Capítulo 12: Filhos

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O tecido caro que cobria sua pele, tornava-se úmido e pegajoso a cada minuto que passava. O sol não estava forte, mas o calor que sentia era insuportável, e fazia cada parte de si, arrepender-se das escolhas que havia feito. A figura de seu pai à sua frente parecia diferente da que ele estava acostumado a ver, tinha energia e bom humor. A situação parecia rejuvenesce-lo alguns anos.

A espada de madeira na mão soltava pequenas farpas que adentravam sua palma, mas ele fingia não perceber, se encaminhando rapidamente para o próximo golpe. Como previsto seu adversário tenta bloquear, mas ele desvia e passa por baixo da espada derrapando no chão. Prontamente, ainda agachado, o ataca pelas costas com um rápido corte, mas o outro pula no ar evitando o ataque.

O suor pinga de sua testa molhando o chão, e ele segura o punho de sua espada de treino com força, se preparando. Em um impulso inesperado, voa para cima do oponente colocando seus pés em seu peito, e fazendo-o cair de costas no chão. Um ataque formidável, mas que o deixa indefeso ao expor-se muito, e assim que nota a espada inimiga vindo em direção de seu torso, ele recua com um grande salto para trás.

— Você é muito afobado Perseu. Se fosse uma luta de verdade, já teria morrido.

— Pai, se fosse uma luta de verdade eu teria te queimado e nem precisaria desses truques todos.

— Sem magia por hoje, sua mana está em desequilíbrio com seu corpo, já falamos sobre isso. — Falou Gael sério. — Mas qual é, vai perder pra um velho de um braço só?

O tom provocativo fez o filho ficar vermelho, já que era observado por alguns de seus súditos, que por curiosidade, se esgueiravam para a sala de treinamento buscando ver o real poder dos dragões. Os dois já treinavam a algumas horas, e isso por si só, já era incrível.

— Vamos, ataque novamente.

Sem delongas, Perseu começou outra série de ataques em cima de seu pai. O jovem dragão o golpeou diversas vezes, mas todas foram bloqueadas, então adotou outra estratégia, trocando a arma de mão. Era ambidestro, e por isso, conseguia lutar utilizando a espada empunhada em qualquer uma das mãos. Aquela mudança, fez Joah ficar boquiaberto ao perceber a destreza do rapaz mesmo usando a mão esquerda.

E sua ideia logo funcionou, pois Gael não tinha o braço esquerdo, e assim, deixava algumas aberturas em sua defesa. Todavia, o antigo General Dragão não recuou, protegeu seu espaço defendendo todos os ataques, demonstrando a luz de sua verdadeira força.

Nisso, ficou evidente para quem os assistia que a batalha não terminaria nunca, pois os dois possuíam o mesmo nível de destreza. No entanto, Perseu queria acabar com aquele show, e ir fazer seus afazeres do palácio, assim colocou toda sua força em uma última investida, que foi também bloqueada por Gael.

Os dois ficaram cara a cara, com as espadas cruzadas em um momento de tensão.

— Desista velhote! Você não pode aguentar para sempre.

— Temo dizer que posso aguentar por muito mais tempo do que você pensa.

Nenhum dos dois deu o braço a torcer, seus músculos tremiam do esforço que faziam para tentar desarmar um ao outro. E nisso, um fim inesperado aconteceu, ambas as armas de treino, feitas de madeira, começaram a rachar, e depois quebraram em vários pedaços que ricocheteiam em Perseu e Gael. As espadas não aguentaram a força e se desfizeram.

Era um empate.

As pessoas que assistiam a tudo, aplaudiram o show como se fosse uma bela exibição de poder, mas Perseu não gostou daquilo. Ele rapidamente pegou seus pertences e saiu do lugar. Joah pensou em segui-lo, mas Gael o impediu, pois queria discutir um assunto sério.

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora