the devil's propose

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[...]

"Porque ele tirou meu cliente do centro da campanha?"

"Eu não quero saber... Meu cliente era o rosto da campanha. Sim, ele foi informado que estaria na capa da revista. Isso é um absurdo."

"Não... Como assim secundário? E quem é esse? Ninguém conhece na Coreia. Meu cliente é conhecido aqui... Vai colocar um modelo americano no lugar dele? Ah pelo amor de Deus... Ok... Ok. Tchau."


Changbin desligou irritado, e eu olhei pra ele esperançoso.
Aparentemente eu tinha sido removido da capa da nova edição da vogue, como era pra eu estar.

Aquilo so podia ser obra de uma pessoa, e eu sabia quem era.

-Não acredito que ele fez isso...

"É, Christopher Bang é um tremendo filho da puta. Ele falou pra mim que você seria o modelo mais destacado desse ano... Tinham até projetos futuros com você."

-Hyung... Me desculpa... Não imaginei que ele fosse baixo assim.

"Não é totalmente culpa sua. Ele foi cuzão também, não sabe lidar com rejeição."

Ele suspirou e massagiou as têmporas, completamente irritado.

"Vou dar um jeito de resolver isso. Vai ter sua capa. Me aguarde."

Eu estava muito aflito agora. Eu precisava da capa, era uma ponte pra futuros projetos... Tinha dado corpo e alma pra poder fazer essa campanha, e agora Christopher queria tirar isso de mim porque eu dispensei ele.

Ele era hipócrita. Sabia desde o começo que eu só tinha me envolvido com ele porque eu queria chances.

A culpa não era minha se ele ficou obcecado.

.

Na quinta feira, eu me arrumei, e peguei o Uber até o endereço que Changbin mandou pra mim.

Era um restaurante no centro de Gangnam, coisa fina; eu cheguei, e me sentei na mesa 5, na parte de cima.

Fiquei esperando, pois ele disse que um dos diretores da Vogue viria conversar comigo.

Mas eu não sabia que era ele, Chris.

Quando eu o vi, eu já levantei, mal humorado.

Mas ele sem papas na língua já me intimou.

"Senta.. ."

Eu o olhei com raiva ainda de pé, mas ele estava bem sério.

"Senta."

Foi o que ele falou, e eu então me sentei, mas sem o olhar.

Ele estava bem vestido, com uma maquiagem suave e um perfume muito bom.

"Você sabia que tinha chances de ser eu aqui, veio porque quis."

-Binnie falou um dos diretores da Vogue, não o diretor de arte que me fodeu e decidiu acabar com a minha vida. Se soubesse que era você, nem tinha vindo.

"Felix, você realmente gosta de testar a paciência das pessoas né... Eu vim aqui te propor algo, é simples."

-Você quer que eu de pra você?

"Dessa vez eu quero dar um passo a mais."

-O que?

"Casa comigo."

Eu ri na cara dele, e o olhei desacreditado.
Ele tinha perdido o juízo?

-Casar? Eu nem namorei com você. Você enlouqueceu. Pode esquecer. Eu já vou.

Levantei pegando meu casaco, saindo dali, mas algo me parou.

"Você lembra das fotos?"

Me corpo inteiro estremeceu naquele momento, e eu me virei sutilmente, vendo ele tomar o vinho da taça bem calmo.

"Tenho fotos que iriam acabar com a sua vida."

-Não são nada demais.

"As que você está de roupa, realmente, mas e as que você está sem? Totalmente exposto? Devo lembrar que é possível ver tudo o que você tem a oferecer pro mundo... De frente, de lado, de costas..."

Eu senti meu rosto queimar e minhas mãos formigarem. Nunca tinha sentido tamanha indignação.

-Você não faria isso...

Me aproximei dele, vendo ele olhar pra frente, parecia pensar em algo.

" Quer apostar? Aposto milzinho que vai ser difícil encontrar trabalho pra marcas renomadas depois que eu vazar todas as fotos. E mais mil depois que eu vazar o vídeo."

-Que video?

"O vídeo que eu tenho da gente bem juntinho... Um dentro do outro."

Eu comecei a me questionar se aquilo era real... Não era possível que ele tinha algo daqueles... Eu nunca soube de um vídeo... Se ele tinha, foi porque gravou sem consentimento.

E aquilo era um golpe tão baixo que seria difícil me levantar depois.

-Se expor algo, eu te denuncio.

" Mas eu não vou ser preso, você sabe disso né?"

Ele me olhou fazendo um biquinho, e eu sabia que ele realmente não iria preso.
Ele era rico.

"Eu pago uma fiança, e no outro dia estou na rua e de volta ao trabalho."

-Porque... Porque você está fazendo isso comigo? Eu pensei que você fosse um cara legal.

"Eu fui legal, mas não recebi nada em troca. Pensei que já soubesse como as coisas funcionavam nesse mundo."

Eu tinha dois pesos e duas medidas, porém, um lado pesava mais que o outro, e se ele decidisse cair, iria cair em cima de mim e me esmagar.

" Eu vou te dar... 24 horas pra pensar direitinho. Se você decidir aceitar, estarei em casa... Pronto pra discutir as condições com você."

Ele levantou, e me selou, saindo da área, me deixando sozinho.

Eu parecia estar preso no filme de terror, todo dia me aparecia alguma assombração querendo um pedaço de mim.

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