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Giulia

O que foi toda aquela história que saiu da boca idiota daquele imbecil?

Como assim ele vai ficar? Ele nos escolheu?

Quem Dante Mitolli pensa que é? O que ele quer de mim? Enlouquecer-me?

Tudo que eu mais queria era viver em paz, odiando o homem que eu já havia amado e ainda amava, só que estava difícil. A cada dia, mais eu caía na sua armadilha.

Eu já tinha acreditado nele, já tinha me entregado e dado tudo de mim. Então ele, simplesmente, confessou que errou e esperava que eu o perdoasse facilmente?

Não era que eu não pudesse perdoá-lo, a questão era que eu não deveria... Não deveria perdoar a pessoa que ainda mexia comigo, que me magoou e me largou com aquele monstro do meu pai, com uma filha sua na barriga.

Vivi um inferno sem Dante. Foram muitas noites mal dormidas, chorando e rezando para não ser descoberta. Eu teria morrido se não tivesse me levantado todos os dias desde a sua partida e fugido do meu pai.

Eu sabia que o homem estava se dedicando. Na verdade, eu achava que ele queria compensar a sua falta, e isso era até benéfico, porém meu coração idiota não pensava por esse lado. Ele me dizia que eu deveria olhá-lo com menos ódio, que deveria parar de me fazer de difícil e me jogar novamente naqueles braços fortes e perigosos do homem mais sombrio que eu conhecia.

Dante Mitolli não era uma pessoa amorosa com todo mundo. Ele nunca admitia seus erros, não dizia que errou. Então, depois de duas semanas longe, voltou e me fez aquelas promessas. Promessas nas quais eu queria acreditar, como uma tola.

— Seu pai ainda me mata — falei quase sussurrando, andando de um lado para o outro no quarto onde dormia.

Depois que voltamos, eu não soube o que dizer, o que fazer, só corri e me escondi no cômodo, como uma covarde.

— Sabia que ele já me enganou?

A menina nem estava se importando com o meu drama. No berço que eu havia mudado de quarto para a manter mais perto de mim, ela brincava com uma pelúcia ou se limitava a morder os dedinhos e rir de mim.

— É, eu seria uma palhaça, uma idiota, se voltasse a me sentir tocada por ele. E sabe o que é pior? — Parei ao notar o que já era óbvio. — Eu me sinto assim. Quero tanto deixar essa merda de lado e ver como teria sido se ele não tivesse ido embora, que me dá nos nervos.

Batidas na porta me deixaram com o coração na boca.

Será que ele me ouviu?

Fui até a porta e a abri apenas o mínimo para ver quem estava ao lado de fora.

— Algum problema? — Era Dante. Ele me fitou com aqueles olhos escuros estreitos, que quase me calaram por completo.

— Não há problema algum — respondi como se não estivesse pondo tudo em perspectivas e duvidando de mim mesma. — Por quê? Algum problema?

— Não. Mas o jantar está pronto e penso que posso ficar com Nina se quiser um tempo para si. — Ele voltou a ser o cara com o sorriso que não me convencia em nada da sua mudança.

Olhando-o dos pés à cabeça, notei que ele já não estava com seu terno casual, que era a sua marca registrada. As roupas despojadas lhe caíam bem, os cabelos molhados o deixaram charmoso e a loção pós-barba era boa. Lembrava-me dos velhos tempos.

— Talvez um banho — concordei, notando que fiz papel de idiota avaliando-o descaradamente.

Ele riu ao saber disso.

A filha rejeitada do mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora