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Giulia

O que fazer quando o homem que você ama diz tudo aquilo que você queria ouvi-lo dizer?

Merda! Dante cortou a minha conexão com a realidade. Ele sempre me colocava nessas situações; sempre queria dominar meus pensamentos, meu corpo e escrever o rumo da história. E o pior era eu fingir que não queria isso. A verdade era que eu não conseguia fechar os olhos sem pensar nele, no que estava fazendo, no que estava pensando e com quem estava.

Toda vez que ele estava perto de mim, eu sentia que o mundo parava e que a gravidade mudava, sempre me puxando e me levando até ele. Eu queria ser mais forte e não ter me derretido ao ouvi-lo dizer aquelas palavras. Só queria não me sentir uma fraude ao desejar jogar tudo para o ar e correr até ele.

O quarto escuro e o silêncio de Nina dormindo no berço não eram acolhedores o bastante para me fazerem dormir. Minha mente traidora não parava de pensar em Dante e no quarto ao lado. Ele era o meu amor, isso eu não podia negar.

Irritada comigo mesma, levantei-me da cama, evitando fazer o mínimo de barulho possível, acendi a tela do celular para não acordar a minha filha com a luz do abajur e me guiei até fora do quarto. Olhei para dentro dele, certificando-me de que Nina estava bem e dormindo, antes de ir à cozinha pegar uma água. Eu pedia à minha consciência que, ao fazer isso, eu pudesse, enfim, fechar os olhos e dormir.

Com os pés descalços, caminhei até a escada e tive o cuidado de descer segurando no corrimão. A casa estava escura, sendo iluminada apenas por algumas brechas das cortinas, que estavam fechadas.

Acendi uma lâmpada, peguei o copo e a garrafa de vidro que estava dentro da geladeira, botei a água até a metade do recipiente e depois a bebi. Sentindo um calafrio percorrer meu corpo, fechei os olhos e vi o maldito em meus pensamentos. Não importava o quanto Dante tinha me machucado, ele era tudo que eu mais queria.

— Não consegue dormir? — A voz grave e fria, não muito longe de mim, quase me fez derrubar o copo da mão.

— Deus! Você quer me matar de susto? — reclamei, pondo a mão no peito, depois que me certifiquei de que o copo estava a salvo na ilha da cozinha. — O que está fazendo no escuro?

— Esperando que algo possa me fazer dormir.

Eu não tinha ideia de onde ele estava, entretanto sabia que o sorriso convencido estava em seu belo rosto.

— Hum.

Sabe quando você sente aquele frio dentro do peito ao estar prestes a ser empurrado de algum lugar alto? Era sempre assim com ele. O frio se intensificou quando senti sua respiração no meu pescoço e seu corpo atrás do meu, encaixando-se perfeitamente nele. Sua pele na minha deixava um rastro de fogo que começou a me aquecer, quase me fazendo esquecer da realidade.

— O que está fazendo? — consegui reunir as palavras.

Dante não disse nada, apenas continuou, beijando o meu pescoço de leve e descendo cada vez mais. Suas enormes mãos não chegavam a me prender, pois seu toque era suave, sensível e delicado. Ele não precisava de muito para me fazer enlouquecer. Esse era o meu medo.

— Dante, eu ainda não decidi.

Não importava quantas vezes eu pensasse em um "não", meu corpo gritava "sim". Joguei a cabeça para o seu ombro enquanto ele continuava beijando o meu corpo.

— Você me quer, Giulia. — Sua voz me fez perder a postura de novo. — Eu sei que sim.

— Você não é confiável.

— Eu sei, mas vou ser só seu. Só me diga que me quer — pediu.

— Eu quero você, Dante.

Ele me torturaria só para ter o que queria. Reuni forças para sair minimamente do seu controle e ficar frente a frente com ele. Péssima ideia. Seus olhos castanho-escuros me engoliam como um buraco negro.

A filha rejeitada do mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora