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Dark

Se alguém tivesse me falado que eu estaria prestes a presenciar o casamento de Dante Mitolli, eu riria até não poder mais. O homem era um esquisitão calado e frio demais para amar alguém. Porém, foi como aconteceu comigo. O mundo sempre nos surpreende.

Tínhamos acabado de chegar a um hotel em Atenas, na Grécia. Em vinte e quatro horas o homem que eu amava provocar por ser tão sério e insensível se casaria com uma mulher linda que tinha nos braços uma menina fofa, de cabelos claros e olhos castanhos. E, pior, ele estava de joelhos pelas duas.

Piadas à parte, Dante já tinha sofrido muito para uma vida só. E apesar de não dizer em voz alta, eu estava feliz por vê-lo tão feliz. Se até eu, uma mulher que todos achavam desprezível, consegui achar a minha tampa do pote, ele também merecia isso.

Quem sabe, assim, possamos dar aos nossos filhos o que nunca tivemos dos nossos pais?

Lorenzo estava tão empolgado, que até parecia que era o casamento dele. De novo.

— É uma tradição — ele disse, argumentando sobre uma despedida de solteiro surpresa. — Eu tive uma, apesar de que se fosse organizada pelo meu irmão, não teríamos nos divertido tanto.

— Ah, é? — Ergui uma das sobrancelhas ao ouvi-lo se gabar e me levantei da poltrona na qual estava descansando após ter tirado os saltos pretos que deixaram os meus pés doloridos. — Como vocês se divertiram naquele dia? — Aproximei-me dele, notando que ele já não estava mais com aquele sorriso no rosto. — Pelo que sei, vocês beberam até amanhecer em uma das boates. Naquele dia, eu me convenci de que você, ao declarar seu amor por mim, não faria nada para que eu tomasse a atitude de cortar seu pau fora.

— Calma, amor. Eu só disse que nos divertimos muito, não que fizemos algo de errado — explicou-se. — O que acha que eu faria um dia antes de nos casarmos?

Ri por deboche, pois não era muito de confiar em homens.

— Acredite: homens são tão idiotas, que sempre arrumam algo para estragar tudo. — Apertei sua gravata. Ele estava quase a tirando, mas impedi com meu aperto, que foi como um ato de ameaça. — Caso eu desconfie que algo a mais aconteceu nessa sua despedida de solteiro ou que vai acontecer, não medirei esforços, querido, para você se arrepender de ter me traído.

— Eu te amo e sou seu por completo. É um fogo que quase não aguento. Por que acha que eu iria procurar outra que não fosse você?

— Fico feliz que pense assim. — Puxei o tecido, fazendo com que sua cabeça descesse até mim, e fiquei cara a cara com o babaca. — Posso amar o que tem dentro das suas calças, mas tem formas mais divertidas de eu me dar prazer. Então, não pense que eu não me livraria do seu pau.

— Eu amo você. E está me machucando. — Soltou-se. — Eu quero me divertir à moda antiga: bebendo e relembrando algumas coisas do nosso passado, não transando com uma mulher grega. Além do mais, Dante é careta. Ele praticamente deixou tudo que tinha no nosso país para vir atrás do amor dele. Acha que ele trairia a Giulia?

— Acho que você e seu irmão são pessoas diferentes.

Parece que, dessa vez, ele se ofendeu, pois fechou a cara e estreitou os olhos, voltando-se para mim.

— Está me dizendo que não confia em mim?

— Estou dizendo que é um idiota e que idiotas sempre cometem erros. — Pus as mãos na cintura e o encarei como uma forma de desafiá-lo. — Então, não seja um idiota.

Nossas preliminares eram sempre assim: uma mistura de provocações e, depois, os beijos cheios de força e feromônios. Mas o telefone tocou antes que tudo começasse. O que me deixou furiosa, pois eu estava gostando da preliminar.

A filha rejeitada do mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora