Capítulo 3: os viajantes

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Era quase meia noite, quando Lise chegou ao lugar onde o ocorrido havia gerado caos, ela logo percebeu que a alguns metros de distância, um acidente havia acontecido. Uma carruagem de algum nobre estava parada e com as rodas marcadas por sangue.

E, a alguns metros de distância dela, um homem estava caído no chão. Algumas pessoas já se aglomeravam ao redor para ajudar a vítima. Porém a gravidade da ferida em sua perna, indicava que talvez ele não sobrevivesse, e quando a Condessa percebeu isso, ficou agradecida por ele estar desacordado.

A carruagem que causara aquele problema, estava de portas fechadas, e só o cocheiro tentava apaziguar e resolver a situação. Como tinha um símbolo real entalhado em seu exterior, e diversos adornos de metal, ela logo soube que se tratava de alguém importante. Por isso, antes de bater na porta do veículo, se ajeitou da melhor forma que podia, colocando suas roupas no lugar.

Depois deu três batidas, e prontamente a porta se abriu.

— Olá, boa noite, eu gostaria de avisar os senhores que houve um acidente aqui. — Disse a Condessa tentando manter a calma.

O homem com quem falava, trajava roupas negras com um modelo diferente dos que eram usados pela realeza local, indicando que eram estrangeiros. Ele tinha o cabelo negro, a pele clara e os olhos de um tom de vermelho escuro. Ela logo notou que ele não tinha um braço, mas fingiu não ter visto, pois não queria ser rude.

Além disso, era incrivelmente belo, e estava acompanhado de um jovem que fingiu estar dormindo no banco.

— Boa noite. — Respondeu sorrindo de uma forma amigável.— Me desculpe por isso, estávamos com pressa, e creio que nosso cocheiro acabou dormindo de cansaço devido a duração da viagem.

— Entendo... vocês estão viajando a muito tempo? De onde vieram?

O sorriso amigável no rosto do homem se desvanece, e ela sentiu um frio na espinha ao olhá-lo diretamente. Não deveria ter perguntado de onde eles vinham, ou qual o motivo da viagem, havia algo secreto ali. Percebendo isso, mudou de assunto o mais rápido que pode:

— Vocês não querem passar a noite aqui? Temos ótimas acomodações no castelo.

Isso fez o estranho voltar a sorrir, e ele acenou com a cabeça de forma vagarosa.

— Quanto vai custar? — Perguntou ele.

Lise sabia que ambos eram da realeza de algum outro país, e estavam ali para assuntos que poderiam ou levar à guerra, ou à paz. Ela não tinha relação com tais assuntos, mas sabia que uma atitude errada poderia resultar em algo inesperado, por isso apenas sorriu de forma cortês dizendo:

— Não se preocupem com isso, apenas fiquem à vontade. O meu mordomo, Sr Sheng vai ajudar seu cocheiro a chegar no castelo.

— Amanhã cedo partimos... — Respondeu fechando a porta.

— Certo. — Foi tudo que ela pode dizer, e depois fez uma profunda reverência, que logo foi copiada por todos os cidadãos que estavam ali. Isso acalmou a situação, e permitiu um fim pacífico.

Assim que a carruagem começou a se dirigir aos portões do castelo, a Condessa correu para atender a vítima do acidente. Queria ter visto o pobre homem mais cedo, mas não ousou se mover um centímetro sequer, para não ofender as pessoas da carruagem. Ela odiava aquelas situações.

Odiava ter que dar mais atenção à alguém que era nobre só porque tinha um título, deixando os outros, que assim como ela, tinham raízes simples. Mas esse era o seu dever como Condessa, era proteger seu povo, pois caso um desses nobres se sentisse injustiçado, seria o fim para diversos plebeus, e não só aquele que tinha sido atropelado pela carruagem.

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora