Capítulo 41 - Exílio

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O homem abriu os olhos e tentou se virar, mas o movimento, ainda que lento, foi demais para o pobre estômago maltratado e acabou por colocar o conteúdo dele para fora. A jovem, que observava, não pôde conter a expressão de nojo ao vê-lo limpar a boca com o dorso da mão, deixando a barba ainda mais suja no processo e, ao tentar se levantar o jovem colocou a mão dentro da poça de vômito e escorregou novamente.

Depois de várias tentativas ele conseguiu se colocar sentado e olhou para a pessoa que lhe chamara. O olhar estava embotado e, cambaleante, ele levantou.

— O que quer, Maxine? — começou a caminhar sem rumo, após falar com a voz arrastada.

— Vim buscar você. Vamos!

— Não! Estou tirando um tempo para o luto. — disse, sarcástico.

— Não seja estúpido e não teste minha paciência. A única bêbada com quem consigo lidar sou eu mesma. Vamos! Vou te levar até um lugar decente e pagar alguém para que te dê um banho, já que você parece não ter condições de fazê-lo por si mesmo. — a jovem se aproximou e o segurou firmemente pelo braço, para ajudá-lo a se equilibrar. — Por Atos e seus santos, você está fedendo! Fedendo nem seria a palavra correta. Parece que você já está em decomposição!

— Vá à merda, Maxine! — disse com a voz arrastada e parou, sem dar indícios que caminharia com ela novamente. — Eu tenho mais o que fazer. Vá cuidar da sua vida!

O linguajar chulo na voz do amigo a surpreendeu ainda mais do que o seu desalinho. Os modos, sempre impecáveis, haviam dado espaço a algo surrealmente fora de contexto, quase mendicante e, mesmo a pose, sempre ereta e orgulhosa, seria irreconhecível, não estivesse ela o vendo e ouvindo há pouco mais de um palmo diante de si.

— Escuta aqui, seu bosta! Estou há dias preocupada e te procurando. Você já está a tempo suficiente sentindo pena de si mesmo e auto infligido castigo. Mal dá para te reconhecer! Está em um estado deplorável!

Yurgan deu as costas enquanto Maxine ainda falava e tentou caminhar na direção oposta à que a jovem tentara levá-lo. Deu apenas uns quatro passos, quando se desequilibrou, indo de cara ao chão.

— Mas que diabos?! — olhou para trás e viu Maxine, ela o havia empurrado e estava com o rosto corado, provavelmente com raiva. — O que está fazendo, sua tola?

— Seu estado é realmente de dar pena. Não pode suportar um empurrãozinho. Onde está sua armadura, sua espada?

O jovem fechou os punhos com força e tentou se levantar. Precisou de três tentativas e muito cambalear para se manter em pé.

— Não acha que já é o suficiente? — continuou Maxine. — Está envergonhando sua Santa e Atos, com essa atitude.

— CALE A BOCA! Não me venha falar sobre minha atitude. O que você sabe? — tentou parecer intimidador, mas no estado em que estava dificilmente conseguiria. — Não tenho tempo para você. — virou-se novamente para partir.

— Ah, sim! Claro! Deve realmente estar muito ocupado, enchendo a cara e deixando que alguém te bata até perder os sentidos. Muito produtivo! Ah! Quer saber? Já chega! — A última frase foi praticamente gritada por Maxine, que rapidamente se adiantou sobre o jovem. Para ele, pareceu que ela estava muito mais rápida que o normal, mal a viu chegar. Ela lhe acertou três socos, muito melhores colocados do que os que tinha recebido na taverna, e o fez tombar no chão novamente. Ele tentou levantar-se, o mais rápido que podia, o que não era muito, mas Maxine não lhe deu tempo e enquanto ele estava de quatro, tentando achar equilíbrio, ela acertou um chute em seu estômago que o fez rolar para o lado e pôr o restante do que tinha no estômago para fora.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora