Capítulo 4: O primeiro incidente

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Uma semana havia se passado desde a chegada do Príncipe dragão ao feudo de Arshaffa, e neste tempo, felizmente, não houveram ocorridos que chamasse sua atenção. O clima tinha se mantido estável e agradável, e os civis mantiveram suas rotinas de sempre. 

A única coisa que era diferente, era o medo  na expressão dos aldeões, que nunca tinham visto um descendente de dragão da linha de sucessão real.

Como o período de colheita estava para vir, todos se preparavam fisicamente para o tal evento, organizando os armazéns, preparando os animais, e recrutando pessoas. Alguns que estavam mais ansiosos, já pensaram nas sementes que precisavam comprar para a próxima semeadura, e nos materiais de adubo. 

Os produtos de plantio eram a cevada, de onde faziam o trigo e a cerveja, mas também plantavam o linho, para tecidos, algumas frutas e legumes. Porém, o principal produto, que era tão procurado, sendo até comprado pelos feudos vizinhos, era a cerveja.

Por isso, sempre após a colheita, acontecia um grande festival agradecendo pela fartura, onde a cerveja era o atrativo principal. Com bebida se faz diversas batidas diferentes que atraem turistas de outros lugares. 

Alguns espetáculos também eram organizados, assim como barraquinhas de mercadores, e por isso, todos começavam a perceber as mudanças nos ânimos das pessoas, que começavam a entrar no espírito da festa. 

— Mal posso esperar pra encher a cara! — Exclamou Aurora enquanto tomava café da manhã.

Devorava um pedaço de pão, segurando-o em uma mão, e com a outra, pegava uma colherada de sopa.

— Olha como fala menina! Isso lá é modos! — Repreendeu Ama que se sentava ao lado. 

— Ah, me desculpe, quis dizer: mal posso esperar pelo belo divertimento que teremos na época festiva que se aproxima. — Disse a jovem fazendo um biquinho de pato enquanto falava. Porém ao fazer isso, estava com a boca cheia de migalhas.

— Aurora, como tu é abusada! Acho que faltou umas palmadas pra aprender! Não acha Sem? — Perguntou ao homem que estava na janela se preparando para pegar na enxada.

— Não, não, ela sempre foi assim, é o jeitinho dela. — Respondeu em tom carinhoso. 

Ama se deu por vencida, pois logo se lembrou de como era aquela garota quando criança: fazia o que bem entendia da vida. Claro que quando crescesse seria do mesmo jeito.

— Você devia ajudar o Sem na colheita, e não só ficar pensando em festa.

— Ah não! Ajudar de novo? Eu ajudei na última colheita também!

— Sim, e sobreviveu não foi? Então vai ajudar de novo!

— Tá bom… — Respondeu ela já indo pegar seus trajes para trabalho em seu quarto.

— E sem magia! — Exclamou a Ama firme. 

— O que?! Sem magia?! 

Subiu batendo os pés em cada degrau. Depois, Aurora soltou uns gritos e grunhidos do andar de cima enquanto se vestia. Não queria ter que fazer aquela tarefa chata, mas ao mesmo tempo, saberia o que aconteceria se fosse contra a vontade de Ama. Na única vez que ela desobedeceu a mulher, ficou fazendo bordados em uma toalha branca de mesa por 3 dias seguidos. 

Para ela, bordar era a coisa mais chata do universo, porque era muito difícil ficar o dia inteiro parada no mesmo lugar, e ela não tinha jeito para trabalhos manuais delicados. Ela é mais um ogro, conforme as palavras de Ama.

Por isso, quando desceu e viu a tal toalha estendida sob a mesa, entendeu o aviso, e foi silenciosamente para o campo com Sem. Ele já estava lá, preparando o armazém para receber os grãos, e ela prontamente pegou um vassourão e começou a limpar também. 

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora