treze

118 9 9
                                    

Treze 

No mesmo dia, mais tarde - horas depois da saída de Regina -, Emma enviou uma mensagem para Louise pedindo que fosse até seu quarto. Não demorou muito para ela aparecesse.

—Precisa de alguma coisa?

—Entra. — Louise fechou a porta e o fez. —Vou tentar ser sucinta. — falou apontando para a cama, pedindo silenciosamente que a irmã sentasse.

—Tá...

—Eu abdiquei de muita coisa, oportunidades de emprego, estágio, até mesmo de estudar fora. E não tente distorcer as coisas, eu sei o “dom” que você tem para isso. Porém, você me conhece o suficiente para saber que não estou passando na cara. — respira fundo. —O que estou querendo dizer, é que não pretendo terminar meu relacionamento com a Regina. Você está bem grandinha para agir desta forma. Entenda de uma vez que eu a amo, tudo seria mais fácil se você aceitasse nosso relacionamento mas caso não esteja disposta a dar uma chance, vai ter que engolir a raiva, as atitudes infantis e o olhar que nos direciona, por que não vou tolerar isso. Você decide se vai aceitá-la, mas vai respeitar sim! Eu estou exigindo isso.

—Como eram a mamãe e o papai?

—Isso é uma tentativa de saber se eles iriam me aceitar ou se iriam me deserdar? — riu descrente. —Porque nós nunca saberemos.

Louise ficou em silêncio a encarando, mas ao fazer menção de levantar, a voz de Emma a interrompeu.

—Eu fui buscá-la no colégio enquanto eles ficaram em casa te fazendo uma surpresa. Mamãe era designer e papai juiz, isso você já sabe. — ficou uns segundos em silêncio admirando os olhos azuis de sua irmã e lembrando como os de seu pai eram parecidos. —Quando chegamos toda a vizinhança estava perto de nossa casa, te deixei trancada no carro e entrei. Eu os encontrei mortos em meio a decoração quase finalizada. Era isso que queria saber?! Eu não tenho como saber se eles iriam aceitar minha sexualidade, Louise, mas acho que sim. Eu sempre quis alguém que me fizesse sentir amada como eles se sentiam, e a Regina me proporciona isso. Então não será suas atitudes infantis que irá me afastar dela.

Finalizou e se acomodou melhor na cama, logo voltando a fixar sua atenção nos olhos da irmã.

—Pode sair. Boa noite.

🚓

Regina estava tão perdida em pensamentos que não sentiu a presença de Cora ao seu lado lhe observando atentamente. Se passava das 2h da manhã e a delegada estava sentada na varanda, com uma taça de vinho e, aparentemente, observando a vista da rua deserta.

Ao se dar conta que a filha realmente não sentiu sua presença, coçou a garganta lhe chamando a atenção.

—Mamãe, oi! Precisa de alguma coisa? — a mais velha sorrir e nega sutilmente.

—Posso te fazer companhia?

Regina encarou a mãe por uns segundos em silêncio até assentir. Cora tomou um lugar ao lado da filha e cruzou os braços para se aquecer.

A delegada estava preocupada demais para se preocupar com a presença de Cora. Parte de si ainda processava os últimos acontecimentos, a outra parte da preocupação... ainda era desconhecida. E isso lhe irritava profundamente. O não saber.

O que viria depois? Talvez no horário do almoço, ou daqui duas semanas, ou até mesmo em três anos... O que viria?

Virou o restante do vinho e encheu a taça novamente.

—Eu traía o Daniel. — falou de repente atraindo os olhos de Cora para si. —Ele disse que começou cedo, provavelmente antes dos vinte, então foram mais de vinte anos matando mulheres inocentes, jovens. Mas eu só consigo me culpar porque o traía.

Paixão Quase Impossível -  Cenas De Um Crime Onde histórias criam vida. Descubra agora