"Você gosta dela?" Ciel perguntava pela centésima vez. Todas as outras vezes, ele foi encarado com uma expressão de incredulidade. "Responde, droga!"
"Você realmente está me perguntando se eu gosto de uma mulher?! Claro! Eu estou perdidamente apaixonado por ela! Não vejo a hora de transarmos para eu repovoar o planeta de pequenos prodígios musicais! Ah, também vou aproveitar e matar a minha vontade de frequentar uma igreja, já que sou um gay curado! Acho que coloquei um pouco mais de açúcar no meu café hoje e estou me sentindo tão hétero que vou comprar um armário e montar sozinho, com todas as minhas ferramentas de macho!"
Ciel acabou rindo de toda aquela ironia. "Poderia simplesmente ter respondido que não."
"Eu preciso melhorar minha expressão, porque eu achei que estava óbvio." Sebastian mexeu em alguns papéis que ficavam em cima da mesa onde colocava seu notebook. "Deve ter o telefone de alguma escola de teatro no meio disso."
Ciel voltou a rir. "Ok. Desculpa. Eu não deveria ter duvidado de você. O que aconteceu foi que, quando eu a vi se declarando daquela forma, eu fiquei morrendo de medo que você fosse aceitar." O jovem acabou admitindo.
"Não acho que eu sou tão fácil assim, principalmente com uma mulher." Sebastian suspirou. "E eu já disse tantas vezes que te amo que logo simplesmente perderá o sentido. Vai ser a mesma coisa que dizer bom dia."
"Se for assim... Eu 'bom dia' você." Ciel ficou envergonhado por mais que aquela frase o parecesse idiota. "Por isso não queria que se interessasse em... Namorar outra pessoa."
Sebastian caminhou lentamente até Ciel, mantendo contato visual. "Namorado. Essa é a sua resposta final?"
O aspirante a pianista balançou a cabeça negativamente. "Acho que não é definitiva."
O escritor passou a mão na lateral do rosto de Ciel e deu um beijo na testa dele.
"Na testa? Está de brincadeira?"
"Vai ficar passando vontade para aprender que ser ciumento é feio."
***
Ciel saía de seu emprego. Finalmente sua vida estava caminhando tranquilamente sem nenhum tutor de piano. Ele sabia que era capaz de treinar sem precisar de uma mulher malvada pegando em seu pé. "Como se eu não fosse disciplinado o suficiente." Ele falou para si enquanto caminhava até o estacionamento onde seu carro estava.
"Miau!"
Ciel se virou, imaginando que alguém estava carregando um gato por perto. Para sua infelicidade, dois filhotes o seguiam. Um era branco com uma mancha preta no olho direito e outra na ponta do rabo, e o outro era tigrado e parecia que teria pelo longo quando fosse um adulto. Quando Ciel parou de andar para encarar os gatinhos, eles também pararam, provando que estavam indo atrás dele. "E quem perdeu vocês dois, hein?"
Os gatos começaram a miar como se respondessem de uma maneira complexa.
Ciel pensou por um tempo. Por mais que ele odiasse gatos, não era justo deixá-los aqui. 'Bem que Sebastian poderia ouvir só para eu poder ligar para ele nessas horas...' "Bom... Que tal conhecerem a casa do meu namorado?"
***
Ciel entrou em casa espirrando. Ele conseguiu encontrar uma caixa de papelão para trazer os gatos para casa. Os dois eram bem comportados, não tentaram pular em momento algum, mas não paravam de miar por um segundo sequer.
Sebastian estava sentado no sofá, um livro aberto em seu colo. "Eu diria isso mesmo se você estivesse pelado e se insinuando para mim: você precisa de um banho. Está cheirando cachorro molhado."
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I Just Want to Hear You
FanfictionCiel sonha em ser um pianista famoso, mas não tem condições de morar perto do Concert Hall. Seu colega Claude decide que essa é a oportunidade perfeita de tirar seu amigo escritor, Sebastian, de sua zona de conforto ao forçá-lo a morar com o aspiran...