A expressão no rosto de Maxine revelava seu assombro após ter saído do frio poderoso de Balmora para um ambiente totalmente distinto. Ao seu redor, inúmeras árvores se erguiam, e o clima familiar indicava que estavam em uma floresta. A jovem olhou à sua volta, curiosa.
— Estamos ao sul, ainda na Floresta Velha de Yogratax. Quero lhe apresentar alguém. — Lia liderou a caminhada, vacilante devido à exaustão.
Maxine retirou a capa de peles e o jaquetão enquanto caminhava, enrolando-os e amarrando-os com um barbante para facilitar o transporte. El se sentia feliz naquele que julgava ser seu habitat natural. Após alguns minutos caminhando pela mata fechada, chegaram a um local mais aberto, onde a vegetação rareava, deixando as árvores mais espaçadas. Entre elas, havia uma cabana bem conservada, com o telhado coberto por musgo verde.
Ainda estavam a alguns metros de distância quando uma figura, vestida com trajes simples e portando um cajado, saiu da construção.
— Faz muito tempo que não sou surpreendido. Devo parabenizá-la, Lialliren. — O elfo sorriu brevemente, e Lia retribuiu o gesto enquanto se aproximava.
— Peço que me perdoe por aparecer tão repentinamente. — disse a ela, com voz cansada, algo que não passou despercebido pelo anfitrião.
— Está exausta e fraca. Entrem, conversaremos mais confortavelmente. — Fez um sinal para à porta aberta e aguardou que as duas entrassem. Ele encarou Maxine sem qualquer discrição enquanto a jovem passava. — Agora, sentem-se. vou preparar algo que ajude na sua recuperação. Parece que tem se esforçado demais.
Maxine sabia que Lia havia chegado ao limite, mas, com a preocupação do anfitrião, começou a se sentir alarmada e culpada por seu descaso com estado da elfa.
Lia sentou-se em uma cadeira próxima ao fogo que crepitava na lareira de pedras.
— Não se preocupe, Max. Beluar tende a exagerar. — Sorriu, mas a palidez em seu rosto de traços belos e finos não confirmava suas palavras. — Deixe-me apresentá-los. Maxine, este é Beluar, um amigo de longa data que vive recluso neste canto. Beluar, esta é Maxine, protegida de Argos, você o conheceu no passado, e, além disso, ela ingeriu um fruto dos oráculos.
Beluar, um elfo tão antigo quanto Lia, era tão belo quanto se esperava de sua raça. Tinha cabelos escuros, olhos amendoados de cor negra que contrastavam com sua pele pálida, e desviou os olhos da jovem ruiva ao ouvir sobre o fruto. Franziu levemente o cenho, claramente assombrado com a informação.
— Uma humana que ingeriu um fruto do oráculo? Quanto tempo faz? — Seu olhar voltou-se para a jovem, e ele se aproximou, ficando a um palmo de distância, observando-a com interesse.
— Alguns meses. — respondeu Lia, atenta à reação do anfitrião.
— Meses? — repetiu ele, surpreso. — Uma humana? — Parecia cético.
— Sim, uma humana que está tendo visões e sonhos desde que ingeriu o fruto. Ainda que seja de forma aleatória.
O elfo não escondia sua surpresa e só desviou o olhar da jovem quando a água sobre fogo ferveu. Ele se afastou e dedicou-se ao preparo de um chá perfumado. No breve silêncio que se seguiu, Maxine observou a cabana, que era limpa e arejada, ainda que muito simples. Um agradável cheiro de ervas permeava o ar, com vários ramos pendurados por todos os lados, provavelmente os responsáveis.
— Quantos meses? — perguntou Beluar, entregando uma caneca para Lia.
— Cinco completos. — respondeu Maxine, atraindo a atenção do elfo novamente.
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A Chama de Urunir
FantasyA Guilda de Aventureiros é uma organização respeitada, principalmente no reino de Yogratax, onde foi fundada. Sua fama se estende além das fronteiras, e ser um aventureiro, membro da Guilda, é o objetivo de Maxine. A jovem deseja glória, assim como...