Capítulo ☆^☆ 17

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Cada ser emana uma energia única e individual. Essas diferenças são marcantes, e, por isso, consigo distinguir um demônio de um ceifador. Mesmo antes de me deparar com outros guardiões, tenho certeza de que poderia diferenciá-los de outros seres apenas pela semelhança da energia de Maya.

— Por que está me encarando? — pergunta o ceifador, a confusão estampada em seu rosto.

As batidas recomeçam, e nossos olhares se voltam novamente para a porta.

— Ele parece com você. — As palavras escaparam de minha boca enquanto eu tentava justificar minha observação. Ambos me encararam, confusos. — A energia... tem um toque de semelhança com a sua.

— Com a minha? — indaga Lycoris, em tom de queixa, aproximando-se de mim e de Ly, que ainda estava em meus braços. O ceifador pega o gato para brincar, e eu deixo, sempre me encanta a forma como ele é sempre atraído pelo gato. — Então é um ceifador?

Fiquei hipnotizada, observando o ceifador segurar o animal como se fosse um bebê. Um sorriso suave se formou em meus lábios ao perceber que as semelhanças iam além dos olhos. O cabelo de Lycoris, embora mais escuro, parecia tão macio quanto o pelo do gato. Aposto que ele ficaria muito bem com orelhinhas de gato, até melhor do que com um capuz.

— Não... tem algo diferente — continuo, esforçando-me para afastar pensamentos supérfluos e contendo a vontade de passar a mão na cabeça de Lycoris, como se ele fosse ronronar, assim como o pequeno Ly fazia. — Não é um ceifador... é totalmente diferente das energias que senti no hospital.

A sutil semelhança reside apenas na aura de superioridade compartilhada entre o ser lá fora e o ceifador na minha frente. Eu tinha certeza de que essa característica era específica de Lycoris, algo que combinava perfeitamente com sua personalidade. Será que a criatura do lado de fora também era algum ser com personalidade soberba e insuportável? Ou talvez eu estivesse enganada sobre as individualidades das energias que sentia.

ㅡ Se estiver aprontando algo... ㅡ comenta Maya sugestivamente, lançando um olhar ameaçador para Lycoris.

ㅡ Ela está falando algo totalmente sem sentido ㅡ informa Lycoris com seu deboche, apontando para mim. ㅡ Deve ter batido a cabeça forte na grade e está com problemas de raciocínio agora.

Quando o ceifador apontou para minha testa, cobri o machucado com as mãos, envergonhada da aparência do hematoma.

— Nada disso! — interrompi, irritada com Lycoris. — Sei o que estou falando. A energia dele é diferente. Talvez ele seja um parente distante ou algo assim.

Encarei o ceifador com seriedade, mas ele apenas rolou os olhos.

— Parente distante? Realmente acha que temos isso? — comenta ele, ignorando minhas preocupações. — Então abre a porta, vamos cumprimentá-lo. Preciso conhecer meu tio, ou meu primo de quinto grau.

Assenti com relutância, ainda incerta sobre o que esperar, mas sem ter outra opção a não ser encarar esse novo ser. Abri a porta com raiva, ainda afetada pela implicância de Lycoris. Mal consegui ver quem estava à nossa frente, quando o ceifador fechou a porta abruptamente em seu rosto.

Do outro lado, uma voz grave e autoritária se fez ouvir:

Desistam dessas brincadeiras e cumpram suas obrigações. Vocês sabem que não podem se esconder por muito tempo.

Olho para Lycoris em busca de respostas, mas ele manteve um semblante sério. Em um gesto rápido, ele pegou a chave da porta e girou-a, trancando-a por dentro.

— O quê? — pergunto, confusa, sem entender. — Se ele é um ser do seu mundo... realmente acha que isso vai mantê-lo lá fora?

— Ele ainda não entrou... né? — responde Lycoris, irônico. — Eles são mais educados que nós, gostam de seguir regrinhas sem sentido de etiqueta e fingem ser mais corteses... Ao menos fingem que fazem isso.

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⏰ Última atualização: Nov 05 ⏰

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