A Chama de Urunir

Capitulo 96 - Astrântia

— As coisas estão fora de controle. — A voz de Adrik era tranquila e serena, mas os que o ouviam sabiam que uma fúria perigosa se ocultava por trás de suas palavras. — Oleg conseguiu algo maravilhoso: uma gota de sangue. Precisamos utilizá-la com sabedoria, seja para encontrar a jovem, seja para testarmos em nossas pesquisas sobre a profecia. Uma gota de sangue... Essa garota é escorregadia. — Ele se ergueu da poltrona. — Agora sabemos que os príncipes partiram às pressas depois do fiasco com os orcs. — Riu, sem qualquer alegria. — Fomos apanhados! Não conheço todos os detalhes, mas pretendo descobrir logo. Acreditei que a situação se arrastaria por mais tempo... Estava errado.

— Uma situação desagradável! Oleg não deu mais explicações? — indagou Loreta, com visível preocupação, torcendo as mãos.

— Infelizmente, não. Ele deve entrar em contato novamente, para fornecer mais detalhes. — respondeu Dionísio, sua voz carregada de incerteza.

— Talvez Victoria possa ajudar. — sugeriu Cirus, hesitante.

Os olhares se voltaram para ele, surpresos por sua participação.

— Como Victoria poderia nos ajudar, meu filho? — perguntou a mãe.

— Eu a vi praticando sua magia. Estando em Vitânia, a magia é mais fácil de ser executada, mas ela visitou outro lugar e retornou momentos depois, sem qualquer dano. A magia de uma bruxa deve funcionar de forma diferente. Talvez ela possa usar sua magia para nos ajudar em outros territórios. Não viajamos através de portais, pois isso nos causaria danos fora de Vitânia. São rars as vezes que nos arriscamos. Mas, com ela, talvez seja possível.

— Talvez... — disse Adrik, ponderando as palavras do jovem. — Ela conhece Maxine.

— Adrik, querido, será sábio perseguir essa jovem? — perguntou Loreta, com preocupação.

— Não temos outra pista. Tarquin mostrou interesse nela. Pode ter sido apenas a um impulso masculino, ou ele pode estar interessado sua verdadeira identidade. A garota chamou minha atenção também, havia algo nos seus trejeitos ... De qualquer forma, o príncipe está retornando à capital. Logo Eveline colocará suas pequenas garras nele e deve nos informar. Preciso ir. Se não se importarem, levarei Victoria comigo. Encontrarei uma maneira de mantê-la por perto e descobrir como ela pode ser útil.

Loreta pareceu ter algo a dizer, mas Dionísio foi mais rápido.

— Mas é claro! Seria ótimo se descobríssemos mais sobre as habilidades da jovem. Talvez com novos ares ela se sinta mais disposta.

Adrik assentiu e saiu da sala em busca da jovem. Não demorou a encontrá-la.

— Victoria! Posso ter uma palavra com você? — perguntou, cortês.

— Até duas! — respondeu ela, coquete.

— Gostaria de convidá-la a me acompanhar. Voltarei para Astrântia e gostaria de sua companhia... e de sua ajuda, eventualmente.

— Minha ajuda? — Os olhos de Victoria se estreitaram, curiosos.

— Eventualmente. — Sorriu, encantador como sempre.

— Hmmm. Acho que posso acompanhá-lo. Conhecer Urunir sempre foi uma vontade minha. Quanto à ajuda, se estiver em meu alcance...

Ela deixou a frase no ar, e Adrik sorriu.

— Eu lhe agradeço.

Utilizaram um portal, marcado com runas antigas, na residência dos Adamir, para viajar instantaneamente até o outro reino. A magia era algo maravilhoso, e em Vitânia, tornava-se natural para aqueles que a dominavam. Num momento, Victoria despedia-se de seus anfitriões, no seguinte, encontrava-se em Urunir, em um quarto elegante, que logo descobriu pertencer a uma estalagem. Adrik, dono do lugar, o tinha preparado para suas incursões clandestinas com perfeição. Victoria percebeu isso ao atravessar um espelho de corpo, belíssimo, adornado com arabescos e runas entalhadas na moldura de prata.