28. Slander Man

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Histórias de terror normalmente começam como a minha, uma família comum se mudando para uma casa antiga depois de uma tragédia

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Histórias de terror normalmente começam como a minha, uma família comum se mudando para uma casa antiga depois de uma tragédia.

A casa era linda e ficava rodeada por uma floresta, os quintais largos deixavam a casa mais afastadas, o que dava muita privacidade. Coisa que aprendi a valorizar depois de ter minha antiga casa rodeada de pessoas e repórteres.

O único problema era o tamanho da casa, dois andares com cômodos grandes, garagem na frente, porão, sótão e ainda um quintal grande na parte de trás, cercado apenas por uma cerca de madeira branca e baixa.

Mesmo depois de desembalar tudo a casa parecia incompleta, com vários cômodos vazios que eu ainda tinha que limpar. No dia em que começou, eu já havia limpado tudo e preparado o jantar, o Sol estava se pondo e um vento gelado atingia o quintal onde Kate fazia uma festa do chá com suas bonecas, saí para chamá-la e me surpreendi com a menina de seis anos sentada em frente a cerca e falando sozinha.

- Kate? – me aproximei colocando a mão em seu ombro – o que está fazendo?

- Falando com meu novo amigo.

Não achei aquilo estranho, nunca aconteceu comigo, mas crianças solitárias costumam criar amigos imaginários. Me abaixei e pude jurar que vi algo escuro passando pelas frestas da madeira, me assustei e levantei ficando nas pontas dos pés, olhei por toda a extensão do da cerca e na floresta, sem ver nada.

- Tá, diz tchau para ele e vamos entrar.

- Ele pode jantar com a gente, Lisa?

- Melhor não, entra.

Me convenci de que foi minha imaginação, mas nos dias seguintes isso voltou a se repetir, Kate passava muito tempo falando sozinha perto da cerca, eu não sabia explicar aquilo, apenas tinha um pressentimento ruim então a proibi de ir ao quintal, Kate ficou brava, disse que eu era a pior irmã do mundo e que queria a mamãe de volta.

- É, eu também, mas ela não está aqui, está? Ela abandonou a gente – gritei de volta – então tem que se contentar comigo.

- Eu te odeio e odeio morar aqui – ela bateu a porta do quarto com força.

Eu estava tão furiosa que não tentei explicar, deixei que ela ficasse no quarto o resto da tarde e não me importei quando a chamei para jantar e ela não veio, fui para a cama mais cedo e acabei dormindo.

Acordei de madrugada com a boca seca e desci para pegar um copo d'água, parei enfrente a pia dando um grande gole e quando voltei minha cabeça percebi algo além da cerca entre as árvores, não conseguia ver bem, parecia a forma de um homem, alto e magro, roupas pretas e a cabeça sendo uma bola branca.

Os olhos enganam, mas quanto mais que eu olhava, mais parecia uma pessoa, fui para a porta e a tranquei, voltei para a janela e agora o homem estava mais perto da cerca e havia saído do meio das árvores, embora galhos grandes e compridos saíssem de trás dele, ou pareciam galhos, fiquei encarando por algum tempo sem saber o que fazer, tentando me lembrar se havia trancado a porta da frente.

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