Hammerklavier I Allegro

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Ciel já entrava em uma região que ele conhecia muito bem, afinal, ele cresceu naquele lugar. "E ali é a casa de uma moça que vende sorvete. Passei metade da minha infância comprando sorvete lá. A outra metade foi comprando trufas."

Sebastian sorriu com a informação, mas estava um pouco preocupado em como se sairia com os pais de Ciel. Com Norman, ele conhecia os pais dele desde a época do colegial, então não foi um encontro estranho com apresentações desconfortáveis. Com Aimé foi exatamente a mesma coisa. "E você não se tornou um homem gordo."

"Homem? Acho que é a primeira vez que me chamam assim. Eu sempre sou 'o garoto'."

Sebastian demorou algum tempo para garantir que tinha feito a leitura labial corretamente. "Deve ser por causa do seu rosto de criança..." O escritor suspirou, olhando para o lado de fora do carro. "Seus pais devem ser muito legais."

"Por que diz isso? Acho que eles são bem normais."

"Eu nem estou olhando para você e tenho certeza que me perguntou o motivo de eu ter dito isso." Sebastian voltou sua atenção para Ciel, sorrindo um pouco. "Bom... Eu acho que se eu tivesse um filho, eu não me importaria se ele fosse gay, obviamente, mas... Não sei como me sentiria se ele estivesse com um... Deficiente."

Ciel sentiu como se um alarme começasse a tocar dentro da sua cabeça. Assim, ele estacionou o carro na frente de uma loja para conversar. "Você não é um deficiente. Quer dizer... É, mas... É diferente. Você não tem nenhum problema grave, nem nada que te impeça de ter um relacionamento. Além disso, não é muito a sua cara ficar assim."

"Eu sei. E você não precisava ter parado para conversar comigo. Eu só quis dizer que... Deve ser incrível ter uma família assim."

Ciel segurou a mão do escritor. "Vai ser sua família também."

***

Em dez minutos, o casal descia do carro que estava estacionado em frente ao pequeno sobrado.

"Err... Apenas não repare o tamanho da minha casa. Acho que meu quarto é menor que o seu banheiro." Ciel estava um pouco sem graça.

"Ah, se sua casa não tiver mais de 150 metros quadrados eu me recuso a entrar." Sebastian disse ironicamente. "Não se preocupe, Ciel. Eu iria visitar sua casa mesmo que morasse em uma caverna."

Ciel riu um pouco, mas parou assim que imaginou ter escutado uma voz conhecida. Quando ele procurou por algum tempo, notou que sua prima estava do outro lado da rua conversando com um garoto que ele não conhecia. "Ah, Sebastian. Aquela menina do outro lado da rua é minha prima Elizabeth."

Sebastian avaliou a garota por algum tempo. Ela parecia se vestir bem melhor do que vestia seu primo. "A que enviou a roupa gay?"

"Ela mesma. Apesar de ser mais nova, ela sempre adorou brincar de ser minha estilista." Ciel colocou as duas mãos ao lado da boca para que seu grito saísse mais alto. "Ei! Elizabeth!"

A garota loira correu em direção ao primo no mesmo instante, sem nem olhar antes de atravessar a rua. Ela abraçou Ciel. "CIEL!"

"Lizzy...!" O aspirante a pianista tentava se soltar do abraço. "Seus pais já estão lá dentro?"

"Não. Eles não puderam vir, estão cuidando de algum assunto. Isso não importa! O que importa é que você não está NADA fofo!" Elizabeth reclamou. "Ah, Edward resolveu ficar em casa."

Sebastian ficou impressionado com a forma que foi ignorado. Por um momento ele até imaginou estar morto.

"Entendi. Lizzy, esse é o Sebastian. Sebastian, essa é minha prima Elizabeth."

I Just Want to Hear YouOnde histórias criam vida. Descubra agora