Für Elise

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Ciel terminou de trazer toda sua bagagem para dentro. Foi um pouco vergonhoso não ter percebido que a porta tinha trava automática na primeira vez em que foi até o carro. Por isso, precisou tocar a campainha, atrapalhando a escrita de Sebastian, provavelmente quebrando uma das regras. Das outras vezes, ele foi mais esperto e aproveitou um sapato do dono da casa para manter a porta aberta.

Assim que toda sua bagagem estava do lado de dentro, ele subiu as escadas para conhecer seu quarto. Ele não se importaria, por menor que ele fosse. Era de graça. Quer dizer... Ele achava que era de graça. Ele não tinha perguntado sobre esse pequeno detalhe.

De qualquer forma, ele abriu a porta do quarto e não poderia ter se sentido mais surpreso: uma grande cama king no meio do quarto; do lado esquerdo, um guarda roupa espelhado; do direito, a porta para a suíte. Ele respirou, tomando coragem para abri-la. E era incrível novamente. Ele tinha uma banheira de hidromassagem! Era melhor do que qualquer coisa que ele poderia arranjar ou pagar!

"Eu preciso dar um jeito de morar aqui para sempre..." Ciel tampou sua boca ao perceber que o pensamento tinha saído alto demais. Se bem que, ao lembrar que Sebastian era surdo, ele não tinha motivo para não expor seus pensamentos em voz alta.

Ele teve todo o trabalho de trazer suas coisas para cima, mas não sabia se deveria arrumá-las no armário. Ele só deveria passar alguns dias ali, então ele pareceria muito abusado se começasse a se sentir em casa. Não era o certo. O certo era que ele vivesse como um visitante. "Um visitante com banheira de hidromassagem!" Ciel comemorou. Ele realmente precisava de um banho. Mas... Será que ele deveria...? Ele acabou decidindo por uma ducha, apenas. Não poderia aumentar exponencialmente a conta de água de Sebastian, por mais que ele parecesse ter dinheiro para isso.

O motivo de Ciel ter recorrido a Claude nesse assunto era simples: ele ia morar na casa de um 'ficante', mas ele fez o favor de terminar alguns dias antes do início do estágio. Assim, ele tinha um emprego e lugar nenhum para morar.

Ciel saiu do banho revigorado, mas ele estava com fome. Ele não poderia ser folgado e ir até a cozinha comer alguma coisa, portanto, teria que esperar Sebastian fazer a bondade de parar de escrever. Até lá, ele tinha o tédio como seu companheiro. Ele queria conhecer o resto da casa, mas tinha vergonha de acabar trombando com o mais velho e o matando do coração. Ouvir era o que nos alertava da presença de outras pessoas fora do nosso campo de visão. Sem isso, Sebastian devia sentir alguma dificuldade.

O estômago de Ciel roncou. Se o outro não fosse surdo, poderia tê-lo ouvido do outro cômodo. Ele não iria mais aguentar por muito tempo, e seria rude invadir a cozinha.

As luzes começaram a piscar novamente. "O... Telefone...?" Ciel pensou em voz alta. Ele ouviu Sebastian abrindo a porta de seu quarto e descendo as escadas.

Assim, ele resolveu sair também, tentando aproveitar a oportunidade para perguntar o que poderia comer e se precisaria pagar por sua estadia.

Ele parou no topo da escada. Sebastian estava na porta, recepcionando alguém.

Ele saiu da frente da porta e um homem entrou, seu olhar encontrando o de Ciel no mesmo instante. Ele alcançou Sebastian, tocando em seu ombro. "Tem um cara no topo da sua escada."

Sebastian voltou seu olhar para Ciel e assentiu, fazendo um sinal para que ele descesse. Quando o mais baixo chegou até a sala para se juntar aos dois, Sebastian já usava seus aparelhos auditivos.

"Norman, esse é o Ciel. Ele é um amigo de Claude que não tinha lugar para ficar, e vai passar um tempo por aqui." Sebastian se voltou para Ciel. "Esse é Norman, um amigo muito próximo."

Ciel caminhou para mais perto do outro homem. Ele era um pouco mais baixo que Sebastian, tinha cabelo castanho escuro com aqueles topetes que lembram os advogados, olhos castanhos, e tinha covinhas quando sorria. "É um prazer te conhecer. Espero não atrapalhar."

I Just Want to Hear YouOnde histórias criam vida. Descubra agora