Dante
Eu tentei abrir os olhos, entretanto a luz me incomodou. Eu não sabia onde estava, nem com quem, só sentia que estava pesado. Alguém dormia ao meu lado. Aos poucos fui me acostumando com tudo e tomando coragem para ver o que estava em minha frente.
Assim que consegui enxergar nitidamente, olhei em volta e vi o quarto branco com uma enorme janela, cortinas azuis, móveis brancos e detalhes azul-escuros. Ao meu lado estava Giulia encolhida em mim.
Devagar, fui me recordando do que aconteceu e logo precisei buscar por respostas.
— O qu...? O que aconteceu? — minha voz falhou e eu tive que pigarrear para poder dizer alguma palavra.
Giulia se mexeu. Acreditei que eu a tivesse acordado. O que eu me lembrava da última vez que nos vimos foi que eu levei um tiro e que ela foi levada pelo idiota do pai. Também me recordei de Nina. Tive que a carregar para longe da casa pegando fogo.
— Giulia, você está bem? Onde está a nossa filha? Onde está a Nina? — Eu me senti desesperado, já que não sabia quanto tempo havia passado.
Giulia se levantou de onde estava. Ela também usava roupas de hospital. O que me deixou com mais questionamentos.
— Você acordou. — Riu ao tocar em meu rosto. — Ela está bem, graças a você e aos seus irmãos — contou, abraçando-me. — Achei que tivesse morrido — a emoção na sua voz a deixou trêmula. Eu ainda tinha tanto para perguntar. — Você ficou desacordado por alguns dias após aquele episódio.
Depois que ela se afastou de mim, encarou-me de frente.
— Quanto tempo? — Fiquei preocupado.
— Uma semana. Perdeu muito sangue e teve que fazer uma cirurgia.
— Onde está a nossa filha? Com quem ela está?
— Não precisa se preocupar, ela está com a sua família — disse com um sorriso. — Eles conseguiram me achar. Marcos acabou morrendo, e eu achei melhor assim.
Isso era um alívio. Lembrei-me do dia em que Dark me aconselhou a matá-lo. Eu deveria tê-la escutado.
— Perdoe-me. — Peguei em sua mão, ainda sentindo a garganta arder.
Percebendo isso, Giulia se esticou para pegar um pouco de água para mim. Seu corpo estava bem machucado.
Eu ainda iria parar para entender tudo que ocorreu na minha ausência.
Foi um alívio sentir a água entrar pela minha garganta.
— Não tem por que pedir perdão — disse após devolver o copo à superfície da mesa. — Tudo isso foi culpa minha. Foi meu pai que quase matou você.
— Prometi proteger as duas e acabei falhando — lamentei-me. — Depois de tudo, da nossa reconciliação, eu quase as perdi outra vez.
— Dante, pare. Você não teve culpa. Se não tivesse tirado Nina de lá, ela poderia não estar aqui conosco. — Acariciou o meu rosto. — Não tenho como agradecê-lo.
— Eu nunca deixaria a minha filha.
As imagens daquela noite vieram à minha cabeça. Eu não queria ter que me lembrar do fogo e dos gritos desesperados da minha filha. Naquele momento, eu só pensava em me arrastar para longe e a levar comigo.
— Eu não suportaria perder nenhuma das duas.
— Tudo vai ficar bem agora. — Deixou um beijo no meu rosto. — Sem meu pai, não tem o que temer mais.
— Mesmo que tenha, dessa vez não deixarei que ninguém toque nas duas.
— Você não tem que se preocupar com isso agora — brigou comigo, franzindo o cenho. — Ainda tem que se recuperar. E quando isso acontecer, poderemos ir para casa.
— A casa pegou fogo. Temos que...
— Estou dizendo que... — Ela me olhou, talvez pensando se dizia ou não o que se passava na sua cabeça. — Foi bom viver aqui por todo esse tempo, mas esse lugar me traz péssimas lembranças. Não foi justo eu te pedir que deixasse a sua família ou sua vida para ficar conosco.
— Teria feito qualquer coisa para as ter de volta. Eu amo você, Giulia.
Jamais me cansaria de repetir isso. Nunca tive tanta certeza na minha vida. Eu a amava e amava a minha filha.
— Eu também te amo, Dante. — Sorriu, orgulhosa do que falou. — Por isso devemos voltar para casa. Drakoy é nossa casa, é onde sua família está. Eles não são tão ruins quanto imaginei.
Ri do que ela disse, já que mal os conhecia.
— Pode mudar de ideia no futuro.
— Não importa. — Riu. — Eu não tenho mais ninguém, só você, e eles são a sua única família.
— Você também é. E quando nos casarmos, nossa família só ficará maior.
— Por isso devemos voltar. Lá estaremos em família.
Não tinha como eu ficar mais feliz. Minha vida sempre foi uma sombra dos meus irmãos. Quando meu pai era vivo, nunca tive o amor de ninguém além de Paola, e, mesmo assim, ela era punida por isso. No entanto, eu já tinha uma mulher linda que me amava e uma filha que mais parecia um anjinho.
Giulia me abraçou antes de me beijar. Eu estava com saudade de sentir seus lábios quentes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A filha rejeitada do mafioso
ChickLitsegundo livro da duologia: Irmãos Mitolli livro 1: o bebê herdeiro da máfia Ele se apaixonou pela filha prometida do capo e a largou grávida por conta de uma promessa. Dante era o mais velho dos irmãos Mitolli. Era ele quem coordenava e comandava os...