S/n pov
-Amor, estou em casa! - anuncio, deixando as compras no chão da cozinha e algumas no balcão.
Hailee está no período de gravações da terceira temporada de Dickinson e eu estou na parte de tirar projetos do papel para a criação de filmes e séries, então estamos bem cansadas. Hoje entraremos em feriado, então mesmo sendo sexta-feira, não vamos trabalhar até quarta. Hailee sempre chega antes que eu em casa, e hoje não foi diferente.
-Haiz? - estranho ao não ouvir resposta, então subo até nosso quarto e vejo a cena mais adorável do mundo. Martini estava dormindo em seu colo, e Hailee a segurava como se fosse um bebê.
-Oi, amor - cochicha. - Ela dormiu.
-Que coisa mais linda - falo baixo também.
-Precisamos de um neném - arregalo os olhos, vendo um bico se formar em seus lábios e ela alternar o olhar entre nós duas.
-Ela já é o nosso neném - vou até Hailee, a dando um selinho. - Trouxe algumas coisas diferentes para a gente testar, comemorar o início de feriado do nosso jeito.
-O que? - a vejo corar e dar um sorriso confuso, me fazendo perceber o duplo sentido da frase que eu disse.
-Coisas de comer, Hailee - dou risada, acordando Martini, que desce do colo e vem até mim balançando o rabo. - Sua mãe é muito mente suja, Tini.
-Mas também, olha o jeito que você falou - se levanta para ir à cozinha. Pego a cachorra no colo e vou atrás.
-Enfim, olha aí as sacolas do balcão - coloco Tini no chão. - Tem até miojo de beijinho.
-Amor - me olha, segurando o riso. - Que nojo.
-Para. Deve ser bom - começo a tirar as coisas das sacolas. - É como se fosse uma sobremesa, eu acho.
-E isso aqui? - tira uma embalagem e cai na gargalhada, me fazendo rir junto mesmo sem entender. Pego o pacote da sua mão e entendo o que aconteceu.
-Em minha defesa - falo erguendo as mãos, com ela ainda dando risada. - É de framboesa.
-Quem em sã consciência compraria uma bala gelatinosa em formato de um pênis? - pega da minha mão, indignada.
-Eu - ela começa a rir de novo. - Eu também dei risada a hora que eu vi, tá? Mas falei que tinha comprado coisas diferentes.
-Ai, ai... - limpa o canto dos olhos, por ter chorado de tanto rir. - Enfim, esses doces japoneses eu estou animada de verdade para provar.
-E qual é o preconceito com o miojo de beijinho e a bala de pênis? - coloco as mãos na cintura enquanto ela para e me olha.
-Só o nome já responde sua pergunta.
-Vem, vamos provar - ignoro e pego as sacolas, me sentando no sofá.
Deixei o miojo cozinhando e comecei a provar as coisas com ela. Comemos todos os doces japoneses, a maioria era estranho, mas alguns nós colocamos em nota mental para comprar de novo.
-Agora, a hora do mais legal - tiro a bala da sacola, indo abrir a embalagem.
-Eu não vou colocar minha boca nisso - faz cara de nojo. - Pode cortar!
-Ai, tá!
Fui até a cozinha e desliguei o miojo, cortando um pedaço da bala para Hailee e voltando para a sala com os dois doces.
-Aqui, senhora - a entrego seu pedaço, mordendo o outro.
-Meu Deus, que cena deplorável - nega com a cabeça, rindo.
-Não é ruim.
-Parece fini, mas um pouco mais duro.
-É porque é um...
-Amor! - solto uma gargalhada e guardo o resto do doce.
-Agora o miojo - coloco uma garfada na boca dela e uma na minha. Ao começarmos a mastigar, as duas correram para a cozinha ao mesmo tempo, cuspindo tudo no lixo.
-EU FALEI, QUE NOJO!
-Nunca mais!