por não estar gozando. — finalizou. Ficou calada esperando que o marido rebatesse, mas ele ergueu as mãos e a deixou sozinha.

A delegada se jogou na cama e puxou o cobertor até o pescoço. Ouviu quando o carro fora ligado mas não se moveu. Mesmo diante da breve discussão, sentia o coração quente e acelerado somente com a lembrança de uma loira que conhecera em uma palestra. Sorriu pequeno quando lembrou dos olhos verdes e das bochechas coradas quando percebeu que todos pararam a conversa após sua risada solta.

Paixão Quase Impossível -  Cenas De Um Crime Onde histórias criam vida. Descubra agora