Polonaise

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Com a aliança correta em seu dedo, Ciel se preparava mentalmente para subir ao palco. Todos os espectadores já estavam em seus lugares, inclusive Sebastian, que iria assistir tudo junto com Claude e os outros. Era a primeira vez que ele faria uma apresentação na frente de tantas pessoas e, mesmo sabendo que tinha treinado muito, ele tinha medo de errar algo importante. 'Se eu errar, o resto da orquestra vai encobrir meu erro.' Ele tentava se convencer de que era praticamente impossível perceberem que ele errou uma ou duas notas. Apenas o maestro perceberia.

O último aviso tocou. Todos os integrantes subiram ao palco, tomando seus lugares, pegando seus instrumentos, quando necessário. Ciel caminhou rapidamente até o piano, com medo de tropeçar por causa da falta de iluminação, já que as cortinas ainda não tinham sido abertas, e as luzes do palco estavam todas apagadas. O jovem tateou rapidamente, sentando-se ao banco e levantando a tampa que cobria as teclas do piano. Sua partitura já estava aberta na página correta.

Assim, a cortina finalmente se abriu, e toda a iluminação foi voltada para o palco.

Nenhuma palavra foi dita. O maestro bateu a batuta duas vezes antes de iniciar o primeiro movimento. Ciel não sabia o que os convidados conseguiam escutar, mas ele percebeu que todos que tinham instrumentos de sopro encheram o peito. E então, com o primeiro movimento, todos começaram a tocar.

Sebastian assistia sem muita atenção, sabendo que nada da música seria capaz de alcançá-lo.

'Eles estão em perfeita harmonia hoje.' Claude gesticulou. 'Ciel não errou nada.'

Sebastian assentiu, imaginando que era a verdade. Todos pareciam satisfeitos. Quando ele era pianista, ele não saberia dizer se as pessoas estavam gostando ou não, já que tinha que se concentrar fixamente no piano e na partitura. Agora, ele podia perceber como as pessoas reagiam aos diferentes momentos da música.

'Acho que ele está bem nervoso.' Claude continuou, tentando evitar que Sebastian acabasse aborrecido com lembranças.

O escritor finalmente mudou sua atenção para Ciel. Ele não o observava desde o início, como se tentasse evitar aquele ponto em específico, por não querer se machucar com as recordações. Infelizmente, era quase impossível não se sentir mal por jamais poder subir em um palco e tocar para todas essas pessoas. Porém, o pior era nunca mais poder ouvir a música.

'Está tudo bem?' O policial perguntou.

Sebastian não respondeu por algum tempo. Eram sentimentos conflitantes em mesma intensidade. Ele estava triste por ter sido obrigado a largar seu sonho, mas ele se sentia feliz por Ciel, e por ter vencido um de seus grandes medos, que era voltar ao Concert Hall. 'Mais ou menos.'

'Quer sair?'

Sebastian negou rapidamente. Ele não deixaria de assistir aquela apresentação de forma alguma. Por mais que ele se sentisse desconfortável, ou com vontade de correr para o lado de fora, era importante finalmente vencer esse último passo. 'Vou ficar enquanto ele estiver aqui.'

Claude sorriu, dando tapinhas nas costas de Sebastian, sentindo-se orgulhoso.

***

"Não! Hoje é por minha conta!" Ciel levantou seu copo. "Muito obrigado pela presença de todos!"

Os outros oito integrantes da mesa também levantaram seus copos. Em sentido horário, partindo de Ciel, eles eram Sebastian, Claude, Hannah, Lee, Jean, Rachel, Vincent e Elizabeth.

"Discurso!" Claude gritou, e mais alguns se uniram a ele.

"Está bem." Ciel se levantou. "Eu queria primeiramente agradecer aos meus pais por terem me apoiado e me apresentado o piano. Sem eles, eu teria dedos atrofiados." Ele riu um pouco. "Também, claro, agradeço a minha prima Elizabeth, que sempre ficava decepcionada quando queria sair, e eu só queria saber de treinar e tocar piano. E ao Sebastian." Ciel fez uma pausa para encará-lo. "Que, além de ter me abrigado por todo esse tempo, sempre apoiou meu sonho e... Foi bem tolerante comigo. Tolerante até demais, eu confesso. Eu te amo."

I Just Want to Hear YouOnde histórias criam vida. Descubra agora