Capítulo 13: Andando pelo castelo

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No dia seguinte, Aurora despertou com o som dos ratos andando nas madeiras do telhado, o que a fazia se lembrar de Lise, sua mãe, pois no quarto em que as duas dormiam, os ratos também funcionavam como despertadores. Ao seu lado, a cama pendia com o peso do corpo de Ama, que dormia com seu sonoro roncar. Sentou-se e viu que a cama de Joah estava intocada.

— Ele nem deve ter dormido...

Ao lado, percebeu um carrinho de metal, onde as criadas levam as refeições dos nobres, repleto de alimentos. Sua estrutura contava com dois andares, e neles haviam pães, sucos e frutas. Pensou que aquilo era obra de Joah, como um pedido de desculpa dele, e logo mandou para sua boca algumas daquelas guloseimas, sem frescura nenhuma.

Todavia, como já era esperado, alguém bateu em sua janela.

Foi até lá, e viu uma criança de cabelos acinzentados, acompanhada por mais 8 crianças, todas imundas e usando poucas roupas. Os meninos, trajavam apenas shorts, e as meninas, um roupão. Abriu a janela e se apoiou no beiral da mesma.

— Sam, você trouxe seus amigos hoje também? — Perguntou ela mordendo um pão que segurava.

— A gente não quer incomodar não... mas acontece que a gente não o que comer... — Falou o menino de cabelos cinza,

— Sam, nem precisa explicar, só espera um pouco.

A jovem sumiu por um tempo, e depois retornou trazendo quase todos os alimentos que estavam no carrinho e entregou às crianças. Mortas de fome como estavam, nem agradeceram o que recebiam, e apenas colocavam em sua boca o conteúdo que segundos depois sumia.

— Muito obrigada senhorita. — Agradeceu Sam, que parecia ser o responsável pelo grupo.

— Que isso, pode sempre me procurar.

Aquele grupo de crianças começou a vir depois que Aurora deu um pedaço de pão à Sam. Todos eram filhos de servas do castelo, e a situação deles era muito semelhante à de sua própria infância, o que a impulsionava a ajudar.

Todos vivam escondidos comendo as sobras do que suas mães traziam para casa, porque infelizmente não era comum que as servas ficassem felizes de terem filhos, e assim, os maltratavam.

O grupo já tinha comido, e agora se despedia para ir, quando chamou a atenção dela perceber que uma criança de colo, que tinha vindo no dia anterior, não estava ali.

— Hei Sam, o que aconteceu com a pequena? — Perguntou antes que ele se afastasse de mais.

— Tá doente.

— O que ela tem?

— Não sei... minha mãe disse que é uma doença que veio por conta do texugo.

—Texugo? Quê texugo?

— Você não ficou sabendo? Há três dias, um texugo apareceu no castelo. Ele se embrenhou por várias salas, parecendo procurar algo. Agora tem um monte de gente doente.

A estranha situação chamou sua atenção, pois todos sabiam que nem os animais, e nem os seres não humanos se aproximavam, de livre e espontânea vontade, do castelo. Isso porque era um ato suicida fazer aquilo. Porém, Aurora não deu atenção ao animal, e sim ao fato de que as pessoas estavam adoecendo no castelo. Joah não tinha lhe contado nada, provavelmente porque sabia que ela iria se meter na situação.

E foi justamente isso que ela fez.

Trocou de roupa rapidamente, sem se importar de colocar espartilho, e saiu pela janela junto com as crianças.

— Me leva até a menina Sam.

O menino, que tinha criado grande confiança nela, não perguntou o porquê daquilo, apenas guiou o caminho. Passaram rápido pelas pessoas do castelo, e alguns trabalhadores ficaram intrigados ao verem sua figura, se perguntando se alguma princesa tinha se perdido na ala de serventes.

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora