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Dante

Isso não pode estar acontecendo, deve ser algum engano ou sonho louco.

Giulia foi a única pessoa em toda a minha miserável vida que realmente amei. Amor era uma palavra forte para ser usada por mim. A última mulher que, algum dia, pôde me amar minimamente, morreu em um trágico acidente. A minha mãe não era de sangue. Essa era uma prostituta drogada que fez da minha existência, aos cinco anos de idade, um inferno.

Nunca tive sorte para o amor ou uma família normal. Não que eu estivesse reclamando da minha vida com meus irmãos. Se não fosse por Paola, eu nunca teria uma família por quem lutar. Aquela mulher não me odiou por ser um bastardo do seu marido, ela me defendia e me amava. E era punida por isso. Meu pai era um tirano, filho da puta.

Sempre disse a mim mesmo que nunca amaria ninguém, que eu não seria o escolhido e que alguém jamais me amaria de verdade. Então, em uma noite estrelada e fria, Giulia apareceu. Seus cabelos loiros estavam soltos e uma mecha caía sobre o seu rosto. Seu sorriso era doce, o vestido tomara que caia era de tirar o fôlego e o rosado das suas bochechas me deixou encantado.

Nenhuma mulher jamais havia me tirado da realidade nem me chamado a atenção como ela. E eu sabia, naquele momento, que deveria deixar aquela bobagem de atração ir para o inferno e seguir em frente.

Puta merda! Eu não consegui. Meu instinto me dizia a todo tempo que seria errado, que eu me daria mal, porém optei por ouvir o meu pau idiota e acabei em uma armadilha. Não pensei que me apegaria ou que me apaixonaria pela doce Giulia Santini.

A menina era prometida a um babaca qualquer. Matar o imbecil foi um ato exagerado, no entanto foi ele quem me provocou. E quando ele descobriu sobre nós, a única forma de calar a sua boca foi, simplesmente, calando-o para sempre.

Cometi erros após erros por conta dessa paixão, então Michael chegou à Drakoy e destruiu a minha paz. Meu irmão precisava de mim e eu não poderia levar Giulia para o meio desse furacão. Achei que fosse a ideia mais lógica. Evitei usar o meu coração, contudo acabei perdendo tudo.

Ajudar minha família era o meu dever e decidi escolhê-la em vez do que eu realmente queria, e passei a pagar por essa escolha todos os dias.

E, naquele instante, eu sabia que, além do ódio de Giulia, eu tinha uma filha, uma criança que fazia parte de mim e do amor que eu sentia por ela. Eu não sabia se tinha mais medo de ser pai ou do que Marcos poderia fazer com essa criança.

Sua mãe não me perdoaria tão facilmente e eu entendia que teria que lidar com isso, todavia, no momento, o meu único objetivo era levá-las para um lugar seguro. Foi dureza convencer Giulia. Eu não poderia ajudá-la se ela não baixasse a guarda, porém não poderia, simplesmente, levá-la embora com a minha recém-descoberta filha.

Meu celular tocou no bolso. Como se eu já não tivesse problemas demais, Lorenzo ligou para mim na pior hora.

— Algum problema? — perguntei, sério, pensando que usar a minha raiva não seria legal.

— Onde você está? — Diferentemente de mim, meu irmão não era tão delicado.

— Tentando resolver algo pessoal. Não me diga que ateou fogo no escritório, pois só isso explicaria toda a sua urgência e irritação.

— Não estou para brincadeiras, irmão.

— Não estou brincando. Na verdade, estou tentando ser cordial — expliquei, ficando ainda mais furioso, olhando as horas e vendo que Giulia estava atrasada.

Bem que eu deveria ter ido com a mulher. Mas nos últimos meses, ela tinha se tornado bem teimosa e raivosa. Com razão.

— Se não se importa, vou desligar. Estou resolvendo um problema pessoal e não quero me estressar mais do que já estou estressado.

A filha rejeitada do mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora