Alguns copos de Iced, um mangá e um bilhete

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Após tomar meus dois copos de Iced Americano retornei ao meu quarto, queria continuar lendo o restante do mangá. Me sentei na poltrona branca que tinha no quarto e liguei o abajur cinza que tinha sobre uma pequena mesa de canto, continuei lendo o mangá de onde parei, conforme ia me aproximando do final me sentia ainda mais conectado com a história e a ansiedade pelo desfecho me deixava inquieto.

Faltando apenas mais três páginas interrompo minha leitura ao ver um pequeno papel caindo no chão assim que viro a folha. Olho para o mangá por alguns segundos e depois para o papel amarelado sob o carpete, me levanto da poltrona e me abaixo apanhando o papel no chão.

"Se um dia se sentir sozinho ... leia esse mangá e lembre de mim"

Um sorriso surge em meus lábios e balanço a cabeça olhando para o pequeno bilhete em minha mão, viro o papel e fico alguns segundos o analisando.

"Com amor e carinho de alguém que também sabe como é se sentir diferente do que um dia foi.
Beijos Loligaxx"


Mordo o lábio e seguro o bilhete firmemente, volto a me sentar na poltrona e termino de ler o mangá, estava chorando e nem sequer sabia o motivo, guardo o bilhete e fico analisando a última página; a história fala sobre como eu era antes e depois de me tornar um Idol, mostrando um mundo diferente, com visões de futuro diferentes, onde no fim eu tinha que escolher entre manter a rotina monótona ou arriscar em algo novo e emocionante. Acredito que o Yoongi dessa história seja mais corajoso do que eu.

Dou um sorriso sem graça e fico olhando o mangá em minhas mãos enquanto me pego preso novamente em meus devaneios; mas dessa vez estava pensando em quem criou essa história, em quem me mandou, pois essa pessoa conseguiu enxergar além de mim, conseguiu ver algo que não vejo a muito tempo e me fez sentir coisas que a muito tempo não sentia com nada.

Seria loucura pesquisar sobre ela?

Eu ansiava em saber sobre essa pessoa. Pois ela sabia tanto sobre mim e eu não fazia nem ideia de como ela era ...

"Alguém que também sabe como é se sentir diferente do que um dia foi."

O que eu estava fazendo? a insônia deve ter começado a me deixar louco, estava preso em devaneios melancólicos, resolvi ler um mangá com o objetivo de passar o tempo lendo algumas páginas e agora estou me pegando pensando em alguém que nem conheço.

Passeio meus olhos pelo quarto e resolvo tentar me distrair com o restante dos presentes das outras armys mas ao me sentar na beira da cama e remexer um pouco a caixa, encontro uma carta com a assinatura dela, meu coração acelera errando algumas vezes a batida.

"Com amor e carinho Loligaxx"

Minhas mãos ficam imóveis, hesitantes em pegar a carta, mas minha curiosidade era muito maior do que qualquer coisa, precisava saber o que ela havia escrito.

"Min Yoongi, eu sei que a cultura em que nascemos determina muitas coisas ao nosso respeito. Mas por favor se lembre que não estamos algemados à maneira como nosso povo acha que devemos seguir e levar nossa vida. Eles nem sempre vão ter razão, nossa cultura nem sempre vai estar certa. Você não precisa mudar quem você é, você não precisa se isolar, você não precisa ficar sozinho."

Fiquei encarando a carta que estava em minhas mãos totalmente estático. Era surreal a maneira que ela parecia me conhecer. Como ela poderia me conhecer tão bem se nem eu me reconheço mais? Como era possível?

Terminei de ler o restante da carta e a apertei com força em minhas mãos, passeei meus olhos por toda a extensão do quarto e respirei fundo fechando meus olhos. Senti um vento frio percorrer meu corpo mas ainda sim a solidão que estava sentindo conseguia ser ainda mais gelada, sentia como se estivesse em meio a uma nevasca usando roupas de verão.

Eu queria conversar com alguém; mas não com os meus amigos ou com minha família, eu queria falar com ela.

O arroba na assinatura da carta era o mesmo que o do bilhete. Eu sei que não posso chamá-la, sei que seria arriscado demais, seria uma loucura, um só print da vazado da conversa poderia destruir todos os anos de sacrifícios e de trabalho duro seriam enterrados a sete palmos do chão pelo escândalo. Eu não posso chamá-la.

Balanço a cabeça várias vezes tentando tirar essa ideia insana e maluca da cabeça. Não posso chamar ela. Mas poderia apenas olhar, não é?

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