Dante
Era só o que me faltava. Justo quando achei que teria um minuto de paz.
O miserável do Marcos estava tentando me tirar do sério. Eu deveria ter acabado de vez com esse idiota, porém não queria ter que o matar, justamente por ser o traste do pai de Giulia.
Eu havia botado o meu melhor homem na cola dele, no entanto tudo estava em risco no momento. Não iria ter um minuto de paz até encontrá-lo.
Planejei me casar com Giulia o mais rápido possível, e exatamente quando isso estava prestes a acontecer, o miserável sumiu, arriscando esse pouco de felicidade.
Questionei ao Gabriel o porquê de eu só estar sabendo disso naquele instante, e o imbecil nem sabia quando tinha perdido o rastro dele. Naquela hora, ele já deveria estar longe, arriscando chegar à Grécia e me tirar tudo outra vez. É claro que o babaca teria que ser maluco de vir diretamente ao meu encontro, mas eu sempre soube que é melhor estar de olho no inimigo do que o deixar à vontade para tramar contra mim.
— O que isso quer dizer? — O olhar de pânico de Giulia era o que eu queria evitar. Não queria que ela soubesse disso e se preocupasse antes do nosso casamento. — Acha que ele viria até nós?
Andei em sua direção, depois de guardar o telefone no bolso, e a abracei, encarando o carrinho de bebê na minha frente.
— Nós vamos achá-lo — tentei parecer convincente. — Aposto que ele deve estar a quilômetros de distância. Não viria atrás de nós assim. Apesar de estarmos longe de casa, qualquer coisa que acontecesse conosco seria resolvida pelos meus irmãos. Marcos não seria tão burro.
— Como pode ter certeza? — Afastou-se de mim um pouco e me encarou com o cenho franzido. — Não confio no meu pai.
— Eu também não. Por isso vou tratar de reforçar a segurança. — Ela continuou me olhando, preocupada. E eu não podia tirar a sua razão, afinal, aquele homem já tinha lhe causado muita dor. — Vamos para casa — sugeri. — Creio que não vá se sentir confortável depois disso.
— Não vou mesmo — concordou.
Pegamos as coisas e nos dirigimos ao carro, no qual entramos e fomos direto para casa. Passei todo o caminho pensando. O silêncio ao lado era um mal sinal. Eu estava feliz, porém aquela notícia estragou o dia.
Eu não queria ter medo daquele miserável. Dante Mitolli não tinha medo de quase nada, a não ser que fosse algo envolvendo a mulher que ele amava e a sua filha. Elas eram o meu ponto fraco. Se alguma coisa acontecesse, eu estaria de mãos atadas, à mercê de qualquer um.
— Meu pai não tem tanto poder assim, não é? — Giulia perguntou, pegando em minha mão para chamar a minha atenção.
— Depois do que houve, deixei claro o que aconteceria se ele viesse atrás de nós. Os aliados que temos formam um alicerce forte. Seu pai ainda tem benefícios e não acho que realmente enlouqueceria, deixando tudo de lado para vir atrás de vingança.
— Mas está preocupado — notou.
— Sim. De fato, estou — confessei ao respirar fundo.
Não importava quão forte éramos ou se a realidade para Marcos seria o seu fim. O fato de ele ter sumido justo naquele momento me deixava amedrontado.
— Você e Nina são tudo para mim. Para muitos, ainda sou um bastardo asqueroso que vivi de regalias.
— Você comanda esse negócio.
— Nada disso importa. — Eu já tinha ouvido muita coisa a meu respeito, e nenhuma era boa, no fim das contas. — O que importa agora é que vamos ser felizes. Aquele idiota não pode tirar isso da gente. Mantê-lo sob vigilância me dava paz para dormir à noite, porém não vamos deixar que isso afete as nossas vidas.
Seu rosto ganhou um pouco de cor, mas o sorriso não era verdadeiramente de felicidade. Eu também não estava nada feliz, apesar do discurso, contudo Marcos estaria expulso das preocupações das nossas vidas até o fim daquela semana.
Logo chegamos em casa. Tudo estava como antes, nada fora do lugar. Deixamos que trouxessem as compras e subimos para tomar um banho. Depois preparei um jantar.
Nada me tirava da cabeça que aquele filho da mãe estava planejando algo.
Intuição ou fantasia?
Saindo pela porta dos fundos, chamei Esteves.
— Quero a guarda reforçada o quanto antes — exigi. — Meus irmãos chegarão amanhã. Terá muita gente envolvida nesse casamento, e não quero nada fora do lugar. Entendeu?
— Sim, senhor.
— Ótimo.
***
Acordei no meio da noite, sentindo a sua brisa fria. Levantei-me e encarei a janela entreaberta. Estava tudo escuro e um barulho estranho soou ao lado de fora.
— O que foi? — Giulia perguntou, sonolenta.
Outro barulho estranho, baixo e curioso veio do mesmo lugar. Olhei pela janela com cautela e vi dois dos meus homens no chão da rua.
— Dante!
— Levante-se e pegue a Nina! Agora! — meu tom de voz assustou Giulia, que logo ficou de pé, calçando as sandálias.
Busquei acender o abajur apenas para encontrar a minha arma, que eu não sabia que usaria naquele país. Um barulho sutil perto de mim atravessou os meus ouvidos quase ao mesmo tempo em que o objeto atravessou o meu peito. Um segundo barulho soou e, dessa vez, veio acompanhado do desespero de Giulia.
Eu não sabia por que, até que me virei e encontrei um homem na escuridão. Marcos estava na casa, segurando uma arma em minha direção. Tudo parecia estar em câmera lenta para mim. Não pude segurar o meu próprio corpo e caí no chão, ouvindo os gritos dela e a vendo correr ao meu encontro.
— Não! — ela disse.
Quase não entendi o porquê de tanto desespero. O sangue nas suas mãos era meu, mas eu não o senti. Não senti a dor.
— Por favor, não!
Marcos entrou no quarto, ainda com a arma em punho, e foi aí que eu realmente fiquei em choque. Ele se aproximou do berço no qual Nina estava. Os berros da menina só não eram mais altos que os da sua mãe, que correu para junto dela.
— Saia da minha frente! — o homem gritou.
— Não! — sua filha respondeu com lágrimas no rosto. — Não a machuque, por favor. Eu faço qualquer coisa. Faço o que quiser. Só não a machuque.
Tentei ficar de pé para pegar a arma, porém não consegui. Balbuciei seu nome e tentei dizer algo, mas também não foi possível. Vi Marcos puxando a filha para fora do quarto. Antes de eles sumirem, olhei uma última vez para ela, que chorava.
Ao tentar me levantar uma segunda vez, senti a dor no peito. Arrastei-me até o berço no qual Nina estava desesperada. Nenhum dos meus guardas veio até mim. O que significa que não sobrou nenhum.
Pensei que fosse um pesadelo, todavia nada me acordava daquilo. Ao lado de fora, eu vi homens derramando algum líquido no chão e depois ateando fogo. No meu maior desespero, arrastei-me para pegar o celular e, com dificuldade, levantei-me e voltei ao berço. Peguei minha filha nos braços, rezando para conseguir sair da casa antes que ela fosse consumida pelas chamas.
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A filha rejeitada do mafioso
Chick-Litsegundo livro da duologia: Irmãos Mitolli livro 1: o bebê herdeiro da máfia Ele se apaixonou pela filha prometida do capo e a largou grávida por conta de uma promessa. Dante era o mais velho dos irmãos Mitolli. Era ele quem coordenava e comandava os...