Desejo meu vizinho

Capítulo 8

Dormir tão bem que parecia que estava nas nuvens, não ouvir o despertador tocando é com certeza uma das outras maravilhas do mundo, dia de sábado geralmente gosto de ficar em casa e ficar andando seminua por conta do calor, e por estar no começo do ano e eu morar no Espirito Santo é mais calor ainda, então adoro ter um momento comigo mesma. Estou deitada com os olhos abertos observando o teto, penso em tudo, no serviço, na minha mãe

Meu celular toca, reviro os olhos de frustação, estava bom demais para ser verdade, o que eu mais deseja é não pensar em colocar as mãos no celular, retiro o cobertor do meu corpo e bocejo buscando querendo dormir novamente, não faço ideia qual o horário que acordei, retiro meu celular no carregador e percebo que é ligação da minha mãe, sorrio e atendo imediatamente

- Mãe bom dia, o que devo a honra de me ligar as... _ olho o horário - 9:00 horas da manhã?

Ouço choros do outro lado da linha, ela chora tanto que me levanto da cama imediatamente e acabo tropeçando com o tênis e caindo no chão, por sorte o celular não quebra, mas me levanto com dor de leve nas pernas

- Mãe porque raios está chorando, você não é de chorar _ disse rodeando o quarto em círculos

- Filha, seu pai ele, ele... _ continuou a chorar

Única coisa que passa na minha cabeça é que ele sofreu algum acidente, ou pior faleceu, meu coração acelera mais que o normal, e sinto as lagrimas querer aparecer dos meus olhos, tento me conter mas a minha voz não ajuda muito bem

- Ele me traiu, e fui descobri porque ele me contou, e disse que isso tem a dois anos de traição...disse que enjoou de mim e pediu divorcio

Mantenho parada observando o nada, não consigo acreditar que papai fez isso com minha mãe, não sei se sinto ódio ou rancor por isso, eles se davam muito bem, porque ele revelou isso a minha mãe só agora, respiro fundo, limpo as lágrimas imediatamente, ele não merece as minhas lágrimas, nem a mamãe

- Ele não merece suas lagrimas mãe..._ disse roçando dos dentes e sem pensar duas vezes encaro a parede

- Filha, por favor controla sua raiva, lembra que última vez que fez isso quebrou seus dedos _ falou lembrando do meu passado

Quando tinha dezessete anos tinha tantas crises de ansiedade que era preocupante, e a crise de raiva tenho até hoje, mas as vezes sinto que preciso voltar ao psicólogo novamente, meu passado foi meio sombrio, não quero ter que concordar mas meu pai brigava muito com minha mãe, não chegava bater nela mas brigavam tanto que eu era obrigada a ouvir aqueles malditos choros de 'eu não fiz nada' pela minha mãe suplicando perdão. No ensino médio sofria bullying dos meus antigos colegas, eu detestava arrumar barraco e confusão, pois sempre tinha medo de ser apanhada e minha mãe me bater por arrumar confusão, eu sempre tive vontade de socar na cara daquelas pessoas.

Meu professor quase me fez ser expulsa da escola, ele era um filho da puta comigo, eu não entendia a matéria dele por nada, e por eu antigamente ser 'fraca' ele zombava isso de mim, e por saber que tenho ansiedade ele sempre ria da situação com um 'chora não, a prova vai enxugar suas lagrimas', foi ai que teve uma vez que eu apenas levantei da cadeira com as mãos fechadas e o encarando, foi ai que paguei de doida e lancei um 'seu filho da puta', eu não tinha medo, eu observa com tanta raiva e minhas mãos se fecharam, viro minha cabeça e soco a parede com força ignorando totalmente a dor.

Foi ai que meu professor recuou, levantou e me obrigou a ir na coordenação, lá tive que exigir o porque do xingamento e minha mão esta inchada e eu sentir dor, mas a raiva tomava conta de mim que nem lembrava que sentia dor, quando eu encarei meu professor e expliquei o motivo do xingamento elas não acreditaram em mim, e chorei, mas não de tristeza, de rancor, por elas não acreditarem em mim, tive que pegar meu celular e mostrar a elas todas as gravações de voz só assim para confiarem em mim

E no meu namoro, ele meio que era estranho comigo depois dos seis meses de namoro, não falava comigo, dizia que eu era fresca, precisava emagrecer, um possesivo ridículo, aquilo acumulou tanto que gritei com ele, e por eu ser baixa, ele era o dobro da minha altura, ficou me encarando também com raiva, mas não recuei, apenas lancei 'quer me bater seu desgraçado, faça isso, pois na delegacia vou te denunciar como agressão domestica'

Sem saber oque fazer apenas apertei nos seus testículos e o apertei com força, ele foi recuando e caiu no chão, meu olhar de raiva demostrava que queria e precisava de mais para tirar totalmente minha raiva, e eu sentia vontade de bater nele, por ser um ridículo comigo, um babaca possesivo, mas sabia que quem iria ser presa ia ser eu, então lancei um 'vá embora da minha casa, e nunca mais olha pra minha cara, caso se trombe comigo reza, porque vou te matar quando eu pisar no inferno'.

- Tudo bem mãe, hoje em dia eu consigo controlar a raiva melhor, mas ainda não consigo acreditar que papai fez isso com você _ disse respirando fundo

- Nem eu meu bem, mas voltando ao assunto da raiva, você sente vontade de socar a parede quando passa por raivas constantes? _ perguntou controlando o choro

Engulo em seco, embora entendo que se eu falar não estarei mentindo, eu sempre tenho vontade de bater na parede ou descontar em algo quando leva aos meus limites da minha raiva

- Algumas vezes sim, mas consigo arrumar outra forma de controlar a raiva, então fique tranquila_ disse sentando na cama

- Posso te visitar filha, depois do almoço e ficar ai até domingo? _ perguntou voltando a chorar

- Claro que pode mãe

- Certo, te vejo mais tarde, te amo _ e desliga o celular

Acabei de perceber que ela pode se trombar com meu vizinho, espero e juro que não