Turkish March

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Ciel tinha certeza de que estava presenciando sua morte lenta e dolorosa. Sua mente não parava de puni-lo pelo que ele tinha feito na noite anterior.

"Parece que o problema era no termostato." O técnico dizia. "Agora já está tudo bem. Se acontecer alguma coisa de errado de novo, é só entrar em contato."

Sebastian assentiu, levando o técnico até a porta. "Obrigado."

Ciel passava a mão em seus cabelos freneticamente. Ele não conseguiria encarar Sebastian; Ele surtaria se precisasse encarar Norman; E ele nem sabia se estava traindo Alois. "Eu sou um ser humano horrível." Ele confessou.

"O parente do seu amigo ressuscitou?" Sebastian perguntou, chegando mais perto de Ciel, que estava sentado no sofá com as pernas cruzadas para cima.

"Como?" O jovem não estava entendendo nada. Ele não sabia como Sebastian conseguia ser tão natural. Ele tinha acabado de trair Norman!

"Você está com aquela cara feia de novo. Como se algo de errado tivesse acontecido." Sebastian se sentou ao lado dele.

"Mas algo de errado aconteceu!" Ciel o encarou. "Nós nos beijamos! Eu me sinto culpado por causa do Norman!" Ele abaixou a cabeça, resmungando. Ele sabia que Sebastian não o entenderia se ele continuasse a falar sem olhar para o outro.

"Oh..." Sebastian pensou por algum tempo. "Então você é esse tipo de pessoa."

Ciel levantou sua cabeça. "Que tipo de pessoa?"

"Que se preocupa em estragar o relacionamento dos outros." O dono da casa suspirou. "Não precisa se preocupar com isso. Norman já fez pior comigo, apesar de eu não ter feito aquilo para me vingar. Eu fiz porque tive vontade na hora. Isso é tudo. Não precisa surtar, foi só um beijo, e não significou nada."

Ciel engoliu em seco. Ele jamais imaginaria que Sebastian era tão resolvido daquela forma, ou que Norman já havia o traído, ou que aquele beijo não tinha significado nada. Por mais que eles não se amassem, aquilo não pareceu um beijo de completos desconhecidos. "Entendi." Ciel ficou feliz em conseguir colocar alguma palavra para fora. Ele estava chocado com todas aquelas informações. Além disso, só conseguia concluir que o beijo foi motivado por pena.

Sebastian se ajeitou no sofá, ficando de frente para Ciel e ainda mais próximo. "Significou alguma coisa para você?"

Ciel queria fugir dali. Ele não sabia o que dizer. Era óbvio que ele não amava Sebastian: eles não se conheciam o bastante para isso. Ele só tinha uma vontade estranha de conhecê-lo cada vez mais, só que ele pensou que era um sentimento de amizade. No fim, ele concluiu que era culpa da beleza de Sebastian. Se ele fosse menos bonito, ou mais baixo, ou tivesse alguns quilos a mais, Ciel jamais se sentiria daquela forma! 'É isso! Eu estou atraído pela beleza dele!' Ciel finalmente entendeu. "Não. Eu só acho que você é muito bonito. Isso é tudo."

"Ótimo." Sebastian colocou a mão na cabeça de Ciel. "Amigos?"

O mais jovem assentiu, apesar de estar surpreso com o toque repentino. "Amigos."

***

Norman estava de bom humor. Isso era algo que não lhe ocorria há algum tempo, mas, com a mensagem recebida essa manhã, ele não poderia se sentir mais feliz.

'Ciel vai se mudar no sábado que vem.'

Ele poderia sorrir o dia inteiro se relesse esse texto o tempo todo. A verdade era que Norman se sentia extremamente desconfortável com Ciel morando naquela casa. Ele e Sebastian já tinham discutido por muito tempo se deveriam morar juntos, e a resposta era sempre a mesma: "Não precisamos ter pressa", ou "Nossas carreiras vão ser afetadas".

I Just Want to Hear YouOnde histórias criam vida. Descubra agora