Capítulo 2 - Busca - parte 2

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A viagem levara mais tempo do que o esperado, devido ao mau tempo que se abateu sobre as terras de Yogratax.

Se despediram da Pradaria na mesma tarde em que o avô de Tristan dera a notícia, aproveitando para não cruzar o caminho com Bentus, rei de Yogratax e pai do príncipe. Assim, partiram da pequena cidade de Campolina, onde o rei gostava de descansar, seguindo para o norte e depois o oeste, rumo a Lorcan, capital de Vitânia.

Já estavam na estrada há quatro dias e preferiram não parar na capital de Yogratax, pois sabiam que teriam dificuldades em sair novamente. Encontraram uma estalagem na beira da estrada, pequena e pouco movimentada, e logo estavam com os estômagos cheios e as cabeças descansadas sobre um travesseiro que era um pouco melhor que o chão duro. Conversaram um pouco sobre o dia, sobre o que fariam, como seria se a jovem ruiva fosse realmente Alynor, até que adormeceram.

No dia seguinte, pegaram a estrada logo que Atos se ergueu e cavalgaram durante toda a manhã em ritmo rápido, chegando em Adeltros, vila vizinha a Lorcan, quando Atos já começava a sua lenta descida no horizonte.

Procuraram um estábulo para o descanso e cuidado dos animais que montavam e logo, por uma taverna. Encontraram rapidamente a mais movimentada, em realidade só haviam duas delas e uma estava às escuras.

Adentraram na Pó de Estrelas e ocuparam uma das mesas vagas. Pediram bebidas e a refeição. Estavam exaustos e famintos.

Comeram em silêncio e, somente quando terminaram, foi que se puseram a conversar.

— Espero que não tenhamos que esperar muito. — disse Tristan.

— Concordo. Ainda que Lorcan seja uma grande cidade, não deve ser muito difícil de encontrar uma jovem ruiva de boa aparência... — era Gauargi quem falava. — Como aquela ali, por exemplo. — Fez um sinal com a cabeça, indicando uma jovem que adentrava no recinto.

Tristan, discretamente, olhou na direção indicada e viu uma moça jovem, bela, com a face salpicada de sardas e que se destacava da multidão. Ela caminhou entre as mesas, com um porte altivo, e olhou para os dois rapazes, sorriu de maneira coquete e continuou até que sumiu por uma porta atrás do bar.

Não demorou para que retornasse com um avental posto sobre o vestido castanho que vestia e com uma bandeja cheia de canecas em mãos.

— Precisam de algo? — disse ela, ao passar pela mesa de Tristan e Gauargi.

A moça era bonita, e agora, de perto, era impossível não reparar no busto farto e nas curvas acentuadas. Tristan levava o cenho franzido, sua mente fervilhava. A jovem lhe deu toda sua atenção, enquanto ele pedia mais uma rodada.

— Claro, meus senhores! Parecem estar cansados. Temos boas acomodações aqui, se estiverem precisando de um bom descanso. — sorriu docemente.

Tristan assentiu e garantiu que desfrutariam das acomodações. Enquanto ela saía, Gauargi notou que a jovem lhe lançou um olhar que prometia problemas, se ela fosse quem eles procuravam.

— Uma moça de taverna... — disse Tristan a observando.

Gauargi ficou em silêncio por alguns momentos, olhou para Tristan que continuava com o cenho franzido e ainda observava a jovem.

— Bem, é apenas um rumor... — Gauargi parou ao ouvir um dos homens, que ocupavam uma mesa próxima, gargalhar ao perguntar se a jovem era realmente uma princesa.

— Bem, posso muito bem ser! — disse ela, sorrindo e piscando. — Mesma idade, um lindo cabelo da cor do fogo, faíscas em minha pele, boa educação, contudo, falta de memória e de oportunidades melhores! — Apontou para a bandeja, deu de ombros e seguiu para a cozinha.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora