Capítulo 6: Rebelião

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— Quem está aí?! — Disse Estéffano já apontando a espada para a porta.

Elizabeth, a Condessa, que já havia passado por muitas situações como aquela, pegou rapidamente a adaga que carregava em sua cintura, e se preparou para o pior. Esperou por anos para atingir seu objetivo de usurpar o poder de seu esposo, e não admitiria derrota tão facilmente.

Todas as mulheres reunidas naquele cômodo, incluindo Lise, se sentavam tensas, esperando que o pior tivesse acontecido: alguém havia ouvido seus planos, condenando todas por traição à realeza.

Então, lentamente a porta começou a se abrir.

No chão de madeira polida, a sombra de uma pequena silhueta apareceu, indicando que de fato havia alguém atrás da porta. Porém, o que viram não era o esperado, pois logo a pequena mão que segurava a maçaneta soltou-a e adentrou no recinto correndo.

— Mãe! Mãe! Você devia ver como o professor me elogiou hoje! — Falou o menino de cabelo de fogo indo diretamente para Lise.

— Meu filho, fico tão feliz em saber disso! — Respondeu já guardando a adaga, antes que a arma fosse notada.

Ela lhe deu um abraço enquanto tentava acalmar a si mesma. Sentia dificuldade para respirar.

— Mas mãe, o que você e as senhoras estão conversando aqui?

— Estamos falando sobre nossos filhos, só isso.

Calebe, que na verdade havia ouvido um pouco da conversa, ficou confuso com tudo aquilo, mas vendo o semblante cansado de sua mãe, não perguntou mais nada. Ele sabia que o assunto era algo que não deveria ser comentado, pois vira sua mãe empunhar a adaga.

— Então eu vou indo... — Disse a criança em tom triste.

Ele queria passar mais tempo com sua mãe, queria que ela brincasse com ele, e lhe desse atenção. Porém, sempre que a procurava, ela estava resolvendo problemas políticos, e vendo diversos papéis. Por isso, o menino desde cedo aprendeu a sorrir quando não estava feliz, pois assim, Lise não se preocupava com ele.

Calebe não queria dar mais trabalho a sua mãe.

Elizabeth, a Condessa, crescera sempre trabalhando, criou seus irmãos mantendo-os com o suor de seu próprio corpo, e por isso, não sabia ficar sem atividade alguma. Para ela, era natural que a criança achasse o que fazer enquanto ela trabalhava, pois até mesmo sua primeira filha, Aurora, era assim.

Deste modo, ao ver a pequena figura de Calebe saindo do cômodo de cabeça baixa, ela não imaginava a tamanha tristeza dele.

— Eu acho que vocês também podem ir, eu preciso descansar agora. — Pediu a Condessa para todas as concubinas ali presentes.

Sentia-se fina como um pedaço de papel prestes a se rasgar. Os anos vivendo naquele lugar, lhe impuseram muitas situações, e isso, tinha definhado seus nervos.

E tão logo, ela havia ficado sozinha no cômodo.

Passou pelo quarto, chegando ao seu cômodo privativo, que era dividido por um extenso corredor que ficava atrás da estante de livros. Lá, jogou-se em sua cama e ficou em silêncio por alguns instantes. Estava imóvel, e decidiu que assim ficaria o resto do dia.

Porém, antes que se desse conta, uma bandeja com biscoitos e chá chegava à sua frente. Era exatamente o que ela precisava para acalmar sua ansiedade.

— Obrigada. — Falou já colocando um dos biscoitos na boca.

— Você sabe que sempre pode conversar comigo, né?

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora