Capítulo 9: O desfecho inesperado

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Uma mulher jovem de longos cabelos brancos olhava a cena à distância. Usava um delicado vestido branco de tecido leve, que se movia em ondas ao andar e cintilava na luz, emitindo um reflexo furta-cor. Seu olhar, verde como a natureza, se apoiava em cada figura presente na situação, analisando-a, e causando um arrepio. Suas pupilas eram negras e profundas, e tinham um formato retangular.

Ela ficou um instante imóvel, sem saber o que fazer com aqueles intrusos, mas assim que viu o estado da árvore, que havia ficado com um enorme buraco em sua casca, foi correndo até ela. Sua feição se tornou de desespero.

 Sem e Joah, resolveram se levantar e levar o corpo de Aurora dali.

— O que vocês fizeram? O QUE VOCÊS FIZERAM?!— Gritou em fúria.

Vendo que escapavam, a mulher foi atrás deles, deslizando na grama sem mover seus pés, e sem emitir som algum. Com velocidade, logo alcançou os dois, e passou a puxar Aurora pelos pés.

— Devolvam ela! Devolvam! — Gritou quase conseguindo arrancá-la.

— Solte-a você! VOCÊ A MATOU! — Falou Joah aos prantos, sua voz embargada, mal conseguia emitir palavras, já que o sentimento de angústia formava um nó em sua garganta.

Com força, Sem conseguiu empurrar aquela estranha pessoa para longe, fazendo-a cair no chão. O lugar em que as mãos do homem a tocaram, formaram negras marcas que soltavam uma estranha fumaça. Ela tentava tirar a fumaça de si o mais rápido possível.

Porém logo gritou e se contorceu no chão de dor, e sua voz fez toda a floresta estremecer e se achegar ao seu redor, tentando acolhê-la.

— Vocês trouxeram um amaldiçoado?! — Falou se referindo à Sem. Ela estava indignada.

Eles aproveitaram o momento para continuar a escapada, se levantando rápido e seguindo caminho. Porém a vegetação parecia viva e bloqueia o caminho, com galhos que se moviam em suas faces, raízes que puxavam seus pés e flores que expeliram seu pólen. Assim, os dois andavam com dificuldade, ganhando arranhões e espinhos enterrados em seus corpos.

Joah não viu uma das raízes que se movia, e caiu no chão, fazendo Sem e Aurora caírem também.

— Me devolvam Aurora! Ela não merece viver em sofrimento entre os humanos!

"Como ela sabe o nome de Aurora? Ela a conhece?" Pensou Joah, que só assim, percebeu quem era aquela mulher.

— Dáffine? — Perguntou o jovem loiro.

Joah não tinha certeza de se aquela pessoa era realmente a ninfa com quem Aurora sempre andava, pois ela estava diferente. Sua feição, antes infantil, tinha se tornado séria e adulta. Estava pálida, e seus cabelos haviam perdido o brilho e a cor. 

Todavia, ala estremeceu ao ouvir o nome, que somente os lábios de Aurora estavam acostumados a chamar, deixando claro que de fato era ela. Mas a ninfa não se abateu, e também não se explicou, apenas voltou a tentar puxar o corpo para si.

Suas unhas longas se enterravam nas pernas de Aurora, e faziam pequenas flores brotarem na pele da mesma.

— Ela pertence à floresta! Ela é nossa!

— Solta! Ela é humana! — Gritou Sem empurrando-a novamente.

E dessa vez, Dáffine caiu no chão, e chamas negras se formaram em seu corpo enquanto a mesma gritava de dor.

— Seu amaldiçoado! Como ousa tocar em mim! AAAA!

Joah não entendeu porque o toque de Sem fazia aquilo, mas não esperou para descobrir, e os dois saíram dali com Aurora sendo carregada. Arrastaram-na por toda a floresta, onde todas as criaturas vivas protestavam contra eles.

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora