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Giulia

Acordar e o ver com Nina nos braços era como um sonho louco que, constantemente, eu tinha enquanto fugia de um lugar para outro. Eu, apesar de magoada e com muita raiva, sempre desejei que minha filha pudesse ter um pai e uma vida confortável.

Dante voltou decidido a se tornar um homem diferente. Surpreendi-me e fiquei amedrontada, pois na última vez em que estávamos de bem e planejando um futuro juntos, algo aconteceu e me levou essa felicidade.

Eu ainda sentia medo de que tudo isso fosse um sonho ou um surto dele e que, quando ele se tocasse, fosse embora outra vez. Não importava quanto tempo tinha se passado, eu ainda o amava. Pensei que aceitar o seu pedido daquela forma foi rápido demais e uma tolice, todavia não pude me segurar. Não poderia mentir, dizendo que não queria isso, porque meu desejo me levou para os seus braços.

Mesmo falando que não era bom com crianças, Dante estava se saindo bem como pai. Pelo menos por enquanto. Sempre acordava mais cedo, pegava Nina do berço e aproveitava os primeiros minutos do seu dia ao lado dela.

Um mês no paraíso, além de me dar muita alegria, também me deu calafrios. Eu não estava acostumada com tanta sorte e felicidade, e algo me dizia que isso estava fácil demais.

É bom demais para ser verdade.

O pôr do sol naquele país era algo divino. Coisa que em Drakoy quase não existia, pelo clima sempre frio e com nuvens. O que só reforçava o pensamento de que tudo era um sonho.

O beijo na nuca que me fez cócegas, alegrou-me. Eu estava tentando ler um livro, sentada em um sofá confortável da varanda. Falhei nisso, por não conseguir me concentrar.

— Eu gostaria de saber no que está pensando — ele disse, ainda apoiado no sofá.

Eu o senti se afastar, dar a volta e se sentar comigo. Nina devia estar no berço, dando seu cochilo. O que nos daria alguns minutos de folga.

— Ultimamente está pensativa. Devo me preocupar?

Dei um sorriso solto, fechei o livro e o pus de lado. Encarei Dante, que ria ao me olhar. Às vezes me sentia tímida, como se fosse uma menina boba perto dele.

— Sempre deve ficar preocupado — brinquei.

— Claro.

— Mas agora só estou admirando a vista e pensando em nós — revelei, voltando a apreciar a paisagem.

Era lindo o pôr do sol na Grécia. A luz descia no mar, deixando o céu com uma mistura magnífica de cores.

— Então, eu devo realmente ficar preocupado. — Encostou-se no sofá e me abraçou. — Meu medo é de que mude de ideia sobre nós. Se continuar pensando, vai notar que eu não valho a pena.

— Não seja bobo — eu o repreendi, franzindo o cenho. — Eu amo você, e a única forma de eu desistir do nosso compromisso é se me decepcionar novamente.

— É um medo recorrente. — Dante prestou atenção em mim, que o encarava, passou os dedos sobre o meu rosto e olhou para os meus lábios.

O homem estava quase perfeito com a camisa branca de botões e a calça azul de alfaiataria. Ele tinha se barbeado e aparado os cabelos. A aparência madura era o seu charme. E, pela primeira vez, eu o estava vendo relaxado. O sorriso combinava com seu rosto, algo que era raro de se ver.

— Sabe que isso ainda pode acontecer — ele comentou.

— Você quer parar com isso? — reclamei outra vez. — É uma confissão ou uma prévia?

A filha rejeitada do mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora