O padre /Eunwoo (short fic)

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Quando eu morava no orfanato, costumava acordar mais cedo que as outras crianças só para poder me arrumar mais, eu sempre tentava inovar com as roupas que tinha e fazer algum penteado que me deixasse mais bonita. Todo esse esforço sempre valia a pena porque na hora do café da manhã, ele sempre sorria na minha direção e fazia algum elogio sobre como eu estava estilosa ou sobre como meu cabelo estava bonito, e receber um elogio de Eunwoo logo pela manhã tornava todo o restante do meu dia mais feliz.

Um dia eu acordei pela manhã e não consegui sair da cama, estava com olheiras e com os olhos inchados por chorar durante toda a noite, nesse dia eu não me esforcei para me arrumar e nem pensei em nenhum penteado genial, afinal, ele não estaria lá para me lançar aquele sorriso tão bonito e me fazer um elogio doce e inocente.

A primeira semana sem Eunwoo no orfanato foi a pior da minha vida, me dei conta de que não tinha muitos amigos, na verdade não tinha nenhum, eu só tinha ele, só enxergava ele e me senti solitária como nunca antes, quando o tempo se passou e ele não apareceu para me ver como tinha prometido, eu desejei o odiar com todo o meu coração e poder apenas seguir em frente, assim como no dia em que ele me contou que queria ser um padre, eu desejei gritar com ele, desejei dizer que ele era um idiota egoísta por me fazer sofrer mais uma vez, e eu desejei como nunca o odiar no momento em que seus lábios tocaram os meus, foi meu primeiro beijo, foi exatamente com quem eu tanto sonhei mas não naquelas circunstâncias, foi um beijo de adeus no momento em que deveria significar um início.

Eu deixei Eunwoo ir aonde quer que ele desejasse, pois tudo o que sempre almejei para o mesmo era sua felicidade, mesmo que isso me fizesse infeliz e miserável. Eu rejeitei caras legais e bonitos, caras que poderiam ter me feito muito feliz, talvez um até conseguisse me fazer esquecer ele e seguir em frente de vez, mas o medo de ser um fardo para alguém sempre me impediu de tentar, eu sabia que amava outra pessoa e não poderia ser tão cruel com alguém, nesses dias eu também desejei odiá-lo, mas esse pensamento se perdia toda vez que eu entrava na igreja aos domingos e lá do altar ele me lançava aquele sorriso.

Sim, ele sorria para todos, mas o sorriso que ele direcionava para mim era diferente, podia ver em seus olhos que ele queria muito mais do que me lançar um sorriso de longe, era como se ele quisesse caminhar até mim e me abraçar todas às vezes, seu sorriso era bonito e sincero, mas seu olhar era triste, todos os domingos meu coração me impediu de o odiar, uma voz sempre gritando que eu não era a única quem estava sofrendo e eu sempre gostei de imaginar que ele sofria pelo mesmo motivo que eu.

Eu amaldiçoei Cha Eunwoo por tantas noites, noites em que eu bebia um pouco mais e acabava sozinha no meu quarto chorando por não poder simplesmente segurar a mão de alguém que estava tão próximo de mim, eu desejei ser corajosa o suficiente para em algum domingo arrasta-lo de cima do altar para qualquer lugar vazio e fazê-lo pecar, queria o fazer se arrepender de sua escolha não ter sido eu.

Eu desejei tantas coisas nesses anos, todos os meus desejos tinham ele no meio, eu sempre me repreendi por ser tão dependente de alguém, me repreendi por ficar imaginando tantos cenários onde ele era meu e de mais ninguém, doeu tanto, meu peito doeu tanto todos esses anos e eu realmente deveria odiar Cha Eunwoo por me fazer passar por todo esse inferno, mas aqui, agora, olhando em seus olhos, tendo a sensação quente dos seus braços ao meu redor e podendo sentir seu coração tão acelerado quanto o meu, eu não me arrependo de o amar a cada suspiro meu desde que eu entendi de fato o que é o amor.

- Eu conheço os seus princípios, mas no momento eu realmente não dou a mínima para nenhum deles, então me toque, me faça sua, eu não me importo de não ser perdoada, não me importo de ser condenada, então só me ame.- Por um segundo me senti patética por estar implorando algo, mas eu não aguento mais esperar.