Capítulo 92 - Fuga

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— GRIFOS!! — Ohtmar gritou, tirando todos da letargia.

Movidas pela curiosidade, Maxine e Moira se inclinaram levemente para fora, tentando avistar as incríveis criaturas. Não foi uma decisão muito acertada, pois uma terceira besta bateu suas asas muito próximas da anã, que, assustada, se desequilibrou, escorregando na neve e sentindo apenas o ar sob o pé direito. Maxine agradeceu seus reflexos rápidos, conseguindo segurar Moira a tempo, antes que ela despencasse pela encosta íngreme da montanha.

— Não é hora para observar as criaturas! — ralhou Yurgan, que caminhava com passos cuidadosos e firmes, carregando Lia. — Vamos logo para a caverna!

Assim, todos se apressaram aos escorregões para alcançar a proteção. Respiraram aliviados quando foram recebidos pela escuridão fria da caverna.

Maxine ainda permaneceu na abertura, observando, espantada, a imponência das três bestas que já subiam para o topo da montanha após espantar os invasores. A grande criatura alada era uma estranha mistura entre uma ave de rapina e um felino. A cabeçorra lembrava a uma harpia de cor branca acinzentada, com imensas asas que acompanhavam o tom e garras afiadas na ponta das mesmas, mais escuras. A parte traseira da besta lembrava um dos felinos que Maxine havia encontrado quando esteve perdida na montanha. A pelagem espessa parecia macia, de cor branca prateada com manchas cinzentas mais escuras. O rabo era longo e grosso. As patas eram fortes e possuíam grandes garras e, o detalhe mais impressionante para Maxine, foram os olhos, que denotavam inteligência. Eram incríveis e mortais, e a lembraram de algo que estava esquecido em seus pertences. Assim que voltasse, teria que verificar seu achado de tantos dias atrás.

Ainda que a missão tivesse sido um sucesso, ao que tudo indicava, eles seguiam pelos túneis em silêncio, lamentando a perda de um dos companheiros. O silêncio era aflitivo. Os pensamentos pareciam altos demais nas mentes dos que caminhavam pela penumbra.

A mente de Yurgan estava imersa na melancolia e no pesar, sentimentos que lhe eram comuns desde os trágicos acontecimentos pelos quais passara. Já Maxine tinha a mente preenchida pelos acontecimentos da noite anterior, da tarde anterior e, então, dos dias anteriores, desde o momento em que caíra da maldita montanha. Ela sabia que o príncipe Tristan havia saído com o grupo que enfrentaria os orcs que possivelmente sobrevivessem à avalanche, e não conseguia parar de pensar em tudo que havia ocorrido desde que o conhecera. Esperava que a situação com os orcs fosse resolvida para que pudesse partir e fazer sua vida voltar ao eixo.

Quando saíram dos túneis e adentraram na caverna, foram recepcionados por Argos, que passou os olhos por todos os integrantes e suspirou em um lamento silencioso ao notar que o grupo voltara com uma pessoa a menos.

— Ouvimos os sons e sentimos a terra vibrar. Acredito que foi uma prova que conseguiram executar a missão. — disse o homem.

— Sim. Conseguimos, embora tenhamos perdido um dos nossos para um grifo no final. — respondeu Yurgan, que carregava Lia nos braços.

— Venham! Venha, Yurgan, leve Lia para a tenda. — disse Argos, com o semblante preocupado ao olhar para a elfa ferida e desacordada.

Yurgan seguiu para a tenda e colocou a elfa sobre o catre coberto por peles macias. Maxine o acompanhou, enquanto Ohtmar e Moira conversavam com Argos, e os outros seguiam para os muros para compartilhar a façanha com seus conhecidos e lamentar uma perda.

Maxine olhava os ferimentos que Lia possuía, causados pelo uso excessivo da magia, e olhou para Yurgan, que já iniciava uma de suas preces à Austra. A jovem não sabia se seus conhecimentos mundanos em primeiros socorros seriam úteis, mas achou melhor tentar.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora