~Depois do Anoitecer

CAPÍTULO DEZ

—Malessa—

— Faz menos de 9 horas que vocês dois voltaram, e já estamos fodidos!

     — Cala a boca. — Astéria e Kamari disseram em uníssono.

     Kenai deu de ombros para as duas, andando de um lado para o outro.

Tinha esquecido do quanto ele ficava inquieto quando se tratava de problemas envolvendo a gente e os Reais. Ele simplesmente ficava impaciente, deixando todos ao redor ansiosos. Mas eu estava numa maré de calma hoje, então nem Kenai e seus episódios perturbadores de surtos nervosos vão tirar meu raro equilíbrio momentâneo.

     — A culpa não é deles, sabe disso. — Ast diz, sentada na beirada da mesa de Argos, e Zander estava na única cadeira da mesa, atrás da loira.

     Argos e Asena ainda estavam em reunião com os Reais, provavelmente ouvirão desaforo da parte de Drogo até saírem. Eu, Zand, os irmãos Lowell e Astéria, aguardamos os dois líderes na sala de Argos. Os outros Caçadores do prédio já estão sabendo do mal entendido, e da festa para apaziguar as famílias que se sentiram atacadas com o que eu fiz e disse ontem. Idiotas molengas.

     Apesar das reclamações por causa dos Caçadores aqui no prédio, a maioria de nós está espalhada pelos Complexos do Continente, e os que estão em Nêmesis, são poucos. Todos com seus afazeres. Mas mesmo tão ocupados, já sabem de tudo, e também esperam pelo o que vai acontecer quando Argos e Asena saírem daquela sala.

     — Que seja! O Real mais filho da puta está levitando de tanta raiva. — se Kenai continuar assim, vai acabar afundando o piso onde está caminhando feito um maluco ansioso. — Sabem que ele é louco. O que vocês acham que ele fará com a gente agora?

     — Está com medo de perder a cama confortável e as putinhas noturnas, Kenai? — Zand ronrona, se divertindo com a imagem do homem prestes a enlouquecer. — Não se preocupe, meu amigo. Pode conseguir as duas coisas sem Drogo, então não precisa surtar.

     Kenai finalmente para de andar, e o encara com raiva.

     — Acha que isso é brincadeira, Zander? Se ele fizer a cabeça de Valerya, vão nos expulsar de Gaïus, ou pior, podem até matar todos nós. As matilhas que trouxemos, os Novatos, os Caçadores, os vampiros, mesmo que poucos, e até as fadas, e olha que elas são as preferidas.

     — Dá para se acalmar, porra? — falo de onde estou sentada na poltrona do lado da janela. — Valerya nunca permitiria que Drogo mudasse seus princípios, e ela com certeza não vai nos expulsar ou matar.

     — Até parece que você não conhece nossa Real... — Kam me ajuda, encostada na parede oposta perto da porta. — Ela é quem manda neste país. Ela é a favor da união entre espécies, não Drogo.

     — E vocês são Caçadores... Pelas tetas murchas da Anciã, para de ser chorão! — Astéria revira os olhos para Kenai.

     Abafei um risinho pela forma como Ast xingou, mencionando uma das deusas da crença das bruxas — de sua crença — enquanto tentava não perder a pouca paciência com Kenai.

Ela era uma dos Novatos e, muito provavelmente, estava sentindo vergonha pelo Caçador, que tenta mais uma vez projetar suas preocupações.

     — Mas e se...

     — Se o desgraçado vier para cima, vamos fazer o que fazemos de melhor. — Zand tira as palavras da minha boca e Kenai paralisa.

     — Matariam um Real? — ele pergunta de maneira tensa.