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Dante

Não era do meu agrado levá-las para longe de mim, entretanto era o mais seguro. Giulia estava presa, e eu sabia que isso não iria funcionar. Ela já estava vivendo assim por todo aquele tempo. Ser alguém sempre a impedindo de fazer o que queria só a afastaria de mim. Além do mais, eu sabia bem o que a tinha feito passar. Só esse fato era o suficiente para a fazer me odiar.

Pelo menos consegui realizar um de seus sonhos. E era o melhor para a minha filha. Óbvio que eu nunca iria deixar de protegê-las ou de saber como estaria Nina, todavia, se eu queria ser o mais diferente possível do meu pai, teria que fazer o que fosse melhor para ela.

Giulia estava desconfiada e se calou o caminho todo. O que foi estranho. Não queria chateá-la, então a deixei em paz.

Essa estava sendo a coisa mais difícil que eu já tinha feito, sendo que já havia passado por muita merda.

Foi difícil achar um lugar que fosse seguro para as duas, já que nossa família era conhecida no mundo todo, fosse por parceiros ou inimigos.

Longe de Drakoy, sem uma ligação, eu não fazia ideia do que estava acontecendo, e isso me preocupava. Era insuportável saber que eu não poderia resolver esse problema da forma que eu queria. E eu já tinha magoado Giulia demais para a pedir que ficasse comigo.

— Então... Como vai ser a partir de agora? — ela me questionou.

— Vocês ficarão sob a minha proteção. Eu sei de tudo que acontece aqui. Só peço para que seja discreta — não consegui ficar quieto.

Eu estava desconfortável, sentindo-me um lixo por saber que tudo aquilo era culpa minha. Sabia que estava abrindo mão daquilo que eu amava, mas que era o melhor a ser feito.

— Sempre que possível, vou estar aqui. E tudo o que quiser, basta ligar para mim, que darei um jeito de conseguir.

— Acha que meu pai vai encontrar este lugar?

— De forma alguma. E mesmo se ele tentar, saberei antes de tudo. Tem a minha palavra de que nunca mais vai precisar ter medo dele ou de alguém.

— Sua palavra não é de muita valia — rebateu, amarga. — Já me ferrei uma vez.

— Giulia, eu sei que sou um bosta por tudo que fiz com você, mas acredite que desta vez estou me esforçando para fazer o que é certo.

— Você diz que fará o possível para estar aqui, mas, com certeza, vai nos esquecer neste lugar. — Irritou-se.

— Você que me pediu para ir embora, se esqueceu? — Cerrei os olhos ao me aproximar dela e da criança, que começava a ficar chateada com a nossa conversa. — Se dependesse de minha escolha, eu nunca a levaria para longe de mim. — Fitei seus olhos, sentindo que cometi um erro ao fazer isso. — Posso ser um dos piores homens que já teve o desprazer de conhecer, mas tenha certeza de que a amo. Eu nunca quis tanto uma coisa, porém nada na minha vida vem tão fácil.

— Me poupe. Você já teve essa oportunidade. — Revirou os olhos.

— É. E eu fiz merda. Entretanto, dessa vez farei diferente.

— Como vai ser diferente dessa vez?

— Vou pôr a proteção das duas acima do meu desejo. — Ela franziu o cenho, sem entender. — Não tive um pai bondoso ou amoroso e nunca imaginei que algum dia me tornaria um, mas olha só, eu tenho uma filha e devo ser para ela o que ele nunca foi para mim. Se isso significa que Nina deve crescer longe de mim, farei isso.

— Então, é assim que vai ser? — Franziu o cenho. — Vai aparecer quando der?

— Foi você que insistiu em ir embora — lembrei-a. — Não posso, simplesmente, estar aqui a todo momento, e pensei que quisesse distância de mim.

— Não significa que você não possa ser o pai dela.

— Quero ser bem mais do que o pai dela para você, mas sei que agora está chateada, com razão, e não vai pensar duas vezes antes de me mandar embora.

— Ok, então — disse antes de sair da minha frente, chateada.

Não conseguia entender as mulheres. Eu achava que sim, mas parecia que nada do que eu fazia, agradava-as.

Gostava de pensar que estava tudo sob controle na minha vida, contudo esse controle foi roubado de mim e eu nem tinha percebido. Sempre soube que sentimentos são complicados, por isso deixava esse problema para os outros, pensando ser imune a ele. No entanto, acabei descobrindo que era tão suscetível a isso quanto os demais à minha volta. O que estava me deixando maluco. 

A filha rejeitada do mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora