"Obrigado e volte sempre." Ciel abriu a porta para que um cliente saísse. Ele era um funcionário do tipo que ajuda a encontrar livros, ou seja, precisa conversar com clientes o tempo todo. Ele preferiria trabalhar no caixa, mas não tinha vaga alguma. Vender ternos era totalmente diferente disso, porque ele gostava e tinha muito conhecimento sobre ternos, mas... Sobre livros, ele só sabia 'O Segredo de Richard K. Stephenson' e que Horton era um elefante branco que ouvia um 'quem'. Ou seja, um completo idiota, já que qualquer um que visse a capa, ou conhecesse Sebastian teria o mesmo ou até mais conhecimentos.
Ciel fechou a porta com um suspiro. Os dias pareciam se arrastar e nunca mais terminar. Se bem que o tempo que ele passava no trabalho parecia curto, tendo em vista que ele tinha que chegar em casa e arrumar tudo para a chegada do 'rei'. E quando Alois chegava, era pior ainda. Eram brigas constantes, que sempre acabavam com Ciel dormindo no chão. De manhã ele recebia mil pedidos de desculpas e juras de amor. Para então, tudo se repetir no dia seguinte.
Ciel sentia que, ao invés de um herói, ele estava se tornando um refém.
O jovem caminhou pela loja, dando a chance de alguém chamá-lo caso precisasse de ajuda. A loja estava bem parada para aquele horário, parecia que estava havendo um evento de livros em um centro de convenções, por isso as pessoas estavam preferindo ir até lá. Nada que a semana seguinte não ajudasse a normalizar.
Em um dos corredores formados por prateleiras de livros, Ciel reconheceu um rosto. Ele se aproximou um pouco para ter certeza, já que só havia o visto de terno e gravata. "William?"
O editor se virou, parecendo demorar algum tempo para reconhecer o jovem. "Ah, o antigo brinquedo de Sebastian. Minha nossa, você sabe trabalhar? Estou surpreso."
"Eu sempre trabalhei." Ciel reclamou. "E eu tenho nome! Ciel Phantomhive."
William deu de ombros. "Bom, já que trabalha aqui, talvez possa me adiantar o motivo dos livros do seu antigo amorzinho estarem tão mal organizados. Sabotagem?"
"Eu sei lá. Eu só encontro os livros e entrego aos clientes." Como se Ciel tivesse algum ânimo para sabotar alguém.
"Sei..." O editor cruzou os braços. "Bom, tanto faz. Fique por aqui. Vamos precisar de ajuda para trocar tudo de lugar."
'Ah, então ele também manda nas livrarias? Que horrível.' Ciel achou que o único que precisaria sofrer com a presença do Editor do Mal era Sebastian, mas ele parecia estar tremendamente enganado.
O gerente da loja se aproximou dos dois. "Senhor Spears, a que devo a visita?"
"A essa estante ridícula. O que eu já falei sobre esconder os livros que são mais vendidos?" William reclamou.
"Ah, eles não estão escondidos. 'Tudo Aquilo que Não Pode Ser Dito' está em destaque no balcão principal. Os outros livros que mais saem estão em destaque na categoria deles. Já esses que não são os mais famosos, estão aqui." O gerente explicou como se devesse explicações ao editor. "Como acha que ficaria melhor?"
"Podemos combinar destaque para o livro novo, mas gostaria que todos os outros ficassem reunidos no mesmo lugar." William olhou. "Pode ser onde os outros estão."
"Está bem. Ciel, pegue o carrinho e tire todos os livros daqui que são do Stephenson e nos encontre no setor de romances."
"Sim, senhor." Ciel foi buscar o carrinho. Parecia um de supermercado misturado com um de casa de construção. Ele era bem amplo e mais baixo que os comuns, o que dificultava tirar os livros, já que o jovem não era muito favorecido verticalmente. Ele pegou o veículo e preferiu pegar outro corredor para voltar por causa de dois clientes que conversavam sobre um livro em seu caminho.
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I Just Want to Hear You
FanfictionCiel sonha em ser um pianista famoso, mas não tem condições de morar perto do Concert Hall. Seu colega Claude decide que essa é a oportunidade perfeita de tirar seu amigo escritor, Sebastian, de sua zona de conforto ao forçá-lo a morar com o aspiran...