2

1.1K 97 65
                                    



- Pelo poder em mim investido, eu vos declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva.- Eunwoo disse e então os noivos se beijaram, todos se levantaram para aplaudir a cena e eu me forcei a engolir o gosto amargo em minha boca e sorrir feliz pela minha amiga.

A recepção começou e todos pareciam radiantes pelo mais novo casal apaixonado, dando início ao resto de suas vidas juntos, não que eu seja uma pessoa amargurada, estou feliz pelos meus amigos, mas o fato da minha maior paixão ter sido o padre abençoando essa união é realmente desanimador. Sempre sonhei em ver Eunwoo no altar, mas não vestindo uma bata e realizando um casamento e sim esperando por mim com um sorriso e lágrimas nos olhos.

- Sun-Hee, como você é iludida.- Bufei irritada comigo mesmo e virei todo o vinho na minha taça de uma vez só.

- Ei Sun.- Da-ra correu até mim animada.- Ya! o primo do Monbin quer te conhecer, parece que ele ficou interessado e cá entre nós, ele é muito bonito.- Deu pulinhos animada.

- Meu parabéns pelo casamento, Da-ra, será que poderia abandonar o papel de cupido só por hoje?- Falei em uma súplica.

- Só aceita uma dança com ele, vai.-Juntou as mãos e fez um bico.- Cinco minutinhos de conversa e se você não gostar dele pode ir embora.

- Isso não seria educado.- Sobressaltei com o susto e me virei vendo Eunwoo agora usando um terno, lindo como sempre.- Quem é o pretendente da vez?

- O primo do Monbin, juro que ele é um doce.- Suspirei me dando por vencida.- Você não vai se arrepender.- Sem nem sequer esperar uma aprovação verbal ela saiu saltitando pelo salão.

- Eu sempre me arrependo.- Lamentei e o mais velho riu.

- Pare de ser tão difícil, vai acabar sozinha assim.- Arqueei uma sobrancelha em uma expressão de puro deboche e ele apertou minhas bochechas.- Você é uma fofa.

- Quer abençoar meu casamento também?- Revirei os olhos.

- Eu não faria isso.

- E por que não?- Franzi o cenho confusa.

- Não estaria sendo cem por cento honesto.- Antes que eu tivesse chance de dizer lago Da-ra apareceu com o suposto primo de Monbin e Eunwoo sumiu em meio as pessoas.

Fui apresentada ao primo de Monbin e não pude negar que ele era realmente muito bonito, mas depois de dois minutos conversando com ele eu só queria sair correndo. O cara só sabia falar de si mesmo e de como ele era o melhor vendedor de carros importados de sua agência, ele passou quase uma hora me dando uma aula sobre carros e eu nunca quis tanto ser apenas uma batata, ok, isso não faz muito sentido, mas ele era tão chato que meu cérebro derreteu um pouco. Depois de duas horas desejando estar morta, eu finalmente criei coragem de dizer que precisava ir ao banheiro e então eu sumi do salão, espero não esbarrar mais nele hoje.

- Parece que você conseguiu fugir.- Eunwoo sentou ao meu lado no pequeno píer de madeira de frente para o lago.

- Você viu aquilo?- Fiz careta e ele riu.

- Você não é boa em esconder suas expressões, não sei como ele não sacou de cara que você estava zero interessada em... seja lá o que ele estava dizendo.

- Bom, pessoas narcisistas só olham para o próprio umbigo.- Olhei o céu claro e cheio de estrelas.- A noite está bonita.

- Bastante.- ele encarou o céu também.- Como vai a faculdade?

- Bem, não vejo a hora de me formar.- Ele riu.

- Você vai ser uma ótima professora, as crianças sempre te amaram.

- Eu adoro crianças.- Sorri animada com minha futura profissão.

- Tenho certeza que vai ser uma ótima professora e uma ótima mãe um dia.- Neguei.

- Eu não vou ter filhos, também não vou me casar.- Senti seu olhar em mim mas continuei encarando o movimento da água no lago.

- É uma decisão um pouco radical não acha, ainda é muito jovem, tudo pode acontecer, talvez encontre alguém que a faça mudar de ideia.- Ri e o olhei.

- Você decidiu ser padre aos quinze anos, abriu mão de ter uma esposa e filhos bem mais cedo que eu, por quê comigo seria diferente?- Trocamos um olhar profundo por um tempo.

- Não quero que sacrifique nada Sun, você já perdeu muito, quero que tenha tudo o que desejar.- Eu quero você, pensei.

- Não da para ter tudo Eunwoo.- Um silêncio estranho dominou o ambiente.- Eu já vou embora, estou cansada.- Me levantei e ele fez o mesmo.- Foi bom te ver, até a próxima.

- Até domingo.- Neguei e ele segurou meu braço.- Eu te espero domingo na missa, Sun.- Engoli em seco nervosa com a nossa proximidade e seu olhar profundo.

- Eu tenho um aniversário no sábado, vamos a uma boate, não acho que eu vá acordar cedo o suficiente para ir na missa no domingo.- Ele suspirou.

- Até domingo Sun.- Disse por fim indo embora e me deixando para trás.

- Aish! Você vai me enlouquecer Cha Eunwoo.

_

- Bom dia Sun, fico feliz em vê-la nessa manhã.- Reprimi minha vontade de revirar os olhos e forcei um sorriso.

- Bom dia, Padre Cha.- Me curvei.- Como está nessa manhã?

- Radiante.- Um sorriso um tanto quanto debochado surgiu em seu rosto, lhe lancei um olhar mortal e entrei na igreja indo para o meu lugar de sempre.

- Você está péssima.- Da-ra riu da minha expressão mal humorada.- Da para ver a quilômetros que você está de ressaca.

- Ya! Me deixa em paz. Eu pretendia ficar em casa hoje.- Cruzei os braços e fiz bico como uma criança pirracenta.

- E por que não ficou?- Arqueou uma sobrancelha e eu bufei.- Foi o Eunwoo não é.- Riu.- Gostar do padre é pecado, Park Sun-Hee.

- Ya! Fala baixo.- Tapei sua boca, meus olhos arregalados pela altura e tranquilidade com que a mais baixa disso isso, ela estava segurando o riso.- Enlouqueceu?

- Você está aqui com essa cara de acabada só porque ele pediu, amiga, você tem que superar, desse jeito vai acabar sozinha para o resto da vida.

- Vamos mudar de assunto.- Supliquei e ela finalmente ficou em silêncio.

A missa logo começou e eu quase dei pulinhos de alegria quando ela finalmente acabou, ter que encarar Eunwoo com aquele sorriso bonito toda uma manhã não é saudável para mim, muito menos em uma igreja, visto que passei a missa toda tentando reprimir meus pensamentos errados com o mais velho.

- Senhor padre.- Me curvei.

- Senhorita Park.- Revirei os olhos disfarçadamente.- Você revirou os olhos para mim?- Tá, talvez não tenha sido tão disfarçadamente assim.

- O que? Não!- Falei levemente em pânico e ele deu uma risada divertida.

- Melhore esse mal comportamento mocinha.- Soltei uma risada sem graça.- Você ainda não se confessou esse mês, estou esperando sua visita.- Não disse nada apenas continuei meu caminho.

Eunwoo sabe que eu nunca me confesso com ele, na verdade nunca sou sincera nas minhas confissões, afinal como dizer: "Padre eu pequei pois estou apaixonada por um padre e tenho pensamentos impuros em relação a ele durante a missa", ele provavelmente me mandaria para um convento.

O padre /Eunwoo (short fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora